A Pague Menos reportou seus resultados do 2º trimestre em linha com nossas expectativas. O menor reajuste de preços de medicamentos (5,6% em 2023 vs. 10,9% em 2022) impactou faturamento e rentabilidade nesse trimestre.
Como pontuamos em nosso relatório de resultados do 1T23, a companhia precisaria de captações para arcar com o desembolso da 2ª parcela da aquisição da Extrafarma. Neste trimestre, além da captação realizada de R$ 350m, a Pague Menos anunciou uma capitalização que pode chegar até R$ 400m – que não vemos com tom positivo, apesar da necessidade de melhora na estrutura de capital.
Seguimos com nossa recomendação de MANTER e preço-alvo 12M de R$ 5,20, que implica em um upside de 22,6% em relação ao preço de fechamento da segunda-feira (7/ago).
Separamos quatro tópicos principais a respeito do 2T23 da Pague Menos:
(I) Desaceleração da Receita Bruta
A Pague Menos reportou um faturamento consolidado de R$ 3,0b, em linha com nossas estimativas (+35,9% a/a; +1,4% vs. Est. Genial). Como falamos em nossa prévia de farmácias, o resultado consolidado seria beneficiado pela incorporação da aquisição da Extrafarma, que aumentou o parque de lojas em +39,6% a/a.
Analisando Pague Menos standalone, a companhia reportou um crescimento de 11,6% a/a e um Same Store Sales de 5,9% (vs. 4,3% Est. Genial).
No trimestre, foram realizadas 13 aberturas e 11 fechamentos. Com o número de 20 lojas inauguradas durante o 1S23, a companhia bateu seu guidance revisado de forma que não esperamos ver novas aberturas para o ano.
(II) Impacto de Margem Bruta
O menor reajuste CMED e o aumento da penetração do canal online trouxe impacto negativo na margem bruta. Conforme mencionamos em nosso último relatório, este efeito foi suavizado pelo bom desempenho das categorias de Genéricos e Higiene & Beleza – que possuem uma margem bruta maior que a média.
Com isso, a companhia reportou um lucro bruto de R$ 931m (+33,6% a/a; +2% vs. Est. Genial), com margem de 30,98%, caindo -52 bps ano contra ano (+18 bps vs. Est. Genial).
(III) Despesas aumentam com incorporação da Extrafarma
Frente à expansão do parque de lojas, observamos o efeito de maiores despesas com vendas pesando sobre a margem operacional. O aumento de +90bps a/a da representatividade das despesas SG&A em relação à receita, somado ao carrego negativo da margem bruta, resultou em uma pressão de -142bps a/a na margem EBITDA, consolidada em 4,3% (vs. 4,5% Genial Est.).
Vale ressaltar que, conforme nossas expectativas, na visão sequencial, observamos uma diluição de -45bps t/t das despesas SG&A, pelos esforços de marketing terem sido concentrados no 1º trimestre.
(IV) Forte contração do resultado líquido
Maiores custos, maiores despesas e altos encargos financeiros… totalizando os efeitos, o grupo postou uma retração de -150,2% a/a da última linha, consolidando um prejuízo contábil de -R$30m neste 2T23 vs. -R$ 13m em nossa estimativa.
(V) Alavancagem financeira e aumento de capital.
A companhia realizou captações no montante de R$ 350m no trimestre, com efeitos de rolagem de dívida e o pagamento da 2ª parcela da aquisição da Extrafarma. Como resultado, observamos um aumento de 21,3% t/t da dívida bruta consolidada, pressionando o resultado financeiro e levando o indicador Dívida Líquida / EBITDA (ex-IFRS) a 3,1x vs. 1,7x no 2T22.
Nesse contexto, o grupo deve direcionar parte do foco na agenda de desalavancagem financeira a partir do 2T23 – que olhamos como obrigatório. A companhia deve buscar o incremento de geração de caixa por meio de iniciativas que vão desde a redução de despesas até a normalização do capital de giro – vale destacar que com a redução do guidance de novas aberturas, devemos ver uma melhor alavancagem operacional ao longo do 2º semestre ajudando nessa questão.
Como forma de ajustar sua estrutura de capital após as captações, o Grupo Pague Menos anunciou a aprovação de um aumento de capital privado de, no mínimo, R$ 328m, podendo chegar até R$ 400m.