A TOTVS apresentou resultados positivos com um crescimento de receita de 19,6% a/a, atingindo R$1,3b, impulsionado por aquisições e uma forte performance do segmento Techfin. O EBITDA ajustado subiu 14,8% a/a para R$296m, enquanto o lucro líquido ficou abaixo das expectativas (-16,3% vs. Genial Est.), devido a depreciação superior ao esperado e resultados financeiros desfavoráveis. No segmento de Gestão, a receita recorrente cresceu 20% a/a, destacando-se a contribuição da Ahgora, mas a margem bruta e o EBITDA ajustado foram impactados por aquisições recentes e inflação. O segmento Business Performance mostrou crescimento robusto, mas em ritmo mais moderado, e Techfin surpreendeu positivamente, alcançando o breakeven com um crescimento significativo na produção de crédito. Sendo assim, seguimos com recomendação de Compra, com preço-alvo de R$37,00.
Análise do resultado
Gestão: Ahgora empurra e receita recorrente cresce +20% a/a
Nesse trimestre, a dimensão gestão alcançou receita líquida de R$ 1,16b (-0,8% vs. Genial Est) e um crescimento de 17,1% a/a. Como prevíamos, a linha de recorrentes foi o destaque no resultado, atingindo a marca de R$ 1,02b (+20,2% a/a) em receita, sendo impulsionada principalmente pela (I) adição inorgânica da Ahgora, que contribuiu com R$ 74m no ARR, representando cerca de 1,6% do ARR total do 2T24; (II) bom ritmo de crescimento da solução T-Cloud, que superou 30% a/a; e (III) uma dinâmica mais favorável para o business devido ao aumento do IGP-M no período. Alinhada às nossas expectativas, a receita não recorrente sofreu uma queda de 15% t/t, devido principalmente ao efeito sazonal de menor volume de licenças no modelo corporativo no 2T. Além disso, fruto de (I) oscilações negativas em operações estrangeiras e (II) impacto de projetos de grandes clientes, essa linha de receita caiu 1,8% a/a, chegando a R$ 47m nesse trimestre.
Apesar do bom crescimento de receita, o lucro bruto da dimensão chegou a R$ 817m (-0,8% vs. Genial Est) e a margem bruta foi de 70,5% (-0,8pp vs. Genial Est), ficando abaixo das nossas projeções e registrando uma queda de 1,6pp a/a. Parte dessa queda se deve principalmente à (I) não maturação das últimas aquisições no business e (II) ao efeito negativo do menor volume de receitas advindas do modelo corporativo, que possui maior margem. No 2T24, o EBITDA ajustado chegou a R$ 288m (-1,6% vs. Genial Est) e apresentou uma margem de 24,9% (-0,2pp vs. Genial Est). Houve uma queda de 1,7pp t/t na margem EBITDA devido ao impacto sazonal do trimestre, principalmente por (I) gastos com o Universo TOTVS realizados em junho e (II) menor representatividade do modelo corporativo, conforme abordado anteriormente. A queda de 1,0pp a/a na margem EBITDA é principalmente causada pela inflação crescente desde o início do ano, que não acompanhou o aumento do IGP-M. Isso resultou em um aumento desproporcional de custos e despesas atrelados ao IPCA em relação ao crescimento da receita, com cerca de metade da base ligada ao IGP-M. Além disso, as aquisições recentes, que possuem menor rentabilidade, e o crescimento expressivo de 43,9% a/a na despesa de provisão para perda esperada também pressionaram a margem EBITDA deste trimestre.
Business Performance: pico de crescimento chega ao final
A receita líquida de Business Performance foi de R$ 136,5m, crescendo 38,7% a/a e ficando ligeiramente acima das nossas expectativas (+2,7% vs. Genial Est). Devido à adição líquida orgânica de R$ 30m ARR e ao perfil multiproduto, a dimensão continua a crescer em um bom ritmo. No entanto, começa a apresentar um crescimento menos agressivo quando comparado ao 4T23 (+45,9% a/a) e ao 1T24 (+47,0% a/a), seguindo uma tendência mais amena de crescimento. O lucro bruto nesse trimestre chegou a R$ 101,6m (-1,2% vs. Genial Est) e a margem bruta foi mais comprimida, atingindo 74,4% (-3,0pp vs. Genial Est), devido ao aumento da participação das linhas de soluções RD Station Conversas, Lexos e Exact Sales que, por serem novas, ainda estão operando com margens inferiores às linhas RD Station Marketing e RD Station. No EBITDA ajustado, a dimensão alcançou o valor de R$ 7,7m (+9,7% vs. Genial Est.), representando uma queda de 18,8% t/t ocasionada pelo (I) menor lucro bruto do 2T24 e (II) maior influência de gastos sazonais de vendas e marketing. Todavia, houve um crescimento significativo de 107,8% a/a, chegando a uma margem de 5,6% (+0,4pp vs. Genial Est).
Techfin: produção de crédito surpreende e dimensão chega no breakeven
Techfin registrou receita líquida de funding de R$ 69,8m, superando positivamente nossas expectativas (+28,0% vs. Genial Est). Apesar de um semestre naturalmente mais fraco e um 2T tradicionalmente desfavorável para o setor agro, a produção de crédito cresceu 12,4% a/a e 6,6% t/t. Além disso, a queda no custo de funding, relacionada ao aumento da posição de caixa neste trimestre, também contribuiu para uma receita líquida de funding acima do que esperávamos. A dimensão encerrou o 2T24 com um EBITDA ajustado de R$ 0,3m (-130,1% vs. Genial Est) e margem de 0,5% (+2,5pp vs. Genial Est), fruto principalmente do bom crescimento da receita líquida de funding.
Consolidado:
Receita cresce 19,6% a/a, com ajuda de aquisições
A TOTVS reportou receita de R$1,3b (+4,0% t/t; +19,6% a/a), em linha com nossas expectativas, com uma variação de +0,2% em relação à Genial Est.. O segmento de Techfin foi a principal surpresa do trimestre, apresentando um desempenho muito acima das nossas expectativas. No entanto, por ser menos representativo, teve pouco impacto no resultado geral. Os segmentos de Gestão e Business Performance estiveram em linha com as nossas previsões.
EBITDA ajustado apresenta crescimento de 14,8%
A empresa apresentou um EBITDA ajustado de R$296m, com crescimento de 14,8% a/a, em linha com nossas expectativas. Embora o segmento de Gestão tenha ficado um pouco abaixo das nossas previsões, os demais segmentos compensaram essa variação.
Lucro líquido abaixo das expectativas, devido à depreciação e ao resultado financeiro
A companhia reportou um lucro líquido de R$115m, significativamente abaixo das nossas expectativas (-16,3% em relação à Genial Est.). Esse resultado foi impactado principalmente por uma depreciação acima do esperado, decorrente de um maior intangível resultante das aquisições, e por um resultado financeiro desfavorável, devido a um menor caixa devido as aquisições.