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    Publicado em 23 de Julho às 22:37:13

    Santander (SANB11) | Prévia 2T23: Sem sinais de alívio, retomada gradual somente no segundo semestre


    Acreditamos que o 2T23 do Santander continuará em níveis fracos, apresentando uma rentabilidade (ROE) de apenas 10,4% e um lucro líquido de R$ 2,19b, aumento de 2,3% t/t e queda de 46,4% a/a. Para este trimestre, esperamos dois eventos que nossos números não incorporam (i) entrada do valor da venda de parte da Web Motors no montante bruto de R$ 1,24b e (ii) a possível provisão para fins fiscais que foi revertido no trimestre passado no montante de R$ 4,2b. Ainda não sabemos o montante da reversão fiscal a ser feita nesse trimestre. No trimestre passado, o banco havia revertido as provisões fiscais e constituído o mesmo montante em provisões para crédito (vide Resultado 1T23). Mas logo na sequência, a decisão se provou prematura, pois o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela incidência de PIS e COFINS sobre receitas financeiras ocorridas antes de 2014, então esperamos que o banco volte a constituir essas despesas ao longo do tempo. De qualquer forma, o trimestre deve continuar pressionado nas linhas de provisão para crédito com a inadimplência ainda em alta, tesouraria com resultados negativos por conta da Selic elevada e a margem com clientes (NIM clientes) sob pressão por conta de um mix mais cauteloso, por isso esperamos mais um ano de lucros decrescentes.  

    Estimamos que a carteira de crédito continuará com uma visão mais seletiva e consequentemente com um ritmo de crescimento mais lento, buscando reduzir os níveis de inadimplência que, em nossa visão, não devem entrar em consolidação neste trimestre, apresentando mais um resultado com alta no indicador. Com isso, o spread deve ficar estável com a introdução de produtos menos arrojados como o crédito consignado, além da margem com mercado permanecer em níveis negativos e sem melhora significativa em relação ao 1T23. Esperamos que os resultados do banco comecem a vir melhores a partir do segundo semestre do ano.  

    Revisamos nossa projeção de lucro para 2023, saindo de R$ 11,65b para R$ 11,18b (-4%) devido as nossas expectativas de que a carteira de crédito deve crescer menos que nossas projeções anteriores, pressionando em parte a margem financeira, que também deve ser impactada por spreads mais estáveis e recuperação relativamente lenta da margem com mercado, além das receitas de tarifas continuarem mais pressionadas. Ainda, acreditamos que as provisões devem melhorar em um ritmo mais lento com dados de inadimplência ainda elevados. 

    Dessa forma, continuamos com uma visão mais negativa para o Santander e reiteramos nossa recomendação de VENDER com preço alvo de R$ 27,0. Entendemos que os múltiplos de 10x P/L 23E e 1,28x P/VP 23E estão atrativos historicamente, mas não vemos ainda gatilhos para valorização das ações no curto prazo e encontramos alternativas no setor com valuation mais interessantes.  

    Carteira de Crédito: Engatando um ritmo mais lento 

    A carteira de crédito deve seguir com o viés dos trimestres passados com um apetite de risco mais restrito. Acreditamos que o crescimento da carteira será de apenas 1,6% t/t e 8,5% a/a, devido a maior seletividade do portfólio principalmente no segmento de pessoas físicas. Revisamos o crescimento para o ano de 2023 para 7,6%, uma redução de 1,0pp em relação as nossas projeções anteriores devido a nossa expectativa de maior controle das originações com a inadimplência ainda elevada. 

    Receita de Juros (NII): Impactado pela carteira e spreads 

    Estimamos que a receita de juros (NII) terá um leve incremento na comparação trimestral de apenas 0,4%, já na comparação anual o crescimento seria de 3,4%, crescimento abaixo da evolução da carteira. O fraco movimento trimestral deve ocorrer pela manutenção dos spreads com a introdução de produtos menos arriscados e menor spreads visando controlar a inadimplência e baixo crescimento da carteira. Estimamos também que o NII mercado (tesouraria) terá uma melhora marginal neste trimestre em relação ao 1T23 devido as reprecificações de ALM (Asset Liability Management) do banco.  

    Receita com Tarifas: Pressionada 

    Acreditamos que a receita de tarifas continuará bem pressionada para o 2T23, com um possível alívio no final do trimestre com a retomada do mercado de capitais após os eventos de Americanas e outros casos de recuperações judiciais, além do crescimento de seguros e consórcios. Por outro lado, acreditamos que cartões continuará pressionado devido ao banco estar realizando uma maior seletividade para o produto, além de tarifas de conta corrente estarem mais pressionadas por demandas de contas gratuitas e PIX. Dessa forma, projetamos um crescimento de apenas 2,4% t/t, mas com queda de 1,5% a/a. 

    Provisão (PDD): Novas safras devem aliviar 

    Estimamos que a provisão deve vir melhor que o trimestre passado com as novas safras performando melhor e com um mix mais conservador. Em nossas projeções, acreditamos que as novas safras já devem representar próximo de 60% da carteira de crédito, além da carteira pessoa física estar colateralizada em aproximadamente 65%. Assim, acreditamos que a PDD tenha uma redução de 2,6% t/t, mas com expansão de 14,7% a/a. 

    Despesas Administrativas 

    Projetamos as despesas administrativas em R$ 7,4b, com aumento de 5,5% t/t e 11,5% a/a. Acreditamos que o crescimento anual seja impulsionado, principalmente, pelo dissídio do final do ano passado, enquanto a expansão trimestral deve ser puxada pelas despesas gerais. Para o ano, projetamos as despesas crescendo em linha com a inflação.  

    Imposto: Beneficiado pelo JCP 

    O imposto deve ficar em uma alíquota de apenas 16,5% para o trimestre devido ao benefício do pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP).  

    Não recorrentes 

    Nossas projeções para o 2T23 não consideram dois eventos recorrentes que podem acontecer neste trimestre: (i) a entrada do valor da venda da Web Motors em um montante total bruto de R$ 1,24b e (ii) possível provisionamento de PIS e COFINS referente a reversão realizada no trimestre passado no montante de R$ 4,2b após o STF ter dado voto desfavorável para os bancos (para mais informações vide: Resultado 1T23: Rentabilidade ainda aquém, mas com um reforço extra de balanço e Bancos | Decisão do STF sobre PIS e COFINS: Santander pode reduzir o lucro em 21%). Dessa forma, os valores a serem reportados no trimestre podem ser bem divergentes das nossas expectativas. 

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