Após o encerramento do pregão da quinta-feira (3), a Lojas Renner (ticker LREN3) divulgou o seu resultado referente ao 3º trimestre.
Sem surpresas! A dinâmica veio exatamente conforme o comentado em nossa prévia de resultados (confira aqui a nossa prévia aqui), com a ‘temporada de frio mais duradoura’ atrapalhando a transição entre as coleções de alto inverno e primavera.
Mantemos a nossa recomendação de COMPRA para LREN3, com um preço-alvo YE23 de R$ 34.
Frio desacelera lojas físicas no trimestre
A Renner apresentou uma Receita Líquida de Varejo de R$ 2,61b (+10,3% a/a; +35,9% vs. 3T19; -1,1% Est. Genial). As temperaturas mais frias que a média histórica para o período fez com que a varejista perdesse inclinação de crescimento de seu top line nesse 3º trimestre.
Vale a pena destacar! A antecipação de compras do inverno acabou transferindo cerca de 5% de vendas do 3T22 para 2T22, contribuindo para a perda de inclinação desse último trimestre.
Em seu release de resultados, a companhia ainda reforçou a sua previsão para o 4º trimestre. A despeito de temperaturas mais frias em outubro, a Renner espera que o 4T22 seja similar ao crescimento do 3T22 em relação à 2019 (na faixa de 35%~40% de crescimento vs. 2019).
Em relação à Receita Líquida por marcas: a Renner segue crescendo, faturando R$ 2,4b (12,8% a/a; +0,5% Est. Genial); a Camicado segue prejudicada em meio a um cenário desafiador para o segmento de ‘Casa e Decoração’, o faturamento foi menor que o esperado, em R$ 127m (-27,4% a/a; -19,7% Est. Genial); e a Youcom apresenta o maior crescimento entre as marcas, com uma receita líquida de R$ 88m (+27,2% a/a; -10,7% Est. Genial).
Digital é um foguete sem ré
Diferente das vendas em lojas físicas, as vendas digitais não mostram sinais de enfraquecimento no curto prazo. Com um CAGR 3T19-3T22 de 62%, a Renner registrou um GMV Digital de R$ 495m, apresentando uma penetração de 14,5% do digital ─ se aproximando da penetração vista no mesmo período de 2020 (16,1%).
Margem bruta rumo a 2019
Rumo a 2019! A Renner se mantém em trajetória de fechar o gap de margens herdado da pandemia, se aproximando, trimestre a trimestre, do nível visto em 2019.
Ao aprofundarmos a análise de margem bruta por marcas vemos que a Youcom já consegue outperformar 2019. Além de emplacar o maior crescimento na receita líquida da varejista (+84,5% vs. 3T19), o segmento de lifestyle jovem tem mostrado uma contínua assertividade e aceitação da coleção, o qual reflete em vendas a preço cheio durante todo o trimestre. A margem bruta da Youcom atingiu 61,4% no 3T22 (+110 bps a/a; +100 bps vs. 3T19).
Apesar de a Camicado ter problemas em crescer o seu top line, a marca tem mostrado uma recomposição de margem bruta ao longo dos dois últimos trimestres.
Em um período de troca entre coleções, a marca Renner apresentou uma margem quase que estável, ano contra ano, a 53,5% (-10 bps a/a; -90 bps vs. 3T19). Enquanto o digital joga essa margem para baixo, a companhia tem evoluído em seus motores de remarcações. Em adicional, a categoria de perfumaria, que não sofre interferência do fator clima, apresentou um excelente resultado no período.
Despesas operacionais pressionam
A participação das Despesas Operacionais sobre a receita líquida de varejo apresentou um aumento de 2 p.p. a/a, atingindo 38,5% nesse 3T22.
Apesar de as Despesas com Vendas diluírem -0,8 p.p. a/a ─ reflexo de maiores volumes de vendas e ganho de eficiência nos gastos com publicidade e fretes no canal digital ─, as Despesas Gerais e Administrativas pesaram nesse trimestre, devido a maiores gastos atrelados ao novo CD de Cabreúva e investimentos no ecossistema de moda e lifestyle.
O maior PDD, frente ao aumento da inadimplência da carteira de crédito no período, impactou a margem operacional da Renner nesse 3T22. No final de setembro, a financeira Realize realizou uma cessão de direitos creditórios sem coobrigação da carteira baixada em perdas para uma parte não relacionada. O valor do write-off foi de R$ 23,8m, sendo contabilizado como uma reversão de créditos líquidos nesse trimestre.
Com isso, a Renner registrou um EBITDA Total de R$ 459m (+5,0% a/a; -6,0% Est. Genial), apresentando uma retração de margem EBITDA de 80 bps a/a, a 17,6%.
Munição para o lucro líquido?
Com um caixa bilionário de R$ 4,4b e um CDI médio de 13,4%, a aplicação financeira por si só faz um milagre para a última linha da lojas Renner. Esse fator somado a menor alíquota efetiva de IR/CSLL ─ reflexo da subvenção para investimento com base na Lei Complementar 160 e de créditos ao incentivo de inovação tecnológica (Lei do Bem) ─ beneficiou o lucro líquido da varejista.
A Renner apresentou um lucro líquido 25% acima de nossas expectativas, registrando R$ 258m (+50% a/a) no 3T22.