O que é o relatório WASDE?
O WASDE (World Agricultural Supply and Demand Estimates) é um relatório mensal publicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) que fornece previsões abrangentes de oferta e demanda para as principais culturas (globais e Estados Unidos) e pecuária (somente nos EUA). O relatório fornece uma análise da condição fundamental dos mercados de commodities agrícolas para uso de agricultores, governos e outros participantes do mercado.
Análise completa
Milho: A perspectiva global para o milho em 2023/24 é de uma safra e consumo recorde, com estoques maiores. A produção mundial de milho é prevista para atingir um nível recorde, impulsionada por aumentos nos Estados Unidos, Argentina, União Europeia, China e Sérvia. No entanto, espera-se uma redução na produção da Ucrânia e do Brasil. O consumo mundial de milho deve aumentar cerca de 4%, com maior demanda estrangeira. Com preços mais baixos, as importações mundiais de milho devem crescer pouco mais de 5%, impulsionadas por países como China, Egito, Vietnã, Argélia, México e Colômbia. Os estoques finais globais de milho estão maiores, principalmente devido ao aumento nos estoques dos Estados Unidos, compensados em parte pela queda nos estoques do Brasil e da China.
Soja: A produção mundial de soja está aumentando devido ao crescimento na produção da América do Sul e dos Estados Unidos. A demanda global por óleo de soja como biocombustível está impulsionando o esmagamento da soja. No entanto, as exportações de soja dos Estados Unidos estão previstas para diminuir devido à competição da crescente produção sul-americana e à demanda global limitada. Os estoques finais de soja estão projetados para aumentar, principalmente no Brasil, Argentina, Estados Unidos e China. A produção e o comércio globais de óleos vegetais estão se expandindo, impulsionados pelo aumento do esmagamento da soja e do crescimento na produção de girassol e colza na União Europeia. A perspectiva global para a soja em 2023/24 é de maior produção, esmagamento e estoques finais.
Bovinos: A produção de carne bovina nos Estados Unidos em 2024 é estimada para ser menor devido à redução esperada no número de bovinos disponíveis para abate, tanto os alimentados como os não alimentados. É previsto que haja menos novilhos e novilhas abatidos no segundo semestre do ano. Como resultado da oferta doméstica limitada, espera-se um aumento nas importações de carne bovina. Além disso, os preços do gado bovino são projetados como mais altos devido à menor disponibilidade.
Suínos: A produção total de carne suína nos EUA em 2024 é projetada ligeiramente menor. Espera-se um declínio nas ninhadas no segundo semestre de 2023, o que limitará o crescimento da produção no início de 2024. No entanto, espera-se um aumento modesto nas ninhadas em 2024, impulsionado por preços mais altos de suínos e custos mais baixos de ração, resultando em uma produção maior no final do ano. As importações de carne suína são ligeiramente maiores, enquanto as exportações são menores, com ganhos compensatórios em vários mercados. Os preços dos suínos são previstos como mais altos, devido à melhoria da demanda e ao ligeiro declínio na oferta.
Impacto nas empresas sob cobertura
Agrícolas: A SLC (SLCE3), BrasilAgro (AGRO3) e Boa Safra (SOJA3) devem ser prejudicas pela maior oferta global de soja e milho, o que deve ter um impacto negativo no preço de ambas commodities.
Frigoríficos: A queda da previsão de produção de bovinos prejudica as operações americanas da JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3), dado que isto pode contribuir para custos maiores. No entanto, como o queda é pequena, esperamos que os custos não sofram grandes alterações dos patamares atuais.
Já olhando para o suínos, o único frigorífico que produz carne suína nos EUA é a JBS (JBSS3), que deve ser prejudicada, com maiores custos, dado que deve haver uma menor ninhada.
