Aguardando boas notícias.
Seguimos com a recomendação de MANTER para as ações da Sanepar. Nesse trimestre, a companhia apresentou resultados em linha com nossas estimativas e do consenso de mercado. Como em outros trimestres, a Sanepar apresentou um resultado com melhora operacional em todas as linhas, finalizando o trimestre voltando ao seu pico de rentabilidade em termos históricos, de 15,3% (ROE), a melhor do setor.
Ainda sim, um dos fatores que levam a empresa a negociar com o maior desconto do setor é o risco regulatório do órgão regulador estadual, que não reconheceu integralmente os investimentos e a inflação acumulada ao longo do período na 2° revisão tarifária, resultando em uma base de remuneração regulatória abaixo do que o esperado e, uma tarifa menor do que em teoria a sua base real garantiria, o que acaba por destruir valor da companhia, diminuir sua capacidade de investimento e aumentar o risco sobre o case da companhia. Sendo assim, nossa tese segue intocada: por mais redondo que seja o resultado, achamos que a empresa deverá seguindo com desconto estrutural em relação aos pares devido a maior percepção de risco regulatório.
Com a conclusão da privatização da Copel, acreditamos que isso possa abrir uma oportunidade para que o governo do Paraná inicie o processo de privatização da Sanepar. Afinal de contas, estamos no segundo semestre do primeiro ano de mandato do Governo reeleito. Acreditamos que a privatização seria muito positiva para a Sanepar, com a empresa buscando por ganhos de eficiência e melhor governança, o que deveria fazer com que a empresa passasse a valer, no mínimo, o valor de sua Base de Ativos Regulatórios (hoje negocia à 0,42x da base de ativos regulatória), uma valorização que passaria de 70% em relação as cotações atuais a depender do apetite dos interessados. Enquanto esperamos por mais avanços do governo estadual nessa direção, seguimos com a recomendação de MANTER.
Detalhamento dos Resultados
Resultado reportado acima das nossas estimativas e do consenso. A Sanepar obteve uma receita operacional líquida de R$1.53 milhões, um aumento de 13% a/a, impulsionado pelo reajuste tarifário de 8,23% a partir de maio de 2023. O EBITDA da companhia teve um aumento de 50% a/a, totalizando R$663 milhões, margem de 43%. Na parte operacional, a companhia registrou aumento no número de economias atendidas, 1,4% para ligações de água e 2,7% para esgoto e aumento no volume faturado de água de 7,3% a/a e, 9% a/a para o esgoto.
Custos e despesas operacionais registraram redução de 3,1% com relação ao 2T22, totalizando R$990 milhões, em função da redução dos custos com energia elétrica (21% a/a), e redução dos custos em Perdas na Realização de Créditos e repasses ao Fundo Municipal. O resultado financeiro totalizou R$46 milhões negativos, redução de 28% a/a, devido ao aumento de rendimentos com aplicação financeira e redução de variações monetárias.
Os investimentos do trimestre totalizaram R$477 milhões, aumento de 16% com relação ao 2T22. É válido ressaltar que a Sanepar tem dificuldade em ter seus investimentos reconhecidos pelo órgão regulador, como visto pelos números da 2° Revisão Tarifária.
O endividamento da companhia fechou o trimestre em 1,8x Dívida líquida/EBITDA e redução do grau de endividamento da companhia para 48%. Por fim, a companhia obteve um lucro líquido de R$320 milhões, aumento de 9,5% a/a.