O resultado do 3T22 de SulAmérica não decepcionou, com crescimento de receita e controle de despesas impulsionando o resultado. A expansão da base de beneficiários e a aplicação dos reajustes nos preços dos produtos, realizados principalmente no terceiro trimestre, foram vetores importantes. Mesmo assim, ainda vemos uma dinâmica de sinistralidade elevada, o que continua nossa posição cautelosa para as operadoras de planos de saúde e para SulAmérica.
Receita: bom, bom!
A SulAmérica continua a demonstrar capacidade de expansão de sua base de beneficiários em planos de assistência médica e odontológica, alcançando os 4,8m de vidas no 3T22. A expansão de planos regionais, produtos mais acessíveis e penetração em novas praças, demonstram o crescimento orgânico, enquanto ainda houve no trimestre a incorporação da carteira de 125k beneficiários de Sompo Saúde.
Vale destacar também o crescimento da base em odontologia, que alcançou 2,1m de beneficiários (+75k t/t e +138k a/a). O bom desempenho nesse segmento é fruto de cross-sell com produtos de saúde e a penetração cada vez maior dos planos odontológicos na população brasileira.
O cenário de crescimento de beneficiários somado aos reajustes nos preços dos planos da base atual, geraram expansão das receitas operacionais com os planos de saúde e odontologia, que alcançaram R$ 5,7b (+8,9% t/t e +17,4%).
Sinistralidade: Será?
A dinâmica de sinistralidade continua sendo um problema para SULA. A pandemia aparenta ter mudado os hábitos dos beneficiários de planos privados de saúde no Brasil, que agora estão buscando mais internações eletivas, consultas e diagnósticos. Os reajustes aplicados buscam reequilibrar as receitas com os custos da nova dinâmica, e no trimestre observamos uma sinistralidade em queda de 88,9% (-1,4 p.p. t/t e -4,2 p.p. a/a).
Ainda estamos pouco otimistas com a relação de custos de sinistro para as operadoras de saúde, mas SulAmérica apresentando melhora nesse indicador pode ser uma boa notícia. Ainda esperamos sinistralidade acima do patamar pré-pandemia para o 4T22 e 2023, mas os primeiros indícios de uma lenta normalização podem estar chegando.
Vida e Previdência: dúbio
Enquanto as receitas de vida e previdência refletem a retomada no volume de vendas do seguro viagem e uma boa performance na carteira de seguro de vida coletivo, a sinistralidade de 50,8% (+6,2 p.p. t/t e -51,3 p.p. a/a) prejudicou a performance dessa linha de negócios no comparativo trimestral.
Despesas: sob controle
O índice de despesas administrativas (porcentagem da receita líquida) atingiu 6%, um dos melhores níveis já apresentados. Isso pois houve maior controle em todas as linhas das despesas administrativas no trimestre. Os destaques são para as linhas de publicidade e propaganda e localização e funcionamento, com busca por uma maior eficiência operacional.
Resultado financeiro: ascendente
A trajetória ascendente da SELIC auxilia no desempenho do resultado financeiro de SULA, que agora aumenta sua performance da carteira própria da seguradora para 86,9% do CDI (vs. 86,4% 2T22).
Lucro Líquido: sem empurrãozinho do imposto
Nos últimos trimestre, a SULA usufruiu de saldos positivos de imposto que impulsionaram a última linha do resultado. No 3T22, com um lucro antes do imposto de quase R$ 70m, não foi necessário um empurrãozinho do imposto positivo para somar um lucro líquido de R$ 49,2m.
A melhora operacional, com aumento da receita e diluição dos custos de sinistros começam a ser sinais de retomada para os resultados de SulAmérica. Mas não se engane, ainda há muito chão na jornada para a volta aos patamares pré-pandêmicos. Reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo (PA) de R$ 28,50. Após a aprovação da fusão com Rede D’Or pelo Cade, entendemos que o risco de não-concretização da transação é basicamente nulo e, com isso, comprar ações de SulAmérica podem ser uma alternativa para se posicionar em Rede D’Or (que hoje temos recomendação de compra).