Não recorrente ajuda a disfarçar o operacional ainda sob efeitos da pandemia
Com um lucro de R$ 280,3m, a primeira vista o 3T21 de SulAmérica impressionou. No entanto, o resultado foi impactado positivamente por créditos fiscais de R$ 260m, advindos de uma decisão do STF que reconheceu como inconstitucionais as cobranças de IR sobre correções de processos judiciais pela Selic. Dos R$ 260m, R$ 235m impactaram positivamente a linha de imposto e R$ 25m o resultado financeiro. Excluído o crédito, que é não recorrente, o lucro teria sido de somente R$ 20m, bem abaixo das nossas estimativas e de mercado de R$ 72m e R$ 94m, respectivamente.
Assim como já esperávamos, o resultado continuou pressionado pelos sinistros, que nominalmente ficaram em linha com o 2T21, tendo crescido 18,4% a/a. O resultado financeiro, excluídos R$ 25m não recorrentes, teria atingido R$ 86m com um avanço de 149% t/t e 517% a/a. A melhora é fruto do aumento da Selic, que deverá continuar contribuindo em 2022. Na tabela abaixo, já excluímos o impacto não recorrente.
Aparentemente, o índice de sinistralidade começou a melhorar, caindo de 85,8% no 2T21 para 84,6% nesse 3T. Dinâmica essa explicada pelo saúde, que teve seu índice de sinistralidade batendo seu ápice no 2T21 com 85,7% e melhorando esse trimestre para 84,0%. Já o vida, ao contrário do Bradesco Seguros e Porto Seguro, teve a sinistralidade batendo o pico aparentemente no 3T21 chegando a 102,1%, 11,5 p.p acima dos 90,6% do 2T21. Ademais, incertezas ainda pairam sob uma nova onda de pandemia na Europa se espelhando para outras regiões. Mas a aceitação ampla da vacinação no Brasil mitiga esse risco de certa forma.
Esperamos que o 4T21 ainda venha com algum efeito cauda da pandemia. Apesar de esperarmos uma normalização ao longo dos próximos trimestres, a melhora tem sido mais lenta e incerta que o esperado, pressionando a sinistralidade dos principais segmentos da empresa (saúde e vida). Isso, aliado a uma maior competição e consolidação de rivais no setor, nos faz um pouco mais cautelosos com as operadoras de saúde nesse ponto do ciclo e por isso reiteramos a nossa recomendação de MANTER para a SULA11.
Pontos Positivos
- Receitas operacionais. Crescimento das receitas de 4,9% a/a, puxadas pelo avanço de 5,3% em seguros principalmente de saúde (+5,2%) e vida (+10,9% a/a).
- Número de segurados. Em saúde e odonto crescimento foi de 8% a/a e 2,6% t/t, com destaque para odonto que avançou 11,9% a/a vs. 5,1% a/a em saúde. Já vida teve avanço de beneficiários de 8,1% a/a e 1,2% t/t. O crescimento de cliente pode sustentar continuidade da evolução de receita em 2022.
- Crédito tributário. Apesar de não ser recorrente, créditos tributários contribuíram para o bom lucro contábil.
Pontos Negativos
- Outras receitas operacionais. Queda de 20,9% a/a e 10,1% t/t, puxada pelo resultado ruim de previdência (-28,4% a/a e -1,1% t/t).
- Sinistralidade em saúde. Apesar da melhora de 1,6 p.p. t/t, a sinistralidade do saúde (custo sob receita) continua pressionada em 84%. A continuidade do patamar elevado se deve a alta demanda de procedimentos eletivos represados na pandemia, que deve arrefecer gradativamente no 4T21 e 2022.
- Sinistralidade em vida. Piora de 11,5 p.p. t/t em função de parte dos sinistros ocorridos no 2T21 terem sido reportados somente no 3T21. Entretanto, esperamos que sinistralidade se normalize mais rapidamente para este segmento ante o saúde no 4T21.
- Índice combinado. Resultado consideravelmente pior do vida ampliou o índice combinado de 102,3% no 2T21 para 102,6% no 2T21.