Conclusão. Apesar da participação da capitalização restrita a investidores qualificados, acreditamos que o evento é positivo para o case da empresa. Como mencionamos em um nota anterior (para maiores informações, clique aqui), achamos que a aquisição do Polo Bahia Terra como muito interessante para o case da empresa, com sinergias operacionais com as suas atuais instalações, potencialidades interessantes a serem exploradas tendo em vista uma análise preliminar do seu potencial de reservas + ativos downstream incluídos dentro do Polo (ativos de tratamento de gás, instalações de compressão, etc) e, claro, maior crescimento potencial em relação à empresa como ela é hoje. Além disso, uma emissão de novas ações teria como segunda alavanca de valor o aumento da liquidez das ações, que hoje em dia é uma restrição para clientes institucionais e pode ajudar com o processo de destravamento de valor para o case da empresa caso a capitalização se materialize. Nossa recomendação é neutra para RECV3 (preferimos outros nomes no setor, como PRIO3 e RRRP3), mas não podemos deixar de chamar atenção a movimentação da empresa e, quem sabe, esperar por um ponto de entrada mais interessante no futuro.
O Fato. Via fato relevante, conforme esperado e antecipado em nossas notas (para maiores informações, clique aqui – “PetroRecôncavo: Mais Informações Sobre o Polo Bahia-Terra”) , A PetroRecôncavo anunciou uma Oferta Pública Primária e Secundária de ações (na oferta primária, os recursos obtidos pela emissão de novas ações irão para o caixa da empresa. Na oferta secundária, os controladores vendem uma fatia pré-determinada da empresa, sem entrada de novos recursos no caixa da empresa). De acordo com o documento publicado, será restrita, onde apenas investidores qualificados poderão participar. Ou seja, investidores pessoa-física terão participação limitada na operação – o que não quer dizer que os mesmos não poderão se beneficiar de todo esse processo, tanto pelo aumento da liquidez dos papéis, quanto pela geração de valor advinda da aquisição em si.
A Oferta. De acordo com os termos apresentados, a emissão primária será de 44 milhões de novas ações (ou seja, devem entrar até R$1,2 bilhão no caixa da empresa se considerarmos o preço-indicativo de fechamento do dia 03 de Junho, R$27,45/ação). Caso exista demanda adicional à oferta primária, deverão ser emitidas até 27 milhões de novas ações adicionais aos preços da oferta (fazendo com que o total a ser levantado alcance até R$1,950 bilhão ao preço indicativo mencionado anteriormente). Caso ainda exista demanda, a empresa deve concluir a sua oferta secundária de até 8,2 milhões de novas ações (ou seja, R$224,8 milhões que deverão ir para os acionistas controladores e não para o caixa da empresa). Ou seja, a esquematização seria mais ou menos no esquema abaixo.
Novos Acionistas: + Liquidez!. Atualmente, a empresa conta com 248,6 milhões de ações, sendo pelo menos 69,9% das ações da empresa nas mãos de grupos com mais de 5% de participação na empresa e 30,1% das ações nas mãos de acionistas minoritários (free-float). Tal medida não é trivial se pensarmos que a Petrorecôncavo ainda pode ser considerada uma small cap devido a sua capitalização de mercado (c. R$6 bilhões) e o seu volume negociado por dia. Quanto maior a quantidade de ações fora do bloco de controle, maior a quantidade de ações negociadas diariamente, dando maior liquidez aos papéis da empresa. Tal fator é importante para fundos institucionais (principalmente os estrangeiros, que tendem a ser bem grandes ) por precisarem entrar e sair da posição na empresa sem que a cotação da mesma se altere de maneira significativa. Ou seja, quanto mais líquida uma ação, melhor tende a ser precificado o seu potencial à medida que mais investidores institucionais conseguem eventualmente investir no case (algo muito interessante para o setor de petróleo brasileiro a medida que a principal empresa de petróleo brasileira é a Petrobras, que goza de ampla liquidez nas suas ações, mas que é uma estatal e passa pelos problemas de ser uma estatal).
Sendo assim, temos três cenários para a operação:
Cenário 01: Emissão Primária (+44M de ações)
Se considerarmos a demanda da operação apenas pela emissão primária (+44 milhões de ações), a diluição dos atuais acionistas seria de 17,7% e fazendo com que os acionistas minoritários observassem a sua fatia na empresa alcançando 40,6% (vs. 30,1% anteriormente). Como mostrado no quadro acima, o valor a ser levantado na operação seria de c. R$1,2 bilhão.
Cenário 02: Emissão Primária + Lote Suplementar (+67M de ações)
Se considerarmos a emissão Primária + Lote Suplementar (+67 milhões de ações), a diluição dos atuais acionistas seria na ordem de 26,7%, com os minoriários ficando com 40,6% da empresa. E por último, caso a empresa consiga demanda o suficiente para realizar a sua emissão secundária, o free-float da empresa ficaria em 48,2%. Nesse cenário, o valor a ser levantado pela empresa seria de R$1,950 bi.
Cenário 03: Emissão Primária + Suplementar – Secundária
Supondo que a demanda alcance as 79,2M de ações, 8,2M seriam vendas por parte do controlador. Tal movimentação, levaria o percentual de ações em free-float para 48,2%.
Cronograma. Por se tratar de uma oferta restrita, os trâmites para colocação devem ser mais céleres do que uma oferta “completa”, por assim dizer. A fixação do preço da oferta aconteceria no dia 14/junho e liquidação no dia 20/junho.
O que a empresa fará com o dinheiro? Como já mencionado anteriormente, os valores levantados serão utilizados para aquisição do Polo Bahia-Terra. Com um valor total estimado de US$1,450 bilhões, o valor da aquisição ajustado pela participação da PetroRecôncavo (60%) seria de R$4,2 bilhões. Como mencionamos em nossa nota anterior, considerando essa aquisição acontecendo ainda no ano de 2022, o endividamento da empresa seria 2,1x Dívida Líquida/EBITDA 22E. Se considerarmos apenas a emissão primária e primária + lote suplementar (R$1,2 bilhões/R$1,950 bilhões), a dívida líquida/EBITDA 2022E seria de 1,5x – 1,0x, respectivamente (sem considerar o EBITDA da entrada do campo e qualquer eventual geração de valor adicionar advinda da melhoria da operação).