Após o encerramento do pregão da quarta-feira (21/fev), o GPA reportou as cifras para o 4º trimestre de 2023. Sem sombras de dúvidas, a companhia consolidou o resultado mais forte do setor neste trimestre, com evolução ao longo de todas as linhas e um prejuízo cerca de 50% abaixo de nossa estimativa.
Frente a um turnaround com uma primorosa execução (e ainda em andamento), o GPA deixa para trás a história do “patinho feio” e assume a posição de cisne negro, ganhando destaque em meio a tantos outros ‘cisnes brancos’.
Ajustes de sortimentos (com foco em perecíveis), diminuição da ruptura e redução de despesas… sem dúvidas, 2023 parece ter sido o ano em que a companhia virou a chave.
Reiteramos a ideia de que a evolução do micro junto ao macro deve beneficiar a companhia ao longo de 2024. Alto risco, alto potencial de retorno! Mantemos a nossa recomendação de COMPRA para as ações PCAR3, com preço-alvo 12M de R$ 5,50 – upside de 29% em relação ao fechamento dessa quarta-feira.
Acreditamos que o papel deve ganhar ainda mais notoriedade ao longo dos próximos meses, com o mercado avaliando a melhora da percepção de risco e de condições para realizar o follow-on (em andamento).
O maior Same Store Sales do setor
As vendas brutas do GPA atingiram R$ 5,6 bilhões (+6,3% a/a; -1,7% vs. Est. Genial), impulsionado pelo crescimento de 19,3% do formato de proximidade e de 6,0% do Pão de Açúcar. As cifras marcam a quinta evolução consecutiva de market share do grupo (Nielsen).
Apesar das lojas de proximidade apresentarem o maior crescimento de vendas, o formato premium continua a ser o mais representativo para companhia, com 46% da receita bruta do grupo.
Como já esperado (e antecipado em nossa prévia de resultados do 4T23), o Pão de Açúcar apresentou o maior Same Store Sales do setor, em 4,2% a/a (vs. 6,5% Est. Genial), impulsionado pelo aumento de fluxo às lojas e traduzidos em aumento de volume de vendas. Contudo, vale pontuar que o indicador mostra uma tendência de desaceleração na visão sequencial, o que deve ser monitorado pelo mercado ao longo do 1º semestre de 2024.
Margem bruta e EBITDA acima das estimativas
A rentabilidade operacional do grupo é a grande ‘cereja do bolo’ deste resultado. Beneficiado pela redução de ruptura em gôndolas, melhores acordos comerciais com fornecedores e, também, ganhos de eficiências em logística, o GPA apresentou uma margem bruta +30bps acima de nossa estimativa, em 25,7% (+40bps a/a).
Com esse efeito positivo na margem bruta, a margem EBITDA ajustada também acabou se consolidando acima de nossa expectativa (7,7% Cons. GPA vs. 7,5% Est. Genial). A companhia apresentou um lucro operacional de R$ 404 milhões (+38,9% a/a; +1,8% Est. Genial).
Redução substancial do prejuízo
A comparação sequencial e anual do resultado financeiro é poluída, dado o reconhecimento de créditos fiscais e monetários reconhecidos no período (relativos à cessão Extra Hiper, Cnova e Éxito). Ainda assim, notamos uma expressiva descompressão do financeiro em relação ao sua média histórica dos últimos 12 meses.
Ainda há muito trabalho a ser endereçado no quesito financeiro em 2024. O combo de alta alavancagem (5,0x DL/EBITDA – visão IFRS 16 inc. arrendamento e exc. recebíveis) plus Selic ainda em duplo dígito levou o GPA (visão atividades continuadas) a um prejuízo de R$ 87 milhões.
Apesar do prejuízo, a cifra ficou 50% abaixo de nossa estimativa e 68% abaixo do valor apresentado no mesmo período em 2022. Acreditamos que o mercado deva receber com bons olhos a evolução da última linha do grupo.
O que mais?
Outros pontos relevantes: (I) com o spin-off do Éxito e venda da Cnova, GPA volta a ser uma empresa 100% exposta ao mercado nacional; (II) safras de lojas 2022/2023 do Minuto Pão de Açúcar apresentam uma margem superior às lojas mais antigas e, também, a média consolidada do grupo; (III) ciclo de caixa melhora em 4 dias a/a, com destaque a evolução de estoques (-5 dias a/a).
Tabela 1: Resultado do GPA, consolidado vs. estimativa Genial (R$ milhões; IFRS 16).