Conclusão
Como bem ressaltado em nossa última nota, tínhamos altas expectativas em relação ao eventual anúncio de privatização da empresa – algo que infelizmente não aconteceu (para maiores detalhes sobre a nossa opinião sobre o tema, clique aqui e leia a nossa nota sobre o último resultado trimestral – “E ai, Ratinho Jr, vamos privatizar?”) . Nossas expectativas estavam elevadas após a conclusão da privatização da Copel, que aconteceu no último dia 09 de agosto de 2023 e pelo fato de ainda faltarem mais de três anos para o término do mandato do atual governador.
Em relação as informações divulgadas ao longo da apresentação, achamos as informações divulgadas ao longo da apresentação e na parte de perguntas e respostas dos analistas e investidores como neutras para tese da empresa.
Em relação a parte de novos negócios, ainda que tenhamos grande admiração pela iniciativa da empresa, não foram divulgados nenhum guidance de receitas por parte dos negócios para conseguirmos avaliar o impacto nas receitas ou lucros. Em relação aos dividendos, a diretoria anunciou que pode avaliar o pagamento dos dividendos com maior periodicidade ou até mesmo uma eventual re-alavancagem por parte da empresa, mas sem grandes esperanças de qualquer conclusão por agora. Outro ponto mencionado foi o pagamento por parte do governo federal em um tema relacionado a questões tributárias da empresa para com a União. Apesar dessa questão já possuir um valor tido como incontroverso (c. R$3,6 bilhões), a diretoria mencionou que esse pagamento deve ser considerado um precatório e a sua evolução também não deve ser imediata. Por último, citamos a migração da empresa para o Livre Mercado de Energia, com economia esperada por ano de até R$39,8 milhões até R$417 milhões acumulados até 2028 – chama muito a atenção, mas é importante mencionar que “Custo com Energia Elétrica” é considerado custo não gerenciável. Ou seja, os ganhos devem ser repassados para tarifa da empresa.
Novos Negócios
A empresa citou uma ampla gama de serviços adjacentes ao serviço de água e esgoto como potencialidades interessantes para os negócios da empresa. Citamos aqui o uso agrícola do lodo do esgoto, biofertilizantes, energia, água e reuso e outros. Em relação a essa questão, citamos dois pontos: I) não foi anunciado a receita potencial de tais negócios e II) parte da receita desses negócios deveriam ser utilizadas para fins de modicidade tarifária, o que acabaria por retirar a viabilidade de tais projetos e afastar eventuais parceiros. Sob esse segundo tópico, ainda está em discussão o tema como regulador.
Apesar dos pesares, somos céticos quanto a possibilidade desses negócios gerarem valor representante para empresa no curto prazo. Em nossa leitura, toda e qualquer driver de valor que fuja da essência do negócio da empresa não deve trazer impacto relevante para empresa.
Migração para o Mercado Livre de Energia
Ainda de acordo com a apresentação, a empresa finalmente realizou a sua migração para o mercado de livre de energia e, a partir de agora, deve começar a comprar energia a preços mais interessantes. Até 2028, a economia anual deve alcançar R$417 milhões. É importante mencionar que o custo com energia elétrica faz parte da parcela A, ou seja, é um custo não-gerenciável. Custos não-gerenciáveis são totalmente repassados para tarifas, tanto para cima quanto para baixo. Ou seja, o benefício de tal redução deve ser apropriada pelo acionista de maneira indireta: tarifas mais baixas devem impulsionar o consumo, desestimular perdas não-técnicas e inadimplência.
E a indenização?
Outro ponto mencionado foi o pagamento por parte do governo federal em um tema relacionado a questões tributárias da empresa para com a União. Apesar dessa questão já possuir um valor tido como incontroverso (c. R$3,6 bilhões), a diretoria mencionou que esse pagamento deve ser considerado um precatório e a sua evolução também não deve ser imediata e deve tomar tempo até a sua conclusão.
Dividendos
Dentre as perguntas enviadas pelos analistas e investidores, foi questionado a possibilidade de a empresa realizar pagamento de dividendos de maneira mais periódica e eventualmente até se realavancar, ou seja, passar a pagar mais dividendos e operar com um endividamento maior. A diretoria argumentou que essa possibilidade pode ser apreciada ao longo do tempo a depender de necessidade de investimentos, fluxo de caixa e outras variáveis. Por enquanto, o pagamento de dividendos deve seguir em até 60 dias depois da Assembleia Geral Ordinária.