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    Publicado em 26 de Julho às 12:57:15

    Santander (SANB11) | Resultado 2T23: Sem reconstituição completa, ROE continua pressionado

    O resultado do Santander veio fraco frente ao seu histórico, reportando um lucro líquido de R$ 2,3b, levemente acima (+5%) de nossas estimativas, mas abaixo (-6%) do consenso de R$ 2,46b. A rentabilidade (ROE) continuou fraca em 11,2%, mas com uma melhora de 0,7pp frente ao 1T23. Considerando os eventos não recorrentes do trimestre, o lucro ficou em R$ 2,26b, marcado por: 

    • Venda da Web Motors (+R$ 1,1b); 
    • Provisionamento para fins fiscais (-R$ 2,7b); 
    • Reversão de crédito duvidoso (+R$ 1,5b). 

    Importante destacar que essa movimentação de reversão da provisão de crédito duvidoso consumiu o índice de cobertura em 30pp t/t, saindo de 244% no 1T23 para 214%, na visão da empresa. 

    Apesar do resultado ainda fraco do banco, puxado por um ritmo mais lento de evolução das receitas, começamos a ver alguns sinais de possível melhora como uma redução das provisões de crédito duvidoso (PDD) e melhora na margem com mercado (tesouraria), ambos na comparação trimestral. Assim, podemos começar a ver alguma melhora gradual a partir do segundo semestre do ano, principalmente caso ocorra um corte da taxa de juros.  

    Por outro lado, no 1T23 o banco fez uma reversão de R$ 4,2b de provisões fiscais, a qual demonstrou ser uma movimentação não assertiva, já que teve que realizar novamente o provisionamento neste trimestre após o julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre PIS e COFINS.  

    Neste trimestre, o Santander voltou a provisionar o valor revertido no trimestre passado, mas com um montante de apenas R$ 2,7b (referente as coligadas), tendo uma diferença de praticamente R$ 1,5b do total revertido no 1T23. O montante restante refere-se ao Banco Santander S.A. que passa a entrar em uma questão processual de disputa. A instituição julga que durante essa disputa, o banco não precisará provisionar este valor nos próximos trimestres. Porém, entendemos que a disputa remanescente ainda é incerta e que o banco pode vir a ter que provisionar negativamente os próximos resultados. 

    Por fim, mantemos uma visão mais negativa para o banco, que deve continuar com resultados mais fracos para 2023, enquanto vemos outros pares como Itaú e Banco do Brasil com performances bem acima e com preços atrativos. Assim, reiteramos nossa recomendação de VENDER com preço alvo de R$ 27,0. Mesmo com o banco negociando a múltiplos atrativos frente a sua média histórica a 9,9x P/L 2023E, 7,5x P/L 2024E e 1,26x P/VP 2023E, não vemos ainda gatilhos suficientes para valorização das ações no curto/médio prazo.

    Crédito 

    A carteira de crédito (não ampliada) apresentou um total de R$ 499b (-0,2% t/t e +6,6% a/a). O principal detrator foi a carteira de grandes empresas, que teve redução de -1,4% t/t, apesar de crescer 9,7% a/a, consequência de menor demanda por parte das empresas. Além disso, o trimestre foi impactado negativamente por flutuações cambiais, excluindo esses efeitos a carteira teria crescido 0,3% t/t e 7,4% a/a, com o segmento de grandes empresas crescendo 0,2% t/t e 9,7% a/a. 

    As novas safras, com perfil de risco mais adequado, originadas a partir de jan/22, vêm crescendo em relação a carteira, já representando 59% da carteira total (+5 pp t/t). A participação do crédito individual em relação a carteira total alcançou 45,9%, crescendo 0,2 pp t/t, apesar de maior participação, os crescimentos mais fortes foram em linhas mais seguras (crédito consignado e imobiliário). Além disso, reforçando a busca por maior qualidade, a carteira individual colateralizada alcançou 66% (+0,6 pp t/t e +1,7 pp a/a). 

    Receita com juros (NII) 

    A receita com juros (NII) do banco apresentou uma melhora de 3,3% t/t e 6,3% a/a.  

