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    Publicado em 14 de Julho às 00:13:36

    Usiminas (USIM5): Prévia do 2T22, novo preço-alvo e conversa com novo CFO

    A empresa deve apresentar fortes números de receita propiciado pelos reajustes de 80% dos contratos das montadoras, o que impacta grande parte da sua base do automotivo. Além disso, o custo com coque será maior devido aos problemas junto à coqueria da Usiminas. Aproveitamos para atualizar o preço-alvo e destacar alguns pontos-chaves da nossa conversa com o CFO Thiago Rodrigues. Nossa expectativa é que o resultado seja positivo. 

    Boas perspectivas para o Operacional

    Receita

    Siderurgia. Dentro do próprio conference-call do 1T22, a empresa mencionou que cerca de 20% dos contratos de janeiro junto às empresas do automotivo/montadoras foram reajustados, proporcionando um dos boosts observados no 1T22 do lado siderúrgico. Já os 80% remanescentes foram realizados em abril, com ajustes de 50% a 60%, o que deve proporcionar melhoras significativas dentro da receita.

    Para se ter uma dimensão dos aumentos, basta observar o destino usual do mix de produtos da Usiminas: cerca de 1/3 da produção é destinada ao automotivo e, portanto, com 80% desse número tendo seus contratos reajustados, na média, 55%, é possível de se esperar um bom crescimento de receita por tonelada (superior a +10% t/t) e nos preços realizados, que, em nossa visão, deve alcançar cerca de R$ 7070/ton no mercado doméstico (+17,6% t/t), incorporando também a diferença cambial.

    Ainda observamos movimentos de repasse dos preços de aços planos para a distribuição (Grande Rede), mas que foram parcialmente compensados pela queda do preço do aço doméstico, tendo um impacto menor nos números da receita.

    Do lado de volumes, espera-se uma queda no volume vendido como resultado de um volume menor exportado, tendo em vista a menor atratividade do ponto de vista logístico e ao mix de produtos de menor qualidade e que agregam menor valor. Do lado doméstico, porém, a perspectiva é de um crescimento já que parte do que seria exportado foi deslocado para o mercado interno. Projetamos um volume de vendas totais de cerca de 1,05 Mt (-7,2% t/t e -19,9% a/a) no 2T22.

    Mineração. Neste segmento devemos observar uma recuperação do volume produzido após os intensos períodos de chuvas vivenciados no 1T22. Assim, projetamos um volume vendido de 1,9 Mt (+19,3% t/t e -6,5% a/a), com um período marcado por uma média de preço superior ao 1T22 em termos de referência (142 $/t vs 141,5 $/t no 1T22), mas valendo lembrar a queda no final do trimestre o que deve impactar as provisões e os preços realizados.

    Em suma, acreditamos que a empresa deva apresentar uma receita consolidada de R$ 9,0b (+15,0% t/t e -6,0% a/a).

    Custo

    Siderurgia. Dentro da parte dos custos devem ser mencionados os maiores gastos com coque, tendo em vista a situação problemática referente à coqueria em Ipatinga desde o 1T22. É importante salientar que o coque é importado de terceiros, cujo efeito deve ser sentido de forma mais acentuada dentro dos custos. Outro ponto é o aumento dos gastos devido à inflação, além da própria logística com dispêndios maiores com transportes de modo geral.

    Mineração. Aqui a diluição dos custos de produção devem ser mais acentuados, considerando um volume de produção superior, o que deve ser positivo neste lado. Mas nada a ponto de superar os gastos da siderurgia.

    Em suma, projetamos um custo total consolidado de R$ 6,8b (+11,6% t/t e +14,9% a/a).

    EBITDA e Lucro

    Como resultado do crescimento mais expressivo da receita frente aos custos, o EBITDA projetado é de R$ 1,97b (+26,1% t/t e -61,2% a/a) com uma expansão de margem EBITDA na comparação trimestral que representaria 21,8% (+1,9% t/t e -31,0% a/a).

    O lucro projetado é de R$ 1,33b (+5,1% t/t e -70,8% a/a), com uma margem líquida de 14,7% (-1,4 pp t/t e -32,6 pp a/a).

    Alteração de Preço-Alvo

    Tendo em vista um cenário macroeconômico mais desafiador e revisão de premissas envolvendo o crescimento do setor siderúrgico brasileiro, bem como da mineração, alteramos nosso preço-alvo de R$ 19,00/ação para R$ 15,00/ação, mas mantendo a recomendação de comprar, por acreditar na forte geração de caixa da empresa (FCF Yield 22E = 32%) e que há uma grande demanda reprimida em virtude da escassez de semicondutores (o que vem afetando o automotivo) e que pode destravar grande valor ainda em 2023.

    Dentre as principais alterações está o Ke que passou de 12,8% para 14,5%, com as principais mudanças sendo a taxa livre de risco considerada (GT-10) e o risco país (via CDS 10 anos).

    Outro ponto é uma desaceleração na demanda global de aço, o que deve diminuir os preços praticados corroborados pela queda dos preços do minério de ferro. Além disso, trabalhamos com a hipótese de normalização do preço do carvão a partir de 2023.

    Novo CFO Thiago Rodrigues e suas diretrizes

    Em um evento da Usiminas tivemos a oportunidade de conhecer o CFO Thiago Rodrigues juntamente com seu time de RI. Com isso, ficaram claros quais são os novos objetivos e desafios a serem enfrentados por Thiago:

    • 1) principais focos no curto e médio prazos, com a reforma do AF3 (Alto-Forno #3);
    • 2) utilização de sua experiência operacional para a redução de custos de forma a garantir um importante diferencial competitivo;
    • 3) se comprometer com as metas de descarbonização (ESG);
    • 4) dar maior transparência às estratégias de estrutura de capital da empresa a partir da resolução, sobretudo, da questão do AF3, ou seja, a partir de 2023.

    Em suma, não houve mudanças significativas nas políticas da empresa, dividendos continuam sendo 25% do payout de forma geral e a transparência da estrutura de capital continua sendo algo para o futuro. A ideia é dar continuidade à gestão anterior.

    Alto-Forno #3: Reforma de alta complexidade

    Os olhos agora estão voltados para o planejamento da reforma do AF3, que deve movimentar cerca de 8000 funcionários adicionais temporários e desafiar a capacidade de estocagem de placas (cerca de 700 Kt) de forma a suprir a produção que ficará paralisada por cerca de 110 dias começando em abril de 2023.

    Reativação dos altos-fornos de Cubatão: improvável no momento

    Outro ponto levantado foi sobre a viabilidade de retomada das operações primárias de produção de aço de Cubatão. Como estratégia da própria companhia, o rumo mais provável é que não haja o religamento por duas razões: a primeira vinculada às emissões de gases poluentes, o que dificultaria em grande parte o atingimento das metas de descarbonização da empresa. O segundo, o fato dos altos-fornos estarem desligados permite que a Usiminas tenha maior flexibilidade na sua operação, podendo desligar a sua etapa de laminação mais rapidamente em momentos adversos (como foi o caso da pandemia), preservando caixa. Dessa forma, para a retomada bastaria a reativação da laminação, que é um processo relativamente rápido.

    No momento, pelo menos, a ideia é de se manter a operação primária desativada, até por uma questão de grande volatilidade. É uma decisão que deve ser analisada cautelosamente e deve ser reavaliada a partir de um horizonte, um cenário mais claro. Mas a julgar pelos preços das placas (próximos aos custos marginais) a empresa classifica como saudável a realização de compra de placas.

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