A Pague Menos teve um trimestre de difícil ingestão, com um desempenho de vendas mais fraco durante o período. Margem ao invés de crescimento, a Pague Menos precisou equilibrar na balança e segurar o crescimento de seu “top line” em detrimento da sua rentabilidade. Avaliamos o resultado como NEUTRO e mantemos a recomendação YE22 de R$ 11.
Receita bruta
Com um faturamento bruto de R$ 2,2b (+8,6% a/a; +4,7% a/a), a Pague Menos reportou uma receita em linha com o esperado (2,9% abaixo de nossa estimativa).
Apesar de o reajuste do CMED ser positivo para a primeira linha do balanço da farmacêutica, o crescimento de suas receitas foram prejudicadas por dois grandes pontos: (i) menor fluxo de vendas, com redes associadas e independentes segurando o preço na região norte e nordeste; e (ii) queda de vendas de autotestes de Covid-19, uma linha que impulsionou bastante o faturamento durante a segunda onda de coronavírus no 2º trimestre de 2021.
O indicador de vendas de mesmas lojas (SSS), incluindo as vendas de testes de Covid-19 (serviços), ficou em 7,3%, ou seja, sem crescimento real neste trimestre. Só para fins comparativos, no 2T21 o SSS foi de 16,3%, positivamente impactado pela linha de serviços (3.3% no 2T21 vs. 1,0% em 2T22).
Perdendo market share. Diferente da Raia Drogasil, que reportou o resultado ontem (segue aqui nossa análise), a Pague Menos perdeu participação de mercado em todas as regiões do Brasil, com destaque para o Nordeste, que saiu de um share de 18,3% para 17,5%.
Ruptura e digital. Com o índice de ruptura de estoques em loja crescendo 69% a/a no 2T22 (maior patamar desde 2019), o app da Pague Menos acabou desempenhando um importante papel na venda de alguns segmentos respiratórios, sinalizando que a demanda não atendida em lojas (própria e de concorrentes) foi capturada no ambiente online.
Custos e despesas
As despesas com vendas totalizaram R$ 415m (+9,3% a/a), com esse grupo de despesas incrementando +0,1pp em seu percentual da receita bruta (18,8% no período). A dinâmica de maiores despesas fixas com as novas lojas acabou pesando nessa linha, no entanto, menos do que esperávamos, com a Pague Menos mantendo a relação de despesa média por loja mensal em R$ 117m (+1,9% a/a).
Ainda sem efeito de diluição, esperado ao longo dos próximos trimestres, as despesas G&A atingiram 3,2% da receita bruta, totalizando R$ 70m (+21,3% a/a). O número é reflexo de maior plano de crescimento da companhia, com aceleração nas despesas digitais e reforço em sua estrutura corporativa.
No total, a farmacêutica apresentou um EBITDA de R$ 210m (+9,5% a/a), 6,3% acima do estimado. Com o alívio na margem bruta, devido ao repasse do CMED, a margem EBITDA ajustada avançou +10bps em um ano, para 9,5%.
Lucro líquido
A companhia registrou um lucro líquido ajustado de R$ 56,7m (-20% a/a), com uma margem de 2,6% (-90 bps a/a). O número ficou 31% acima do que estimávamos, impactado pelo efeito de IR diferido no período, que totalizou R$ 5,6m no período (0,3% da receita bruta). O crédito está relacionado a redução do lucro tributável no período e as subvenções para investimento.