Conclusão. A empresa divulgando uma produção muito acima do esperado em sua campanha de revitalização no Campo de Frade, tal evento deve ser interpretado para além de um aumento potencial de lucros/geração de caixa. Demonstra a capacidade de execução da empresa para além daquilo que é descrito em seus certificados de reservas. Além do óbvio impacto impacto em lucros, gostariamos de extrapolar esse otimismo quanto a capacidade de execução da empresa para o Campo de Albacora Leste: um campo de de águas profundas, com histórico de produção elevada e que foi avaliado pela certificado sob premissas muito conservadoras (preço petróleo US$60 até 2029 vs US$90-70 23-29E na curva de preços atual). Nossa leitura é: se a empresa foi capaz de gerar valor para além das estimativas do mercado em seus campos atuais, o que ela deve conseguir fazer com Albacora Leste? Em suma, apesar da recente volatilidade nos preços do petróleo, continuamos otimistas com o case e mantemos a nossa recomendação de COMPRAR para PRIO3 – inclusive, reforçamos que essas recentes quedas, em nossa leitura, devem ser encaradas muito mais como uma oportunidade do que como um risco, a medida que as recentes quedas já mais do que apropriaram o cenário mais cauteloso (para maiores informação, leia o nosso relatório “Qual o impacto da queda do preço do Petróleo na 3R, Prio e PetroRecôncavo?” clicando aqui).
O Fato. Via fato relevante, a empresa anunciou o resultado da perfuração do poço 7-FR-54H-RJS do campo de Frade. De acordo com a publicação, a produção estabilizada ficou em 15k bpd – muito superior as estimativas iniciais. Sendo assim, a produção diária da empresa passa a ser de 48,5k bpd, incrementando a produção atual (de aproximadamente 33k bpd) em 45%. Além disso, a empresa deixou claro que o processo de revitalização durou apenas 68 dias e com um custo 30% abaixo do orçado.
Impacto nas Estimativas: +R$7,4/ação (cenário otimista) ou R$3/ação (cenário-realista). A produção diária de 48,5k bpd fica aproximadamente 8k bpd acima das nossas estimativas de produção média para empresa para o ano de 2022 (estimávamos PRIO produzindo 40,2k bpd em termos médios ao longo de 2022). Para estimarmos o impacto do novo nível de produção em nossas estimativas, consideramos os números anunciados pela empresa para 2022 (48,5k bpd) e um declínio natural do poço até 2042 se considerarmos a produção P2 estimada em seu último relatório de reserva (um declínio médio da produção de 7,5% ao ano até o seu abandono, em 2042). Para alcançarmos esse impacto de preço/ação, não consideramos nenhuma alteração no plano de investimentos/custos de abandono do campo. Caso a produção evolua em linha com que era esperado anteriormente, o acréscimo nas reservas recuperáveis seria de aproximadamente 48 milhões de barris (aproximadamente 11% da atual reserva 1P da Petrorio). Caso repliquemos a taxa de declínio de 2024 para os anos de 2025/2026, o impacto positivo seria mais modesto, represetando uma geração de valor de apenas +R$3/ação. Ou seja, no caso do cenário otimista/realista, o preço-alvo do papel ficaria em R$56,5/ação e R$52/ação, respectivamente. For ora, não vamos apropriar tais valores em nossas estimativas a medida que não temos a nova curva de produção esperada para Frade. Imaginamos que a empresa deva publicar um novo relatório de certificação em relação ao ativo em breve. Além disso, a proximidade do eventual fechamento da aquisição do campo de Albacora Oeste pode fazer com que os nossos modelos/estimativas fiquem desatualizadas rapidamente. Sendo assim, preferimos esperar.
Qual impacto nos lucros? De acordo com nossas estimativas, os lucros estimados para 23-26E sairiam de R$2,9-6,0 bilhões para R$3,4-7,0 bilhões para o mesmo período, um incremento médio de 16% nos lucros do período. Na tabela abaixo, colocamos as nossas estimativas atuais vs Prio com a nova produção do Campo de Frade no cenário mais otimista (onde a taxa de declínio fica idêntica aquela que foi certificada no relatório de reservas de dez/21), assim como as respectivas tabelas de múltiplos.
Uma provocação: e Albacora-Leste? Em nossa leitura, esse evento vai muito além do incremento de produção para níveis além do esperado pela empresa para o ano de 2022. Mostra a capacidade da empresa em arrancar valor dos seus ativos para além daquilo que é estimado em um primeiro momento pelas certificadoras de reservas (que anualmente avaliam os campos das empresas e estimam as curvas de produção e tamanho dos reservatórios economicamente viáveis). A empresa já demonstrou essa habilidade anteriormente via tie-back de Polvo e Tubarão Martelo (com economia de custos importantes entre os ativos) e a extensão do declínio da produção e descomissionamento de Polvo. Nosso ponto é o seguinte: se partirmos do princípio que as reservas do campo de Albacora Leste vieram acima do estimamos em termos de volume (para maiores informações, leia o nosso relatório “Uau! Relatório de Reservas de Albacora Leste com números acima do esperado!” clicando aqui), com uma relação reservas provadas/possíveis superior à média dos campos da bacia de campos e que foi avaliado considerando modestos US$60/barril (vs. curva de US$90-US$69 entre 2023 e 2029), que tipo de “valores escondidos” o campo pode entregar para os acionistas da Prio a longo do tempo? Como última provocação, gostariamos de lembrar que o campo de Albacora Leste já foi considerando um ativo de classe mundial, chegando a produzir 150k bpd em seu auge (para fins de comparação, os melhores campos do pré-sal produzem atualmente menos de 70k bpd – o que já trouxe resultados fantásticos para Petrobrás). Se a Prio foi capaz de destravar esses “valores escondidos” com campos de qualidade/performance muito inferior, o que ela não conseguiria fazer com Albacora Leste ao longo dos anos?