Seguimos com nossa recomendação de MANTER para as ações da Sanepar. A companhia mais uma vez excedeu tanto nossas expectativas quanto as do mercado. Beneficiada pela onda de calor que atingiu o Brasil no último trimestre de 2023 e no começo desse ano de 2024 e pelo reajuste tarifário no meio do ano passado, a Sanepar conseguiu entregar um resultado surpreendente, alcançando um ROE de 15,7%, o mais elevado do setor.
Embora gostemos dos resultados da Sanepar, entendemos que o elemento catalisador que poderia elevar a empresa a um novo nível de negociação seria sua privatização. A privatização poderia trazer grandes benefícios para a Sanepar, incluindo ganhos de eficiência e aprimoramento da governança, o que potencialmente elevaria o valor da empresa para, no mínimo, o equivalente ao valor de sua Base de Ativos Regulatórios (atualmente cotada a 0,7x da base de ativos regulatória), representando uma valorização de mais de 60% em relação às cotações atuais, dependendo do interesse dos investidores. Enquanto aguardamos mais progressos do governo estadual nesse sentido, estamos preparando uma atualização da nossa análise sobre a empresa, que deverá ser divulgada em breve. Por enquanto, reiteramos nossa recomendação de MANTER.
Detalhamento dos Resultados
Resultado reportado acima das nossas estimativas e do consenso. A Sanepar obteve uma receita operacional líquida de R$1.698 bilhão, um aumento de 16,8% a/a, impulsionado pelo reajuste tarifário de 8,23% a partir de maio de 2023 e pela onda de calor que atingiu o Brasil no trimestre passado, que elevou o consumo de água em todo o país. O EBITDA da companhia teve um aumento de 16,6% a/a, totalizando R$774 milhões, margem de 45,6%. Na parte operacional, a companhia registrou aumento no número de economias atendidas, 0,7% para ligações de água e 2,7% para esgoto e aumento no volume faturado de água de 8,4% a/a e, 7,9% a/a para o esgoto.
Custos e despesas operacionais registraram aumento de 16,6% com relação ao 1T23, totalizando R$1.057 milhões, em função principalmente do reajuste salarial de 5,5%, pelo aumento do gasto com energia elétrica derivado do reajuste tarifário e por aumento com gastos em serviços de terceiros. O resultado financeiro totalizou R$74 milhões negativos, aumento de 5,7% a/a, devido ao aumento do volume da dívida.
Os investimentos do trimestre totalizaram R$424 milhões, aumento de 5,4% a/a. O endividamento da companhia fechou o trimestre em 1,5x Dívida líquida/EBITDA e grau de endividamento da companhia em 48,9%. Por fim, a companhia obteve um lucro líquido de R$379 milhões, aumento de 18,7% a/a.