Encerrado o pregão da segunda-feira (05/ago), a Pague Menos reportou as cifras referentes ao 2º trimestre de 2024. Foi um bom resultado! Com um faturamento bruto dentro do esperado (+1,3% vs. Est. Genial), a companhia surpreendeu no quesito rentabilidade – tanto a nível de custos quanto a nível de despesas –, registrando um lucro operacional +14,8% acima de nossas estimativas.
Vendas por metro quadrado em ascensão! Uma análise desatenta poderia enviesar a qualidade do top line da Pague Menos. Por exemplo, ao analisarmos a quantidade de lojas em uma fotografia retirada no fim do 2º trimestre de 2023 e compararmos com a foto do 2º trimestre de 2024 é possível chegar a uma variação de apenas 1 loja.
Mas será que a Pague Menos abriu apenas 1 unidade no último ano? A foto nos revela isso, mas o filme conta a história de outra forma. Nos últimos 12 meses, a companhia abriu 30 lojas e encerrou 29 unidades não rentáveis. É importante darmos esse disclaimer, dado a forte evolução de produtividade apresentada pela companhia – que saltou de um faturamento de R$ 607 mil loja/mês no 2T23 para R$ 679 mil loja/mês no 2T24.
O número fica muito abaixo da produtividade da RD Saúde (cerca de R$ 1,08 milhão loja/mês nos últimos 12 meses), contudo, já se consolida acima da produtividade da Panvel (cerca de R$ 638 mil loja/mês nos últimos 12 meses).
Vale um adendo… Não acreditamos que a produtividade da Pague Menos atinja o mesmo valor da RD Saúde no médio prazo, uma vez que a execução, track-record e localidades dos pontos da Raia são impecáveis – e também inquestionáveis. Contudo, a diminuição desse gap de produtividade é importante para mostrar que a aquisição da Extrafarma já começa a gerar valor aos stakeholders.
Com o repasse integral da CMED junto a uma recuperação de volume de produtos e serviços, acreditamos que o trimestre deve coroar a Pague Menos com o maior Same Store Sales do setor, consolidado em 11,4% (cerca de 2,5x o reajuste do CMED 2024). Esperaremos um pouco para entender se o trimestre foi um ponto fora da curva ou se poderemos tomar como referência esse novo patamar de produtividade daqui para frente.
Outro pontos que nos chama a atenção é a desalavancagem financeira. Como a Pague Menos já entregou o guidance de expansão de 30 lojas no 1º semestre do ano, acreditamos que o 2º semestre deva ser positivo para a companhia entregar a tão sonhada desalavancagem financeira.
A combinação de (i) menor capex esperado para o 2º semestre junto a (ii) uma recomposição de margem operacional e (iii) ao alongamento da dívida (que passa a ter uma duration de 2 anos, anteriormente em 1,7 ano) devem permitir uma gradual diminuição na alavancagem financeira (atualmente em 2,5x DL/EBITDA).
Reiteramos a recomendação de MANTER e preço-alvo 12m em R$ 3,10 – potencial upside de 19% em relação ao fechamento.
Aceleração do crescimento
A Pegue Menos reportou um faturamento bruto consolidado de R$ 3,4b (+12,2% a/a), em linha com nossas estimativas (+1,3% vs. Est. Genial). A performance consolidada foi impulsionada principalmente pelo crescimento na visão ‘Mesmas Lojas’ de +11,4% a/a.
Ambas as bandeiras apresentaram aceleração na visão Same Store Sales, com destaque para a performance de Extrafarma que reportou um SSS de 15,8% a/a (vs. 15,1% no 1T24). Essa entrega é atribuída as conversões de bandeira que a empresa vem realizando ao longo do último ano (96 unidades) – com lojas convertidas apresentando um crescimento de 23,7% a/a vs. um crescimento de 12,7% a/a nas demais lojas Extrafarma.
Margem bruta pressionada por menor CMED
A companhia reportou um lucro bruto consolidado de R$ 1,0b (+10,0% a/a; +3,9% vs. Est. Genial), com uma margem de 30,4% (-61bps a/a).
Conforme comentamos em nossa prévia de resultados, a margem bruta foi pressionada pela combinação entre a menor CMED este ano e uma pré-alta com menor nível de estoques a/a (PME de 113 dias no 1T24 vs. 129 dias no 1T23) – resultando em um menor ganho inflacionário no trimestre.
Ainda assim, entendemos que melhores condições comerciais, ajustes de precificação e um efeito mix positivo (maior penetração de marca própria e medicamentos de marca), compensaram parcialmente a pressão sobre a rentabilidade – permitindo um entrega acima de nossas expectativas.
Resultado operacional é destaque
Com uma aceleração de crescimento na visão ‘Mesmas Lojas’, a Pague Menos reportou uma diluição de -80bps a/a das despesas com vendas, chegando a 22,4% da receita bruta (vs. 23,2% no 2T23).
Nossa expectativa era de fato uma maior diluição de despesas neste trimestre. Porém, com um impacto menor do que o estimado sobre a margem bruta, entendemos que a maior alavancagem operacional mais do que compensou o carrego negativo para o EBITDA – permitindo a consolidação de um resultado operacional +15% acima do esperado.
A companhia reportou um EBITDA (visão contábil; IAS 17) de R$ 176m (+23,0% a/a), com uma margem de 5,2% (+46bps a/a).
Lucro supera expectativas
O trabalho de liability management que a companhia vem realizando (reduzindo custos de financiamento e alongando prazos), combinado ao nível de juros menor a/a, resultou em uma redução no montante de despesas financeiras (resultado financeiro de -R$ 93m vs. -R$ 129m no 2T23).
Com um resultado operacional acima de nossas expectativas e um resultado financeiro ainda mais favorável, o lucro reportado bateu nossas estimativas (+3x vs. Est. Genial).
A Pague Menos reportou um lucro líquido (visão contábil exc. ajustes; IAS 17) de R$ 38m – revertendo o prejuízo de -R$ 30m reportado no 2T23.
Melhora no ciclo de caixa
O ciclo de caixa operacional apresentou uma redução de 8 dias a/a – principalmente em função de uma importante redução do nível de estoques (-18 dias a/a), dada a continua normalização do inventário após a integração logística com a Extrafarma.
O que mais? (i) O índice de dívida líquida / EBITDA atingiu 2,5x no 2T24 (-0,6x a/a); (ii) a venda média mensal atingiu R$ 679k (+11,9% a/a); (iii) As vendas do canal digital atingiram R$ 474m (+38,3% a/a), representando 14,1% das vendas totais; (iv) a participação de marca própria nas vendas totais atingiu 6,7%.
Tabela 1: Números consolidados pela Pague Menos vs. Expectativa Genial (R$ milhões; IAS 17).