Após um desempenho superior às nossas expectativas e ao consenso do mercado no 1T24, com um ROE de 14%, projetamos que o 2T24 continuará a mostrar sinais de recuperação de rentabilidade. No entanto, acreditamos que essa recuperação ocorrerá de forma mais gradual, sem grandes surpresas. Para o 2T24, projetamos um lucro líquido recorrente de R$ 3,24b, representando um aumento de 7,5% t/t e 40,6% a/a. Esperamos uma leve expansão t/t no ROE de +0,85 pp t/t e +3,67pp a/a para 14,6% — embora em processo de melhora, o desempenho ainda está abaixo dos níveis históricos do banco.
Para o trimestre, estimamos que a carteira de crédito apresente uma leve aceleração em relação ao 1T24, com a retomada em linhas mais agressivas como Pequenas e Médias Empresas. No entanto, acreditamos que os spreads devem continuar mais pressionados devido a um mix ainda conservador e efeitos no funding devido a curva de juros, assim, estimamos que a receita líquida de juros (NII Clientes) deva apresentar pouca evolução em relação ao trimestre anterior (t/t). Além disso, esperamos que a tesouraria (NII Mercado) não tenha grande variação t/t devido a volatilidade na marcação a mercado.
Do lado mais positivo, acreditamos que a linha de serviços (fees) deve continuar com forte desempenho após as reconciliações realizadas no trimestre passado; as despesas devem ficar relativamente estáveis devido a busca por eficiência com o fechamento de algumas agências; e a provisão para devedores duvidosos (PDD) deve ficar controlada com a inadimplência estável.
No geral, esperamos que o Santander apresente uma melhora gradual ao longo dos trimestres, com um lucro líquido estimado para 2024 de R$ 13,46b (+38,1% a/a) e um ROE de 15%. No entanto, acreditamos que os resultados do ano ainda estão aquém do verdadeiro potencial do banco. Enxergamos as ações sendo negociadas a múltiplos mais justos em relação a seus pares. O Santander negocia com um P/VP 2024e de 1,1x, P/L 2024e de 7,6x e P/L 2025e de 6,49x.
Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo de R$ 31,80 (upside de 12%). Nosso preço-alvo leva em consideração o modelo de Gordon Growth com um ROE na perpetuidade de 17,3%, crescimento (g) de 8% e custo de capital próprio de 14,6%.
Santander (SANB1) | Prévia 2T24: Lucro melhorando aos poucos
Carteira de crédito: Retomando em linhas mais agressivas
Esperamos uma leve aceleração da carteira de crédito em relação ao trimestre anterior, puxado por uma maior originação em Pequenas e Médias Empresas (PMEs), enquanto o banco deve continuar mais seletivo nos demais produtos. Nossas projeções para o 2T24 levam a um montante de R$ 530,9b (+1,0% t/t e +6,3% a/a).
Receita Líquida de Juros (NII): Pressionado
Estimamos que a receita líquida de juros (NII) fique em R$ 15b no 2T24, aumento de +2,1% t/t e +13,2% a/a. O NII Clientes deve continuar pressionado pelos níveis de spreads mais comprimidos devido a um mix não tão positivo e efeitos no funding com impacto da curva de juros, assim estimamos um montante de R$ 14,75b (+2,1% t/t e +4,9% a/a). Já para o NII Mercado não esperamos grande evolução devido a possíveis volatilidades com marcação a mercado, levando a um valor de apenas R$ 340m (+2,1% t/t e reversão do valor negativo de -R$736m no 2T23).
Receita com tarifas: Boa expansão após reconciliação
Após a reconciliação da linha de receita com tarifas realizada no 1T24, esperamos um movimento atrativo para o 2T24 devido a base comparativa mais fraca de 2023. Assim, estimamos uma boa expansão de +3,5% t/t e +14,6% a/a, chegando a R$ 5,0b. Mas lembrando que a reconciliação do banco mudou o entre linhas de receita de serviços com outras linhas de NII e despesas.
Provisão (PDD): Controlada
Acreditamos que a provisão para devedores duvidosos (PDD) deve ficar mais controlada para este trimestre devido ao desempenho positivo que as novas safras vêm apresentando. Assim, estimamos que a PDD fique em R$ 6,1b no 2T24, aumento de apenas +1,6% t/t e +2,4% a/a.
Do lado da inadimplência, estimamos que deve ficar estável t/t em 3,2%, devido ao desempenho mais positivo das novas safras, principalmente em pessoas físicas.
Despesas administrativas: Em busca de melhora do índice de eficiência
Esperamos que as despesas administrativas fiquem sob controle em R$ 7,75b, aumento de +1,6% t/t e +6,5% a/a, levando a uma melhora de -0,5pp t/t e -3,6pp a/a no índice de eficiência, fechando em 38,7%. Acreditamos que o trimestre pode ser beneficiado por novas reduções em números de agências, enquanto as despesas com pessoal devem continuar mais pressionadas na comparação anual devido ao dissídio que ocorreu em set/23.
Imposto: Ainda baixo
Esperamos que a alíquota de imposto do Santander fique em 14,6% para o 2T24, beneficiado pelo pagamento de JCP em relação a um resultado operacional ainda fraco.