Sabe aquela sensação de azia e queimação no estômago que só aquele sal de fruta Eno Guaraná resolvia? O varejo farmacêutico passou por uns apertos e má digestão, com a inflação queimando as margens das companhias. Alívio já! A prescrição veio na dose certa: reajuste do CMED.
Com o reajuste autorizado em até 10,89% pela câmara de regulação, a dinâmica da margem bruta é positiva para o segundo trimestre do varejo farmacêutico. A Pague Menos, Raia Drogasil e Panvel devem sentir um avanço na margem bruta ano a ano.
Por outro lado, esperamos que a dinâmica da margem EBITDA seja mista, com a Raia e a Pague Menos sofrendo com maiores despesas fixas de novas lojas. Acreditamos que a Panvel deva apresentar a melhor performance entre os peers nesse trimestre, tanto no crescimento do “top line”, quanto na recomposição de margens.
Pague Menos (PGMN3)
Para começar, temos a Pague Menos, que recentemente comprou a Extrafarma e se tornou a 2ª maior varejista do setor farmacêutico, se você quer saber mais da transação, fizemos este relatório aqui.
A rede de farmácia Pague Menos pretende abrir 120 lojas brutas até o final de 2022, um crescimento de 50% em relação à abertura de 2021. Durante o 2T22, esperamos a abertura de 25 lojas.
Por ter grande exposição à região Norte/Nordeste, acreditamos que, nesse segundo trimestre, a Pague Menos tenha a pior dinâmica entre os players farmacêuticos sobre nossa cobertura.
Crescimento ou margem? Com farmácias independentes segurando para não passar o reajuste integral em abril, a Pague Menos deve sentir suas vendas subirem menos que a Raia (exposição nacional) ou a Panvel (forte exposição na região Sul) nesse trimestre.
A Pague Menos deve ver sua receita bruta atingir R$ 2,3 b (+11,8% a/a; +7,8 t/t). Por outro lado, a sua margem bruta deve ser preservada. Esperamos uma recuperação de 30 bps a/a, a 29,5%.
As despesas operacionais devem crescer mais rápido do que a primeira linha da Pague Menos, impactado por maiores gastos fixos no trimestre. Estimamos um EBITDA de R$ 198 m e margem de 8,7% (-62 bps a/a).
A maior alavancagem financeira da Pague Menos deve pressionar ainda mais a última linha do balanço da farmacêutica. Consolidando nossas expectativas, esperamos um lucro líquido de R$ 43 m (-41% a/a), e margem líquida de 2,1%.
Raia Drogasil (RADL3)
Impulsionada pela dinâmica de maior demanda por OTC (medicamento de venda livre) e graças a sua forte capilaridade nacional, estimamos que a Raia Drogasil (RD) apresente uma receita bruta de R$ 7,6b (+21,8% a/a, +9,1% t/t).
Beneficiada pelo AVP (ajuste a valor presente), resultado do incremento das taxas de juros entre as contas a receber e contas a pagar, e pelo ajuste do CMED, estimamos que a RD ganhe 30 bps de margem bruta a/a, atingindo 29,1% no período.
Olhando para as despesas operacionais, esperamos uma diluição nas despesas com vendas e uma maior pressão no G&A do período, explicado pela forte abertura de lojas nos últimos trimestres (em média 60 unidades/tri). Dito isso, esperamos que o EBITDA recue 10 bps a/a, com margem atingindo 11,2% (-10bps a/a) no período.
Por outro lado, a margem líquida da companhia deve sofrer uma retração a/a, diante de um maior custo de dívida. Estimamos uma margem de 3,8% no trimestre (-60 bps a/a).
Panvel (PNVL3)
Dentre as empresas farmacêuticos sob nossa cobertura, a Panvel deve apresentar os melhores resultados nesse trimestre, impulsionado por uma forte venda em maio.
O aumento de fluxo nas lojas físicas somado a uma melhora sequencial nas vendas online devem impulsionar a receita bruta da Panvel. Em nossa projeção mais otimista, a varejista deve ultrapassar a marca de R$ 1 b de faturamento no trimestre.
Com um crescimento estimado em 26,6% a/a, a Panvel deve se beneficiar da ruptura de estoques na concorrência. A falta de medicamentos na “esquina do lado” deve ajudar tanto o faturamento do varejo, quanto do atacado.
Sazonalmente, como já dito, o 2º trimestre tem uma dinâmica positiva para as margens brutas das farmacêuticas, e não esperamos que este ano seja diferente. Beneficiado pela pré-alta, estimamos que a Panvel apresente uma margem bruta de 29,5% (+70 bps a/a), com o aumento de participação do atacado diluindo um pouco os ganhos de margem do varejo no período.
Apesar de a Panvel ter cerca de 68 lojas no estágio 1 de maturação (< 12 meses) no período, a companhia deve sentir uma diluição nas despesas operacionais do período, em comparação anual. Estimamos uma margem EBITDA de 5,1% (+60 bps a/a).