No 1T24, esperamos que o Santander apresente um lucro líquido de R$ 2,8 bilhões, refletindo um crescimento de 27,6% em relação ao trimestre anterior (t/t) e de 31,4% em relação ao mesmo período do ano anterior (a/a). Apesar do bom desempenho do lucro, prevemos que a rentabilidade (ROE) ainda permanecerá relativamente baixa, atingindo apenas 12,8%, aumento de +2,65 pp t/t e +2,56 pp a/a.
Esperamos que o trimestre seja beneficiado por uma melhora no nível de provisão para devedores duvidosos e um nível de despesas mais normalizado. Além disso, acreditamos que neste trimestre a margem com mercado volte finalmente a ficar no positivo, deixando de ser um detrator da linha de receita como ocorreu ao longo de 2023. Ademais, acreditamos que a alíquota de imposto continuará em níveis baixos (próximo de 5%), mas revertendo o crédito fiscal que o banco apresentou nos últimos trimestres (imposto contribuindo para o lucro).
Para o ano de 2024, esperamos uma recuperação gradual do lucro e consequentemente da rentabilidade, puxado por uma melhora na receita líquida de juros (principalmente a margem com mercado) e provisões nominalmente estáveis. Estimamos um lucro de R$ 13,3b, aumento de (+36,3% a/a), com um ROE de 14,7% (+3,26pp a/a).
Apesar do sinal de melhora, acreditamos que as ações do Santander já estão devidamente precificadas, principalmente quando olhamos para seus pares. Negociando a 7,7x P/L 24E e 1,1x P/VP 24E, reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo de R$ 31,8.
Carteira de crédito: Crescimento gradual
Para o ano de 2024, esperamos que a carteira de crédito do Santander cresça 8,5% a/a, chegando a R$ 560b. No entanto, acreditamos que o ritmo de expansão deve ser gradual ao longo do ano, levando a um aumento no 1T24 de apenas 5,4% a/a e 2,0% t/t, totalizando R$ 527b.
Esperamos que o banco continue com a estratégia de crescer em certos segmentos específicos como consignado, veículos (parceria com Stellantis e BYD) e pequenas e medias empresas (PME).
Receita de juros (NII): Margem com mercado positiva
Estimamos que a receita total de juros (NII) cresça 11% a/a e 3,8% t/t no 1T24, chegando a R$ 14,6b. Acreditamos que o NII Clientes deva apresentar um crescimento mais fraco de apenas 1,2% a/a e 0,6% t/t devido ao impacto da queda dos juros. Por outro lado, esperamos uma significativa melhora do NII Mercado que, segundo nossas projeções, deve ficar positivo em R$ 100 milhões (vs -R$ 1,1b no 1T23 e -R$ 263m no 4T23).
Receita com tarifas: Patamar tímido
Acreditamos que a receita com tarifas continue crescendo no mesmo ritmo neste 1T24, com uma expansão de 5,2% a/a, apesar de uma queda de -9,8% t/t anterior, devido à sazonalidade. Esperamos que a receita com tarifas totalize R$ 4,9 bilhões.
Provisão (PDD): Melhora t/t e a/a
Para o 1T24, esperamos que a provisão para devedores duvidosos (PDD) fique em R$ 6,3b (-8,2% t/t e -7,2% a/a). Para o ano, esperamos que a linha fique nominalmente estável em relação a 2023, em R$ 25,1b (-0,2% a/a), apesar do crescimento da carteira e do modo risk-on em alguns segmentos do banco.
Despesas administrativas: Menor t/t
Para as despesas administrativas totais, esperamos uma queda de 6,9% t/t devido aos efeitos de sazonalidade que ocorrem no último trimestre do ano, mas com expansão de 4,7% a/a. Para 2024, esperamos um aumento de 5,2% a/a, próximo a inflação.
Imposto: Ainda baixo
Diferentemente do trimestre passado (4T23), acreditamos que o imposto será redutor de lucro no 1T24, com uma alíquota de imposto efetiva de 5,5%, ainda baixa mas voltando gradualmente a ser uma despesa. Esperamos que a alíquota de imposto aumente gradualmente a cada trimestre a medida que o banco volte a gerar mais lucro tributável, finalizando o ano com uma alíquota de 19,6%.