O Mercado Livre divulgou os resultados do 4T24 após o fechamento do mercado, apresentando uma dinâmica positiva. Apesar da receita em linha com as estimativas (US$ 6,05b, +37,4% a/a), as margens surpreenderam positivamente, impulsionando as ações em mais de 11% no after-market, atingindo R$ 111,00 na cotação do final do dia. Diferentemente do trimestre anterior, marcado por margens pressionadas devido a investimentos logísticos, provisões advindas do crescimento da operação de cartão de crédito e ao mix desfavorável do 1P, a empresa reportou lucro líquido de US$ 639m e margem de 10,5%, superando expectativas e mostrando uma recuperação operacional significativa.
No geral, observamos uma melhora na estabilidade econômica da Argentina, que agora contribui de forma mais positiva para os resultados consolidados, cenário oposto ao observado no 1S24, quando a volatilidade econômica no país era maior. Enquanto isso, Brasil e México seguem como destaques, impulsionando os resultados do Mercado Livre. Com a expectativa de continuidade na expansão das margens, alinhada à solidez dos indicadores operacionais, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR o papel e atualizamos o preço-alvo para R$ 130 por BDR.

E-commerce
GMV cresce 8% a/a apesar de pressão cambial
Apesar do impacto negativo da desvalorização das moedas locais frente ao dólar, o Mercado Livre registrou um GMV de US$14,5b, com crescimento de 8,2% a/a. Excluindo o efeito cambial, o avanço seria de 56,0% a/a. Assim como no 3T24, Brasil e México foram destaques, com crescimentos de 32,0% a/a e 28,0% a/a, respectivamente, desconsiderando a variação cambial. A Argentina também apresentou melhora relativa, com maior estabilidade no 2S24, contrastando com os desafios econômicos do 1S24. No operacional, o número de compradores únicos ativos acelerou para 24,0% a/a no 4T24, acima dos 21,0% a/a no 3T24 e 19,0% a/a no 2T24, impulsionando o desempenho da plataforma.
Mix favorece take rate e receita sobe 44% a/a
O take rate de e-commerce no trimestre atingiu 24,4%, acima das expectativas do mercado, impulsionado pelo aumento do take rate 3P, que cresceu 20,8% a/a. Esse avanço foi impulsionado pelo crescimento do Mercado Ads e pelo maior faturamento com frete. Como resultado, a receita líquida de e-commerce totalizou US$3,5b, mantendo estabilidade trimestral e registrando crescimento de 44,4% a/a
Fintech
Portfólio de crédito cresce 74% a/a e NPL diminui
A carteira de crédito atingiu US$6,6b, com crescimento de 74% a/a, impulsionada principalmente pelo cartão de crédito, que se tornou o portfólio mais relevante da carteira, representando 40% do total. O NIMAL melhorou 3,4 p.p. sequencialmente, refletindo fortes cobranças, beneficiadas por uma sazonalidade favorável e um melhor desempenho do modelo de risco. A queda anual de 12,2 p.p. foi impulsionada pelo aumento da participação dos cartões de crédito na carteira e pela estratégia de up-market. Tanto o NPL > 90 quanto o NPL 15-90 recuaram, com o NPL > 90 atingindo 17,5% (-0,4 p.p. t/t) e o NPL 15-90 em 7,4% (-0,4 p.p.).
TPV de adquirência cresce 20% a/a
A empresa reportou um TPV de US$41,9b, com crescimento de 20% a/a, impulsionado pela movimentação up-market no Brasil e pela digitalização do dinheiro no México, que ajudaram a compensar os principais impactos cambiais. Além disso, a empresa ampliou o cross-sell de crédito para os clientes, atingindo uma penetração de 24,6% (+2,8 p.p.).
Receita de fintech cresce 44,4%, acima das nossas expectativas
A empresa reportou uma receita de US$2,5b no segmento de fintech, registrando crescimento de 28,6% a/a e superando nossas expectativas. O take rate recuou -0,1 p.p. a/a, impactado por menor receita financeira em todos os países, enquanto a transição para o segmento premium no Brasil foi apenas parcialmente compensada pelo aumento da receita de crédito.
Consolidado
Ritmo forte de receita não desaponta mercado
A receita consolidada foi de US$6,1b, registrando alta de 37,4% a/a e 96,0% a/a sem o efeito cambial. O e-commerce liderou com receita de US$3,5b (+44,4% a/a), impulsionado pelo avanço do take rate 3P (+20,8% a/a), crescimento do Mercado Ads e maior faturamento com frete. O segmento de fintech contribuiu com US$2,5b (+28,6% a/a), apesar de um leve recuo de -0,1 p.p. no take rate, refletindo menor receita financeira e a transição para o segmento premium no Brasil.
EBIT cresce 145% a/a e margem surpreende
A empresa reportou um EBIT de US$820m (47,2% t/t; 144,8% a/a), superando nossas expectativas (+20,6%) e o consenso (+32,2%). A margem EBIT atingiu 13,5%, com uma expansão de 7,6 p.p., porém, ao excluir o impacto one-off do 4Q23 e a reclassificação contábil, a margem ajustada seria de 14,1%, com um aumento de 0,6 p.p. a/a. Esse avanço foi impulsionado pela redução do COGS (+2,2 p.p.), maior eficiência em marketing e vendas (+0,5 p.p.) e ganhos em desenvolvimento de produtos (+0,8 p.p.), compensando um leve aumento nas despesas gerais e administrativas (-0,1 p.p.). O principal impacto negativo veio das provisões para inadimplência (-2,8 p.p.), refletindo maior risco de crédito, mas os ganhos operacionais sustentaram a expansão da margem.
Lucro líquido cresce 287% a/a
O Mercado Livre reportou um lucro líquido de US$639m, um crescimento de 287,3% a/a, superando nossas expectativas e o consenso. A margem líquida expandiu 6,8 p.p. a/a, mas, ao considerar a reclassificação contábil e um evento one-off no 4Q23, a expansão foi de 2,9 p.p. a/a. Esse avanço foi impulsionado principalmente por menores impostos (+1,8 p.p.) e ganhos cambiais (+1,6 p.p.), enquanto o impacto negativo veio do resultado líquido de juros e despesas financeiras, que reduziram a margem em 1,3 p.p..
