Resumo do relatório
Com a valorização expressiva da Marfrig (MRFG3) nos últimos dias e em 2021 como um todo, acreditamos que a empresa esteja se aproximando de uma virada de ciclo. Além disso, a recente aprovação do Cade para a compra de 31,7% das ações da BRF elevou o preço da ação da Marfrig e da BRF expressivamente e na nossa opinião, artificialmente também. Nossos preços-alvo para ambas empresas continuam inalterados, assim como a recomendação de MANTER para a BRF, que apesar de viver um momento desafiador, continua apresentando um valuation atrativo. Contudo, alteramos a nossa recomendação de Marfrig para VENDER, pensando no curto prazo.
Aquisição parcial concluída
Com o Cade aprovando a compra feita pela Marfrig de 31,66% das ações da BRF, os preços das ações novamente dispararam, com a BRF valorizando 7% em um dia e a Marfrig 7,15% no mesmo dia. Entre Maio e Julho desse ano, quando a Marfrig anunciou a sua intenção de comprar 24,2% da BRF e cerca de 1 mês depois aumentou para os 31,66%, o preço das ações da BRF chegaram a valorizar mais de 40%.
Essa valorização ocorreu por conta de uma demanda compradora muito forte e atípica de curto prazo, com o mercado tentando antecipar uma eventual fusão entre as empresas, o que fez o volume de negociações disparar.
Vale ressaltar que o aumento nos preços das ações não foi por conta de melhorias nos fundamentos dos frigoríficos, o que é a principal razão pela nossa mudança de recomendação de MANTER para a BRF, que antes dessa valorização apresentava um valuation atrativo.
Conclusões
- A aquisição pode fazer sentido estrategicamente para a Marfrig, que agora tem exposição ao mercado de frango e processados, ampliando as suas fontes de receitas e tendo maior diversificação em seu portfólio.
- A Marfrig promete manter uma postura passiva como investidor na BRF. É improvável que a Marfrig dispare o poison pill da BRF.
- Poison pill: qualquer acionista que adquirir determinada porcentagem de ações será obrigado a lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) para os demais acionistas. É uma forma da companhia se proteger de uma aquisição hostil. No caso da BRF, o poison pill é acionado a 33,33% de participação e a empresa compradora seria obrigada a lançar a OPA além de ter que pagar um prêmio de 40% sobre a média de preço das ações da BRF.
O que esperamos – cenário provável:
A Marfrig deve se manter como investidora passiva até a próxima eleição do conselho, que ocorrerá no ano que vem. Uma vez lá, acreditamos que o frigorífico começará a pressionar para uma potencial fusão. O forte investimento da empresa na BRF e o histórico de Marcos Molina (dono da Marfrig), que já foi dono da Seara, já ressaltou algumas vezes o seu interesse no mercado de aves e processados e não costuma ser um empreendedor passivo em seus investimentos nos leva a pensar que há boa possibilidade da Marfrig propor uma fusão, porém, apenas em 2022.
Uma eventual fusão entre as empresas resultaria em uma gigante do setor, comparável à JBS, com forte presença mundial em todos os tipos de proteínas. Contudo, ainda não vemos grandes sinergias e portanto nos mantemos neutros na potencial fusão.