A semente está sendo plantada
Seguimos com recomendação de COMPRAR para Light. Como mencionamos no documento que elevamos o rating da empresa (“Estão deixando a gente sonhar” – link aqui) e no vídeo em que discutimos a tese de investimento da Light, a case da empresa é baseado no turnaround de uma empresa em uma situação complexa em meio a um cenário adverso (link para o video mais abaixo). Sendo assim, a despeito do resultado da revisão tarifária da empresa ter sido satisfatório (com reconhecimento de perdas maiores que o reconhecido no ciclo anterior, por exemplo) e seu invariável impacto positivo nas tarifas da empresa daqui por diante, os desafios permanecem relevantes. Vale mencionar que não tinhamos a esperança de que exatamente no trimestre seguinte a nossa alteração de recomendação a empresa já começasse a demonstrar melhoras operacionais – O que em nossa opinião foi o caso desse trimestre, ainda que de maneira tímida. Entretanto, apesar do momento ainda desafiador (principalmente no aspecto macro), já começamos a observar indícios interessantes para melhoria dos números da empresa para além do resultado tarifário derivado do resultado da revisão. Dito isso, seguimos com a recomendação de compra para empresa – mas sempre de olho nas evoluções que a empresa tem que apresentar para seguirmos com a nossa recomendação.
Detalhamento dos Resultados 4T21
Queda no EBITDA na comparação ano/ano, mas acima do consenso. Em linhas gerais, a empresa apresentou pontos interessantes sob a ótica da operação – mas como de costume, com alguns pontos de atenção. Vamos tentar elencar os principais pontos de atenção, tanto sob o lado negativo da nossa tese quanto do lado positivo da tese de turnaround e que podem ser pontos importantes daqui por diante.
Pontos negativos do 4T21: Em nossa leitura, os principais pontos negativos desse resultado foram:
- Consumo de Energia na área de concessão da Light. Volume faturado foi de 6,131 GWh no 4T21, uma queda de -7,9% em relação ao 4T20. Tal resultado foi derivado de uma temperatura média mais amena no 4T21 (23,7º C vs 25,4º C no 4T20), o que derrubou o consumo no segmento residencial de maneira expressiva (-13,9% a/a). Além disso, o segmento comercial também apresentou resultado decepcionante à medida que a recuperação econômica pós-pandemia aparenta ser mais desafiadora do que o esperado na região.
- Segmento de Geração. O EBITDA do segmento de geração foi de R$120,8 milhões, R$486 milhões inferior ao 4T20 devido a efeitos não recorrentes na base comparativa a/a. Excluindo todo esse impacto não-recorrente no 4T20, ainda assim o EBITDA do segmento de geração teria tido uma performance aquém do potencial devido o menor volume de energia comercializada no trimestre devido a sazonalização de contratos (quando a empresa prefere alocar as vendas de sua capacidade em outro trimestre por questões estratégicas).
- Endividamento. Dívida líquida da empresa alcançou R$7,3 bilhões, alcançando uma relação de 3,5x Dívida Líquida/EBITDA 12M – razoavelmente elevada, mas ainda longe de ser algo preocupante. Nesse ponto, mencionamos o cenário ainda desafiador no segmento de distribuição (que deve ser melhorado como resultado da revisão tarifária), EBITDA ainda fraco no segmento de geração e pesados investimentos ao longo de 2021. Para além do ponto de vista meramente operacional, vale mencionar que os pesados investimentos feitos pela empresa também afetam o endividamento à medida que os frutos dos investimentos devem ser colhidos apenas ao longo do tempo. Vale mencionar também a elevação da SELIC e o impacto nas despesas financeiras da empresa.
Pontos Positivos no 4T21 (e por que eles são interessantes sob o ponto de vista de um turnaround)
- Distribuição. O EBITDA da distribuição foi de R$535 milhões, acima das nossas estimativas, mas ainda afetado por questões importantes como, por exemplo, o consumo decepcionante na área de concessão. Entretanto, vale mencionar aqu alguns destaques positivos: perdas não-técnicas de 26,63% (vs 26,67% no 3T21) – pode parecer pouco, mas só o fato de ter parado de piorar somados aos investimentos nos medidores, ênfase no combate a perdas, maior arrecadação e tarifa maior são ingredientes interessantes para a performance da empresa nos trimestres seguintes. Além disso, chamamos atenção para a evolução dos custos gerenciáveis, que ficaram praticamente estáveis na comparação a/a mesmo com inflação duplo dígito no mesmo período.
- Investimentos. Os investimentos ao final de 2021 alcançaram R$1,4 bilhões (vs. R$950 milhões em 2020), sendo R$1 bilhão apenas no segmento no “carro chefe” do negócio (vs. R$745 milhões em 2020). De acordo com a empresa, os investimentos foram expressivos na troca de por medidores mais modernos e na área comercial – que por sua vez já começa a render frutos na parte de provisões e arrecadação.
- Perdas Estimadas com Créditos de Liquidação Duvidosa. Alcançou 3,3% em dezembro/21, 0,2% menor e com arrecadação de 96,4% (+1,4% vs dezembro/20). Reflexo das ações comerciais da empresa e melhoria nos métodos de arrecadação da empresa (maiores detalhes, no nosso documento sobre o investors day da empresa – para maiores informações, clique aqui)
Para quem quiser conhecer a nossa tese da empresa com mais detalhes, sugerimos dar uma ohada no nosso vídeo falando sobre a tese da empresa.
Pontos Positivos
- Novo corpo de executivos da empresa como ponto chave da tese de investimentos da Light
- Pesados investimentos já começam a apresentar resultados
- O próximo trimestre deve apresentar uma melhora na hidrologia
Pontos Negativos
- Chuvas podem decepcionar no período úmido
- Cenário macroeconômico ainda desafiador para o negócio de distribuição de energia elétrica
- Endividamento deve ser acompanhado de perto.