O lucro líquido de SulAmérica totalizou R$ 24,4m no 1T22, 74% abaixo das expectativas do mercado e 56% abaixo de nossas estimativas, com um empurrãozinho do imposto diferido de R$ 22,4m. A deterioração do cenário pandêmico no início do ano não impactou a sinistralidade da companhia como em trimestres passados, 3,9% advinda do Covid-19 no 1T22 vs 8% no 1T21 e 2,2% no 4T21, mas o custo de sinistro ainda foi a principal âncora para o resultado de SULA, considerando ainda os procedimentos eletivos em patamares elevados.
Apesar do ponto de atenção citado acima, houve crescimento de receitas operacionais de 4,5% a/a e 1,2% t/t. O resultado financeiro de SULA foi positivamente impactado pelo resultado de investimentos crescendo 663% a/a e 38,9% t/t, o que impulsionou o resultado após um EBITDA negativo. Continuamos otimistas com a recuperação possível no ano, destacando o crescimento da receita operacional uma vez que a sinistralidade volte a certa normalidade e o crescimento do resultado financeiro com a alta da taxa básica de juros.
Mesmo assim, não esperamos grandes impactos do resultado no preço do papel SULA11. Com a fusão anunciada com Rede D’Or existe uma alta correlação entre os dois ativos, e o impacto dos resultados da SulAmérica será sentido nos papéis da Rede D’Or, no entanto, esse efeito é suavizado em ambos os papéis devido à diferença de tamanho das companhias. Vale citar a relação de troca proposta de 0,7630 RDOR3 por unit de SULA11, o que baseado no preço de fechamento de RDOR3 (R$ 31,85) representaria um prêmio de 4,17% sobre SULA11 no dia 11/05.
Sinistralidade: a âncora do resultado, de novo.
A margem bruta de apenas 4,4% no 1T22 demonstra o impacto determinante da sinistralidade de 86,5% (vs 89,4% 4T21) no resultado. Mesmo com o aumento do custo de sinistro relacionado a Covid-19 citado acima, a melhora de é decorrente de diminuição de 600 bps na sinistralidade ex-Covid, o que pode representar o início de certa normalização nas cirurgias eletivas. A companhia destaca que acreditam no retorno ao padrão de rentabilidade do pré-pandemia.
No segmento de vida a sinistralidade apresentou forte queda de -387 bps a/a e -11,7 bps t/t, retornando a patamares históricos do pré-pandemia dado os menores números de óbitos decorrentes da doença. Esperamos que a tendência de queda na sinistralidade se mantenha ao longo do ano, o que será positivo para a companhia.
Receita: crescimento em meio ao caos
A receita operacional cresce 5,5% a/a e 2,7% t/t, um bom indicativo apesar do cenário macroeconômico. O crescimento de beneficiários foi puxado pelo crescimento da carteira odontológica (+13,9%) e PME (+10,9%). Os planos mid-ticket apresentam crescimento anual de +65%, demonstrando uma avenida de crescimento para a companhia. Ainda há pressão dos reajustes negativos nos planos individuais e que ao longo do ano a dinâmica de precificação deve voltar a acompanhar os custos de sinistro, sendo um importante driver para a receita operacional
Resultado financeiro: dentro do esperado
Com o aumento da SELIC já esperávamos uma melhora no resultado de investimentos (+332,5% a/a e +38,9% t/t), visto que 68,5% das aplicações de SULA11 são ativos indexados a Selic/CDI. Houve também uma deterioração no resultado de empréstimos, que foi ofuscada pelo desempenho da carteira de investimentos.