    • NII Clientes apresentou uma variação de apenas 0,7% t/t, pressionado pelo menor spread (-0,2pp t/t) devido ao mix de produtos mais conservador, enquanto o crescimento de volumes continua fraco (+2,5% t/t). 
    • NII Mercado apresentou uma boa melhora em relação ao 1T23, saindo de um montante negativo de -R$ 1,17b para -R$ 843m, uma melhora de 28% t/t.

    Receita de serviços 

    A receita de serviços apresentou um resultado pressionado de R$ 4,8b (+2,4% t/t e -1,5% a/a). O trimestre foi beneficiado por maiores receitas de corretagem e colocação de títulos (+19,4% t/t), seguros (+5,1% t/t) e cartões (+1,5% t/t). Por outro lado, os destaques negativos foram administração de fundos e consórcios (-2,9% t/t), cobrança e arrecadações (-1,3% t/t) e outros (-8,4% t/t). 

    Outras receitas/despesas 

    As outras receitas e despesas operacionais apresentou um prejuízo de R$ 3,2b, aumento expressivo de 43,8% t/t e 682,1% a/a, impactado pelo crescimento das provisões para contingências (fiscais, cíveis e trabalhistas). No trimestre, houve uma aceleração de provisões trabalhistas por decisões judiciais.  

    Inadimplência 

    A inadimplência superior a 90 dias atingiu 3,3% (+0,2 pp t/t e + 0,4 pp a/a), em linha com o que esperávamos e com o que o banco vinha comunicando. Pela quebra dos segmentos, a inadimplência pessoa física (PF) segue com maior elevação, chegando em 4,8% (+0,3 pp t/t e +0,7 pp a/a), o segmento de pessoa jurídica (PJ) segue estável em 1,4%. 

    A inadimplência 15 a 90 dias apresentou melhora, alcançando 4,2% (-0,3 pp t/t e estável a/a), refletindo a maior qualidade das novas safras e venda de carteira ativa no montante de R$ 1,9b, excluindo o efeito da venda, o indicador ficaria em 4,4% (-0,1pp t/t e +0,2pp a/a). A melhora é mais acentuada no segmento PF, atingindo 5,9% (-0,6 pp t/t e estável a/a), o segmento PJ apresentou leve queda para 1,8% (-0,1 pp t/t e estável a/a). 

    Despesa com provisão 

    As provisões de devedores duvidosos (PDD) ficaram em R$ 5,98b, uma redução de 11,6% t/t, puxado pelo melhor desempenho das novas safras e introdução de um mix de produtos mais conservador. Já na comparação anual, houve uma expansão de 4,1%, impactado principalmente pelo segmento de pessoa física.  

    Importante destacar que a reversão de provisão realizada no trimestre, que entrou como evento não recorrente, impactou negativamente o índice de cobertura em 30,3pp t/t e 10,2pp a/a, na visão da empresa. 

    Despesas administrativas 

    As despesas administrativas atingiram o total de R$ 7,2b, apresentando um aumento de 2,6% t/t e 8,5% a/a.  

    No trimestre, as despesas com pessoal apresentaram uma queda de 0,5% t/t devido a menores despesas de remuneração, mas com aumento de 15,7% a/a devido, principalmente, ao acordo coletivo ocorrido em 2022.  

    Já as despesas gerais apresentaram aumento de 4,1% t/t e 2,6% a/a, impactado na comparação trimestral por aumento de custos com serviços técnicos especializados e de terceiros, transporte e viagens e processamento de dados, enquanto a comparação anual foi afetada por maiores gastos com propaganda e com serviços técnicos especializados e de terceiros. 

    Impostos 

    A alíquota de imposto do trimestre foi de apenas 16,7%, beneficiada pelo pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP). 

    Capital 

    O índice de Basiléia do banco ficou em 13,5%, uma queda de 0,3pp t/t e 0,7pp a/a devido ao aumento dos ativos ponderados pelo risco (RWA), mas ainda continua em níveis saudáveis. Já o capital nível 1 ficou em 11,6% (-0,3pp t/t e -0,6pp a/a), com o capital principal (CET 1) em 10,6% (-0,2pp t/t e 0,5pp a/a). 

    Importante destacar que o impacto da resolução 229 do Banco Central que será aplicada em jul/23 deve elevar a Basiléia para 14,1% e o CET1 para 11,2%. 

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