Operações, ok! Temos que ficar de olho no resultado financeiro!
Seguimos com recomendação de COMPRAR para Light. Apesar do EBITDA acima do consenso, nós temos uma leitura neutra em relação a esse resultado trimestral. Do ponto de vista da operação da distribuição (o ponto central da tese de turnaround da empresa), achamos o resultado marginalmente positivo, com a empresa apresentando ligeira melhoria na arrecadação, perdas não-técnicas e bom controle de custos gerenciáveis. Entretanto, como principal pontos de atenção, levantamos a performance do consumo na área de concessão ainda decepcionante e performance fraca no segmento de geração que acabou por “errar a mão” na alocação da sua capacidade de geração para o ano, resultado em um resultado fraco nesse trimestre. Como principais pontos de atenção, citamos o endividamento da empresa em um momento que o custo da dívida não deve dar trégua e em uma fase que investimentos na operação de distribuição seguem sendo necessários e continuam sendo expressivos – que deve passar por um alívio com os impactos positivos do resultado da revisão tarifária da empresa a partir de março/22. Vamos repetir uma frase que utilizamos em nosso report anterior: o case é baseado no turnaround de uma empresa em uma situação complexa em meio a um cenário adverso. Por se tratar de um case de turnaround, vamos seguir com a recomendação de compra para empresa – mas sempre de olho nas evoluções que a mesma tem que apresentar para seguirmos com a nossa recomendação.
Detalhamento dos Resultados 1T22
Queda no EBITDA na comparação ano/ano, mas acima do consenso. Em linhas gerais, a empresa apresentou pontos interessantes sob a ótica da operação – mas como de costume, com alguns pontos de atenção. Vamos tentar elencar os principais pontos de atenção, tanto sob o lado negativo da nossa tese quanto do lado positivo da tese de turnaround e que podem ser pontos importantes daqui por diante.
Pontos negativos do 1T22: Em nossa leitura, os principais pontos negativos desse resultado foram:
- Consumo de Energia na área de concessão da Light segue decepcionando. Volume faturado foi de 6,880 GWh no 1T22, uma queda de -2,7% em relação ao 1T22. Os segmentos residencial e industrial tiveram os resultados mais fracos, devido ao ainda fraco nível de emprego refletindo no consumo do cliente e desaceleração no consumo da indústria siderúrgica, respectivamente.
- Segmento de Geração. O EBITDA do segmento de geração foi de R$158,9 milhões (vs. R$189,9 milhões no 1T21). Tal performance aconteceu devido a estratégia da empresa de reduzir eventuais exposições ao mercado de curto prazo por esperar que o cenário hidrológico fosse ser tão ruim quanto foi ao longo de 2021 – entretanto, com a recente “virada de mão” do ponto de vista da hidrologia, a estratégia acabou não dando certo, fazendo com que a empresa acabasse por despachar sua energia excedente a preços menos interessantes do que aqueles previamente esperados.
- Endividamento. Dívida líquida da empresa alcançou R$8,1 bilhões, alcançando uma relação de 3,4x Dívida Líquida/EBITDA 12M – razoavelmente elevada. Entretanto, vale mencionar que os impactos da revisão tarifárias devem começar a ser sentidos na empresa a partir do próximo trimestre, o que deve trazer um alívio para a geração de caixa da empresa. Resultado financeiro alcançou -R$503 milhões (vs. -R$344 milhões no 1T21) devido ao maior estoque de dívida e maior CDI no 1T22.
- Prejuízo de R$106 milhões no 1T22. Apesar da evolução expressiva no EBITDA (+25,2% a/a), a empresa fechou o trimestre com prejuízo, principalmente devido a evolução das despesas financeiras.
Pontos Positivos no 1T22 (e por que eles são interessantes sob o ponto de vista de um turnaround)
- Distribuição. O EBITDA da distribuição foi de R$332,8 milhões (vs. R$197,6 milhões em 1T21). Como destaques positivos: perdas não-técnicas de 26,59% (vs 26,63% no 3T21 e 27,18% no 1T21) – pode parecer pouco, mas só o fato de ter parado de piorar somados aos investimentos nos novos medidores, ênfase no combate a perdas, maior arrecadação e tarifa maior são ingredientes interessantes para a performance da empresa nos trimestres seguintes (maiores informações sobre isso no vídeo ao final desse texto). Custos operacionais gerenciáveis também chamam a atenção do ponto de vista positivo, alcançando R$517 milhões (redução de R$30 milhões vs 1T21).
- Investimentos. Os investimentos alcançaram R$330,3 milhões (vs. R$215 milhões em 1T20), sendo R$268 milhões no negócio de distribuição (vs. R$177 milhões no 1T21). A empresa segue realizando troca de medidores por outros mais modernos, onde já podemos observar os resultados nas evolução das perdas e arrecadações.
- Perdas Estimadas com Créditos de Liquidação Duvidosa. Alcançou 2,9% em março/22, 0,1% menor e com arrecadação de 97,5% (+1,2% vs Março/21). Reflexo das ações comerciais da empresa e melhoria nos métodos de arrecadação da empresa (maiores detalhes, no nosso documento sobre o investors day da empresa – para maiores informações, clique aqui)
Para quem quiser conhecer com mais detalhes as operações da empresa, dê uma olhada no nosso novo episódio da