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    Publicado em 25 de Abril às 14:46:22

    Santander (SANB11) | Resultado 1T23: Rentabilidade ainda aquém, mas com um reforço extra de balanço

    O Santander reportou mais um resultado fraco, bem inferior ao seu nível histórico não tão distante e possivelmente bem abaixo de alguns pares nesse trimestre. O ROE continuou aquém do benchmark de 18-20%, rodando com uma rentabilidade fraca de 10,3%, 1,3pp abaixo das nossas projeções. O lucro líquido de R$ 2,14b veio 12% abaixo das nossas estimativas de R$ 2,4b, em linha do consenso de mercado, queda de 47% a/a, mas com uma melhora 27% em relação ao 4T22, quando o banco provisionou 30% de sua exposição de R$ 3,65b em Americanas.

    Neste trimestre, o banco teve uma reversão relevante de provisão tributária de +R$ 4,2b, que foi usado para reforçar o balanço na linha de provisão. Tratadas como não recorrentes, a provisão extra melhorou os índices de cobertura do banco.

    O trimestre ainda fraco foi marcado principalmente por:

    • Margem Financeira Bruta: apesar da melhora t/t, o comparativo anual caiu -9,4% a/a por conta do resultado de tesouraria ainda negativo.
    • Tarifas: apresentou queda considerável t/t devido a sazonalidade de cartão e maior seletividade nas operações. A evolução anual, apesar de positiva, foi de apenas 1,8% a/a, rodando abaixo da inflação;
    • Provisões: ainda continua em patamares elevados, sendo puxado pelas safras antigas, principalmente carteira de pessoa física devido ao mix;
    • Outras receitas/despesas: apresentaram um aumento considerável de +57% t/t e +17,5% a/a, devido a maiores gastos com comercialização de cartões e outros;
    • Despesa de Pessoal: as despesas aumentaram 11,4% a/a e 4,3% t/t, acima da inflação;
    • Imposto: a alíquota de imposto foi positiva, fruto do benefício fiscal do JCP.

    Esperamos que a rentabilidade do banco deve continuar fraca nos próximos trimestres, sem grandes gatilhos na nossa visão, mas com uma evolução gradual ao longo do ano. A rentabilidade deve continuar pressionada pela inadimplência sob pressão e os resultados de tesouraria devem continuar detratores da receita. No momento, reiteramos nossa recomendação de VENDER com preço alvo de R$ 27,0, preferindo outras escolhas no setor como o Itaú.

    Crédito

    A carteira de crédito (não ampliada) apresentou um total de R$ 500b (+10% a/a e +2% t/t), sendo que a companhia vem crescendo nas linhas menos arriscadas como o consignado para pessoa física (+14,4% a/a e +3,4% t/t), além da carteira pessoa física alcançar 65% de colateralização. As novas safras, originadas a partir de jan/22, já representam 54% da carteira de crédito total.

    Após o caso Americanas que propiciou a desaceleração do mercado de capitais e uma maior restrição de oferta de crédito, o Santander aproveitou o aumento dos spreads bancários para expandir a carteira de grandes empresas, com alta de +18,8% a/a e +6,7% t/t.

    Receita com juros

    A receita com juros (NII) apresentou um total de R$ 12,55b (-9,4% a/a e +5,3% t/t), sendo impactado positivamente t/t pela margem com clientes que teve melhores volumes em crédito e spreads, crescendo 3,9% t/t e 3,3% a/a. Por outro lado, ainda temos a margem com mercado (tesouraria) que apresentou um resultado negativo de R$ 1,17b devido a sensibilidade negativa à curva de juros, mas que apresentou uma melhora de 7,5% t/t.

    Receita de serviços

    As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias apresentaram um total de R$ 4,7b (+1,8% a/a e -7,4% t/t). A companhia continua mais seletiva em cartões, focando em clientes com melhor perfil de risco, fazendo com que a linha apresentasse um aumento de apenas +1,7% a/a. O destaque positivo no ano veio de maiores receitas nas operações de crédito (+16,4% a/a) e conta corrente (+3,7% a/a). Já a queda trimestral foi puxada pelo efeito sazonal de início de ano de cartões.

    Inadimplência

    A inadimplência acima de 90 dias apresentou um leve aumento de 0,09pp t/t, impactado pelas safras antigas. Os indicadores das novas safras têm apresentado qualidade superior às safras anteriores, com NPL 90 dias chegando a 2,8% nas safras novas vs 3,6% das antigas. Na conferência de resultado, o CEO Mario Leão, comentou que não espera uma deterioração material para os próximos períodos, mas o banco não quis se comprometer em uma data em que a inadimplência chegaria ao seu pico neste ciclo de crédito.

    O banco apresentou uma melhora significativa de 14pp no índice de cobertura, que foi impulsionado pela reversão de provisão de PIS e COFINS ocorrida no trimestre, reforçando o balanço da instituição com R$ 4b em provisões de crédito. Incluindo este reforço, a provisão de crédito bruta fica em R$ 11b.

    Despesa com provisão

    A despesa de provisão continua elevada, atingindo o total de R$ 6,02b no 1T23 (+42,7% a/a e –9,8% t/t), sendo impactado pelas safras antigas, principalmente por conta do segmento pessoa física (PF), dado o crescimento da carteira e mix de 60% em PF. Ainda, a empresa fez um reforço de provisão para crédito duvidoso com a reversão de R$ 4,2b em tributos.

    A reversão foi um evento extraordinário referente as provisões de riscos ficais de PIS/Cofins, cuja avaliação de perda foi classificada como possível, não havendo a necessidade de provisionamento, o que resultou no montante de R$ 4,2b.

    Despesas administrativas

    A despesa administrativa total atingiu o montante de R$ 7,16b (+0,7% a/a e -3,7% t/t), sendo puxada pelas despesas com pessoal que foi impactada pelo acordo coletivo aplicado na base salarial da instituição a partir de set/22. Por outro lado, as despesas gerais apresentaram uma melhora t/t devido principalmente aos menores gastos com processamento de dados, serviços técnicos especializados e de terceiros, além de propaganda devido ao efeito sazonal do trimestre.

    Impostos

    O imposto auxiliou na composição do resultado, vindo positivo em R$ 273m. A menor alíquota de imposto se deu principalmente pelo pagamento de R$ 1,5b em JCP.

    Capital

    O índice de Basiléia apresentou uma redução de 0,1pp no trimestre, ficando em 13,8%, devido ao aumento dos ativos ponderados pelo risco (RWA). Por outro lado, o capital nível 1 se manteve estável t/t em 10,8%, ainda em níveis confortáveis.

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