Dentre os grandes bancos, a dinâmica de lucro para o Santander é a que menos nos anima. A elevação da inadimplência e menor cobertura devem continuar pressionando provisões no trimestre e ao longo do ano e consequentemente o lucro do banco. Do lado das receitas, a sensibilidade a curva de juros deve continuar comprimindo o NII (receitas de juros), dada queda a/a da margem com mercado.
Em função da tendência mais fraca de receitas e elevação das provisões, esperamos um crescimento de lucro modesto de mid single digits (5%) para o ano. Reconhecemos que a ação não está cara ao valuation de 1,21x P/BV 22 e 6,2x P/E 22. Entretanto, dado valuation atrativo em todo o setor e melhor dinâmica de crescimento de lucro para os próximos anos nos comparáveis, seguimos preferindo outros papéis no setor. Em função do cenário menos favorável e preferência por outros bancos, reiteramos a recomendação de MANTER.
Crédito: ainda fraco, mas acelerando t/t
No 2T esperamos que o Santander continue crescendo abaixo dos pares, após rever sua exposição a clientes em linhas de crédito mais arriscados, iniciada ainda em 2021. Apesar do excelente trabalho apresentado pelo banco nos últimos anos, a expectativa de normalização da inadimplência em 2022 tende a gerar maior conservadorismo pelo Santander. O maior conservadorismo é resultado do mix mais concentrado em crédito para PF (pessoa física), cuja inadimplência é mais elevada. Dentre os 4 grandes bancos, o Santander é o que tem maior exposição a crédito para PF (59% da carteira). No comparativo t/t, esperamos aceleração do crédito, dada base comparativa mais fraca no 1T em função da sazonalidade. Para o ano, esperamos um crescimento de mid to high single digits (5-10%) da carteira de empréstimos.
NII: em linha com a carteira
Assim como vimos no 1T, a margem com clientes deve seguir apresentando uma dinâmica positiva e a margem com mercado deve seguir pressionada. A margem com clientes vem sendo beneficiada pelo melhor spread e do mix de produtos. Esperamos uma margem com clientes crescendo em torno de 20% a/a no 2T.
A margem com mercado fraca é resultado da sensibilidade negativa a movimentos da curva de juros. Assim como explicamos no relatório de resultado do 1T, o Santander pré-estabelece a remuneração do capital de giro na margem com clientes no começo do ano. Em 2021, a remuneração foi marcada na faixa dos 2% e o diferencial para a taxa efetiva (4-5%) circulou margem com o mercado. Em 2022, a taxa inicial de remuneração foi fixada em torno de 11-12%, gerando menor impacto na margem com mercado pelo patamar ser mais próximo a taxa efetiva. Para o ano, esperamos que o NII cresça em linha com a carteira.
Provisão: pagando a conta da menor cobertura
A provisão deve continuar pressionada no ano, potencialmente apresentando uma melhora no final do ano. O Santander tem o menor índice de cobertura entre os grandes bancos, exigindo um maior provisionamento para compensar o ciclo de alta da inadimplência.
Se por um lado a revisão da exposição a clientes de maior risco gera um menor crescimento da carteira neste ano, ela poderá beneficiar a inadimplência e provisão mais a frente. Os benefícios devem ter maiores impactos nos resultados em 2023. No entanto, esperamos que no 2T e 3T os níveis de provisão ainda sejam semelhantes ao do 1T.
Tarifas: positiva, mesmo com saída da Get
Puxada pela inflação, consumo e recuperação da economia, esperamos um bom desempenho para a linha de serviços com crescimento a/a de mid single digits. O resultado é positivo se considerarmos a base comparativa mais forte de 2021, que inclui a Getnet.
Custo: crescimento limitado a inflação
As despesas devem se manter sob controle no 2T, principalmente com o objetivo de compensar o dissídio de salários do 2S. Esperamos despesas flat (estáveis) t/t. Neste ano, o dissídio de salários pode chegar a low double digits (10%-15%) mais uma vez com a pressão inflacionária. Em 2021 os bancários tiveram um reajuste de 10,97%. O dissídio ocorre em setembro, gerando um impacto parcial no 3T e completo no 4T.