A Suzano divulgou seu resultado do 4T22 nessa terça-feira (28/02), após o fechamento do mercado, um pouco abaixo de nossas expectativas, se beneficiando com a sustentação do preço alto da celulose nos últimos meses, mas sofrendo com a alta do custo de insumos.
Além disso, temos uma expectativa negativa em relação ao ano de 2023, já que esperamos fortes queda de preço para a commodity, além de possíveis resultados negativos oriundos da MP 1.152. Desse modo, seguiremos com a recomendação de MANTER, com o preço alvo de R$50,00.
Celulose
No segmento da celulose, que reflete mais de 80% da receita da empresa, foi apresentado um aumento de receita líquida de 1% t/t e 25% a/a, atingindo um valor de aproximadamente R$12 bi. Com um EBITDA Ajustado de R$7,3 bi, e margem EBITDA de 60,7%, uma redução em relação ao último trimestre de 5% e 3,6 p.p..
A empresa apresentou uma redução de 1% t/t e aumento de 1% a/a com relação ao seu volume, atingindo vendas de 2.759 mil toneladas. A empresa foi impactada por diferentes dinâmicas nas diferentes regiões, detalhadas abaixo.
- O volume nas Américas e Europa de papéis para fins sanitários se manteve estável enquanto houve uma queda na demanda por papéis de imprimir e especiais, dado o acúmulo de estoques;
- Demanda na China foi afetada negativamente, devido a escalada de casos de COVID-19 no período e por causa das baixas margens dos produtores de papel.
Já olhando para oferta, a empresa foi beneficiada por eventos que afetaram a oferta global negativamente, causando um aumento de 2% no preço líquido médio, atingindo R$ 4.340 por tonelada. Segue abaixo os principais motivo da redução da oferta global.
- Paradas atípicas em produções;
- Continuação das consequências da guerra Rússia x Ucrânia;
- Atraso de entrada das novas plantas.
As margens do segmento foram impactadas negativamente, devido a aumentos nos custos, consequência da elevação em preços de produtos químicos com insumos e do aumento do custo da madeira, devido a maior custo de logística, maior participação de terceiros e ao aumento do raio médio . Sendo assim, o custo de caixa de celulose sem parada aumentou 6% t/t, atingindo 937 R$/ton.
Papel
No segmento de papel a empresa performou bem em termos de top line, um pouco acima de nossas expectativas (+2%), com uma receita líquida de aproximadamente R$ 2,4 bi, um crescimento de 5% t/t e 26% a/a. Com um volume vendido de 338 mil toneladas, aumento de 2% t/t e com um EBITDA ajustado para o segmento de R$ 901 mi, uma queda de 3% t/t.
A empresa teve um aumento de volume vendido, apesar da queda no volume de vendas no mercado externo, com uma forte performance do mercado doméstico, devido ao desempenho dos mercados editorial, didático, além de papéis escolares e de escritório. Olhando para o preço, a Suzano conseguiu aumentar em 3% o seu preço médio líquido. A empresa também foi beneficiada pelo aumento do USD médio no período. Já o EBITDA apresentou uma queda de 3% t/t e 50% a/a, devido a maiores custos de produção e maior gastos de G&A, por conta da provisão de remuneração variável de seus funcionários.
Consolidado
Como mencionado acima, a empresa apresentou um aumento tanto no segmento de celulose quanto o de papel, levando a um aumento consolidado da receita de 1,2% t/t e 25,3% a/a, atingindo R$ 14,4 bi. Nos custos também vimos um aumento em ambos os segmentos, atingindo um COGS de R$ 6,8 bi, 0,2% abaixo da nossa expectativa. Além disso, houve um aumento relevante de SG&A, devido a provisão de remuneração variável aos funcionários, então resultando em um EBITDA de R$ 8,2 bi, 1,8 p.p. abaixo do que estávamos esperando e uma queda trimestral de 4,9%.
A empresa apresentou um resultado financeiro líquido de R$ 2 bi, impulsionado principalmente por operações de hedge, de R$ 1,3 bi, e pela variação cambial da dívida, de R$ 2,2 bi. Isso não tem impacto no caixa da empresa, somente no vencimento das operações – com isso, a Suzano apresentou um lucro líquido de aproximadamente R$ 7,5 bi um aumento de 36,9% t/t e 222,4% a/a.
Outros destaques
A empresa apresentou uma dívida líquida/EBITDA ajustado de 2,0x em reais, uma melhora em relação ao 3T (2,2x), devido ao aumento do EBITDA nos UDM e uma queda de R$ 685 mi na dívida líquida. Outro ponto relevante é que a empresa gerou um FCFE de R$ 2,0 bi – porém, passando por um ciclo de crescimento, se excluirmos o seu CAPEX de crescimento, há um FCFE de R$ 3,7 bi, resultando em um yield de 23% anualizado.
2023
Para 2023 estamos pessimistas com a empresa, já que estamos prevendo uma queda no preço da celulose, devido a alguns fatores, sendo o principal, a entrada da capacidade das novas unidades que atrasaram, aumentando a oferta e consequentemente diminuindo o preço. Além disso também há a MP 1.152, que caso aprovado pode afetar muito a empresa. Confira o relatório Suzano (SUZB3) | Prévia de Resultados 4T22 e Expectativas para 2023 para ver com maiores detalhes nossa expectativa para 2023.