Em um comunicado ao mercado da Oi, tivemos a notícia de que o Cade (Conselho de Administrativo de Defesa da Concorrência) publicou a aprovação para a operação de venda (alienação) parcial da UPI InfraCo, sem restrições. A decisão de aprovação será definitiva no prazo de 15 dias corridos caso não haja recurso de terceiros interessados ou avocação da operação pelo Tribunal Administrativo do Cade. Isso é algo relevante e positivo para a empresa, tendo em vista seus planos de saída do processo de recuperação judicial no próximo ano junto do pagamento de suas dívidas.
A InfraCo, renomeada como V.Tal, é a responsável pelo sistema de infraestrutura de fibra óptica, sendo uma rede de fibra neutra. Isto quer dizer que as pequenas provedoras de internet que realizam as conexões casa a casa podem utilizar todo o serviço de backbone instaurado pela V.Tal, que são estruturas de rede mais complexas e de grande porte fundamentais para o serviço de fibra.
Em que pé estamos?
A Oi encontra-se num processo de recuperação judicial (RJ) que se estende desde o pedido do processo em 2016 devido a sua situação financeira na época. Desde então, uma série de prerrogativas foram necessárias para tentar aliviar o cenário da companhia que, ao fim de 2020, acumulava R$ 26,3 bi em dívidas.
Após o aditamento da RJ em outubro de 2020, a Oi formou 5 UPIs (Unidades Produtivas Isoladas) que nada mais são do que divisões de parte dos ativos da empresa de forma a facilitar suas vendas. Por exemplo, uma companhia que queira adquirir uma das UPIs não teria que herdar as dívidas da empresa alvo, atraindo mais interessados no negócio. As 5 UPIs foram:
- UPI TVCo
- UPI Torres
- UPI Data Center
- UPI Ativos Móveis
- UPI InfraCo
UPI TVCo. Das UPIs, a TVCo é a única que ainda não possui data para sua alienação, com a Oi apurando os possíveis interessados e as medidas futuras necessárias para toda a operação.
UPI Torres e UPI Data Center. Em março desse ano, a venda de 100% da UPI Torres foi realizada para a empresa Highline (única empresa interessada) por um valor de R$ 1,066 b. Em paralelo, houve ainda no mesmo período a alienação total da UPI Data Center para a Titan (também sendo a única proposta) no valor de R$ 325 mi.
UPI Ativos Móveis. Relacionado aos serviços móveis da Oi, ela vem seguindo o mesmo caminho das anteriores sendo que a venda total da UPI Ativos Móveis já possui 3 grandes interessados: Claro, Vivo e TIM, os quais formaram um consórcio para dar uma oferta conjunta sobre tais ativos. O valor esperado a ser arrecadado será da ordem de R$ 16,5 b e o caso encontra-se sob análise do Cade para sua conclusão. As empresas esperam saber do veredito por volta do primeiro trimestre de 2022.
UPI InfraCo (Renomeada V.Tal). Diferentemente das demais, aqui a alienação será parcial. Neste caso, esta UPI segue o exemplo do que já ocorreu em outros países: a criação de uma SPE InfraCo é parte de uma “separação estrutural” entre a empresa de serviços e de infraestrutura, visando maximizar o valor dos negócios, através de maior eficiência e inovação, com estratégias focadas na experiência do cliente e inovação de produtos e serviços de um lado, e na ampliação de infraestrutura de fibra e otimização de sua operação técnica do outro.
A UPI InfraCo teve como principal interessado os fundos do BTG Pactual, e a proposta para 57,9% da UPI totalizou o valor de R$ 12,9 b e o caso estava sendo averiguado pelo Cade.
O que a sinalização do Cade significa para a Oi?
Considerando que em junho de 2021 a dívida bruta da Oi era de R$ 29,1 b e que o total arrecadado pela empresa na alienação das UPIs totalizaria cerca de R$ 30,8 b, notamos a importância que a resolução das pendências no Cade possui sobre a Oi. A possibilidade de pagamento das dívidas junto à manutenção do seu foco no segmento de fibra óptica vão ao encontro dos objetivos da empresa. A alienação permite que fortes investimentos sejam realizados na V.Tal pelos seus parceiros de forma que a expansão do números de casas passadas aumentem (onde a tecnologia de fibra é viabilizada).
O próprio grupo BTG tem planejamento para realizar R$ 30 b de investimentos nos serviços de infraestrutura da V.Tal nos próximos 5 anos, exibindo o engajamento e a necessidade de expansão sobre o segmento de fibra no Brasil. Dessa forma, a venda é vista como algo muito positivo favorecendo a saúde financeira da Oi, bem como o foco no seu core business que hoje é a fibra óptica. Assim, o primeiro grande passo para a conquista desses objetivos está em andamento após a aprovação do Cade sobre a venda da UPI InfraCo.
Perfomance da ação
Notamos um forte recuo ao longo do ano nas ações da OIBR3, começando o ano na faixa dos R$ 2,35 e alcançando quase R$ 1,00 nos últimos dias. O gráfico dos retornos nos mostra momentos de quedas acentuadas marcadas principalmente pelas desconfianças dos investidores juntamente dos riscos de execução. O grande empecilho exibido pelos grandes passivos da empresa, com o processo de recuperação judicial auxiliaram na queda vista no ano de 2021. Porém, com a aprovação da venda da InfraCo pelo Cade, a expectativa é da Oi destravar valor e encaminhar seu objetivo de saída da RJ em março de 2022.