Encerrado o pregão dessa terça-feira (05/nov), o GPA reportou as cifras referentes ao 3º trimestre de 2024. Em linha com o esperado! Apesar de a companhia consolidar um faturamento fraco, com Same Store Sales de todas as bandeiras abaixo da inflação alimentar no período, já “estávamos preparados” para esse cenário de um anêmico top line – de forma que a receita bruta se consolidou 1,1% abaixo de nossa estimativa.
O principal impacto negativo do faturamento continua vindo de volume de vendas, principalmente em relação aos Aliados – que nada mais é do que a venda direta para o pequeno comerciante a qual foi expurgado da linha de Proximidade a partir do 1º trimestre de 2024. Apesar da baixa penetração nas vendas totais (cerca de 4,9% do grupo), esse formato vem mostrando uma piora na desaceleração, trimestre após trimestre.
Embora o GPA ainda não tenha fechado o gap de Same Store Sales (SSS) em relação à inflação alimentar acumulada nos últimos 12 meses, observamos uma leve recuperação na comparação sequencial, o que, a nosso ver, pode estar relacionado a um aumento de volume na cesta de compras dos consumidores. No final do 2T24, o SSS consolidado estava 150bps abaixo da inflação de Alimentos em Domicílio, mas essa diferença diminuiu para 130bps neste 3T24.
Falar de desaceleração de faturamento quase nunca é uma boa notícia, contudo, existe um “outro lado da moeda” que precisa ser vista. Apesar de vermos uma redução no volume de compras, algo que acometeu todas as empresas do varejo alimentar sob a nossa cobertura no período, o GPA mantém a sua trajetória de “não crescer a qualquer custo”, elevando margem bruta e margem operacional, trimestre após trimestre.
Com ênfase em rentabilidade, a companhia apresenta a maior margem operacional dos últimos 3 anos, em 8,9% (+140bps a/a; +10bps vs. Est. Genial). Isso é reflexo de todo trabalho implementado pelo (i) projeto de eficiência promocional, (ii) melhores negociações com fornecedores, (iii) rentabilização do retail media e (iv) maturação do Orçamento Base Zero.
O esforço em tornar a companhia mais rentável e focada em seu core business já mostra resultados positivos na alavancagem financeira, que reduziu de 5,4x no 3T23 para 4,1x no 2T24, e agora para 4,0x neste 3T24. Para calcular essa alavancagem, consideramos o EBITDA IFRS 16 e somamos os arrendamentos à dívida líquida.
Reiteramos a recomendação de COMPRAR e preço-alvo 12m de R$ 4,20 – o que implica em um potencial upside de 31% em relação ao último fechamento.
Cenário ainda desafiador para as vendas
Em meio a um cenário ainda desafiador para o varejo alimentar, o GPA reportou uma receita bruta de R$ 4,8b (+1,9% a/a), em linha com nossas estimativas (-1,1% vs. Est. Genial). Na visão ‘Mesmas Lojas’ a companhia consolidou um crescimento de +5,0% a/a.
Em relação às bandeiras, o formato de Proximidade segue sendo o destaque, avançando +13,7% a/a em função da expansão nos últimos 12M (+43 lojas). O SSS da Proximidade foi consolidado em +4,6% a/a – concretizando nossa expectativa de desaceleração sequencial (vs. +6,9% a/a no 2T24), em função de ajustes sazonais realizados no último trimestre.
Vale destacar a performance do Extra Mercado, que entregou um SSS de +5,8% a/a – acelerando sequencialmente (vs. +3,4% a/a no 2T24) e atingindo o patamar recorde da série histórica iniciada no 1T22. Em Pão de Açúcar, também observamos uma aceleração sequencial do SSS, chegando a +4,6% (vs.+ 2,7% a/a no 2T24).
Mais avanços em margem bruta
Na margem bruta, a dinâmica se consolidou exatamente de acordo com as nossas expectativas. A rentabilidade foi impulsionada por (i) melhores negociações comerciais, (ii) ajustes operacionais e (iii) maiores receitas de retail media.
Ainda assim, entendemos que a intensidade dos ganhos – apesar de forte – foi levemente inferior ao projetado (- 33bps vs. Est. Genial). A companhia consolidou uma margem bruta de 27,7% – avançando +112bps em relação ao ano passado. O lucro bruto totalizou R$ 1,2b (+27,7% a/a; -1,3% vs. Est. Genial).
Margem EBITDA atinge patamar recorde!
Apesar de uma performance mais fraca de vendas, a companhia conseguiu reportar uma diluição de -30bps a/a das despesas operacionais. Entendemos que isso é resultado das iniciativas do projeto ‘Orçamento Base Zero’ e outras iniciativas de gestão de gastos.
Somando essa dinâmica ao carrego positivo da margem bruta, a companhia consolidou uma sólida expansão de +143bps a/a na rentabilidade operacional. O EBITDA ajustado foi reportado em R$ 399m (+22,5% a/a), em linha com nossas estimativas (+1,2% vs. Est. Genial).
A margem EBITDA atingiu a marca de 8,9% (+143bps a/a; +12bps vs. Est. Genial) – o maior nível desde 2021 e chegando cada vez mais perto do topo do guidance fornecido para o ano (de 8,0% a 9,0%).
Financeiro ainda pesa no resultado
Conforme nossas expectativas, o resultado financeiro permaneceu relativamente estável sequencialmente, vindo levemente inferior às nossas projeções (-4,4% vs. Est. Genial). Essa dinâmica, aliada a uma linha de IR/CSLL positiva em R$ 6m (vs. negativa em -R$ 5m Est. Genial), permitiu a consolidação de um prejuízo inferior às nossas estimativas (+10,3% vs. Est. Genial).
Apesar de uma entrega operacional positiva, o montante pesado de despesas financeiras impede a última linha do resultado tenha maiores evoluções. O GPA reportou um prejuízo de operações continuadas de -R$ 253 milhões – evoluindo em +R$19m em relação ao último trimestre.
Tabela 1: Resultado consolidado pelo GPA vs. Expectativa Genial (R$ milhões; IFRS 16).