O Méliuz divulgou seus resultados em 13/03/24, após o fechamento do mercado. O resultado apresentado foi poluído com muitos itens não recorrentes, porém, em nossa visão, foi bom, superando nossas expectativas. Os principais destaques foram o segmento Shopping Brasil, que apesar das dificuldades no e-commerce, registrou um bom crescimento, e o segmento de serviços financeiros. Além disso, a estratégia de redução de custos e despesas resultou em uma queda de 21% a/a, levando à empresa reportar um EBITDA Ajustado de R$16,3m. Acreditamos que a empresa já superou o pior momento, possui um valuation atrativa e tem alavancas interessantes de crescimento, como a parceria com o BV e o Méliuz Ads. Portanto, continuamos com nossa recomendação de Compra, com um preço-alvo de R$10,00.
Análise do resultado
Receita Líquida acima das expectativas (+18,7% vs. Genial Est.)
A empresa reportou uma receita líquida de R$100,4m (+42,6% t/t; +23,3% a/a), com destaque para os segmentos de Shopping Brasil e serviços financeiros. No segmento de Shopping Brasil, a empresa apresentou um crescimento de 14,0% a/a, mesmo com uma queda de GMV (-14% a/a) devido a uma boa performance do produto Méliuz Ads. No segmento de serviços financeiros, a receita foi de R$16,6m, representando um crescimento de 95,3% t/t e 133,8% a/a. No entanto, R$4,3m foram devido à migração das contas Méliuz. Se excluirmos essa receita, teríamos uma receita de R$12,3m, o que representaria um crescimento de 44% t/t e 74% a/a, mostrando que a parceria com o BV está com boa tração, com uma boa evolução nas contas abertas (+229% t/t), cartões de crédito (+146% t/t) e aumento do TPV (+100% t/t). No segmento internacional a empresa reportou uma queda a/a (23,5%), devido a uma queda no tráfego orgânico e devido a estratégia de trocar a operação de cupom por cashback, como esperado.
EBITDA poluído, porém, positivo
O Méliuz apresentou um EBITDA contábil de R$-33,7m, porém, houve mais de R$50,0m em itens não recorrentes, incluindo R$8,3m relacionados à assessoria na venda do Bankly, R$13,6m em ajuste de earn-out, R$16,3m em contingências jurídicas do Bankly e R$11,0m na atualização da opção de compra da Picodi. Ao excluirmos esses efeitos não recorrentes, chegamos a um EBITDA Ajustado de R$16,3m, com uma margem de 16,2%. Esse resultado é atribuído ao bom manejo de custos e despesas (-21% a/a, excluindo itens extraordinários) e ao aumento da receita. O principal destaque foi a queda nas despesas com pessoal (-30% a/a), cashback (-11% a/a) e software (-66% a/a).
Lucro Líquido beneficiado pelo caixa
A empresa registrou um lucro de R$29,4m (+286,8% t/t; +950,0% a/a), impulsionado por uma posição de caixa de R$664,3m, resultando em um resultado financeiro de R$13,9m.
Valuation atrativo
A empresa possui um market-cap de R$735,8m (com base no preço de fechamento em 13/03), com um caixa de R$664,3m. Excluindo os earn-outs que a empresa precisa pagar, o caixa líquido fica em R$620,9m. Portanto, com o valor atual, o enterprise value da empresa é de R$114,9m. Isso sugere que o mercado está avaliando o Free Cash Flow to Firm (FCFF) descontado da empresa até a perpetuidade em R$114,9m, o que consideramos baixo.