Em termos gerais, julgamos o resultado como positivo, tendo em vista uma melhora operacional e crescimento de margem EBITDA acima das nossas expectativas. Os reajustes de preços sobretudo nos segmentos siderúrgico e de transformação do aço foram os destaques positivos do lado de receita. Na parte de custos, gastos com a coqueria se sobressaíram do lado negativo. Por fim, o lucro ficou abaixo das nossas expectativas devido a um resultado financeiro mais negativo.
Detalhamento operacional
Receita
A receita atingiu R$ 8,5b (+8,8% t/t e -11,1% a/a), com números mais expressivos dos segmentos de siderurgia que totalizou R$ 7,7b (+11,5% t/t e +0,1% a/a) e transformação do aço que somou R$ 2,4b (+13,1% t/t e -0,1% a/a) em virtude dos maiores preços (sobretudo os repasses de preços feitos para o maquinário/automotivo em grande parte dos contratos) e do maior enfoque no mercado interno, cujo mix de produtos e os prêmios são mais atrativos. O volume vendido ficou levemente menor, alcançando 1,1 Mt (-4,1% t/t e -17,3% a/a)
O lado de mineração também colaborou significativamente com uma receita de R$ 1,2b (+42,9% t/t e -44,3% a/a) com um maior volume vendido, mas a queda do preço do minério na segunda metade do 2T22 acabou limitando a evolução desse segmento.
Custos
O lado de custos totalizou R$ -6,3b (+3,5% t/t e +6,6% a/a), sendo impactado por custos maiores em todos os segmentos. Dentre tais aumentos um destaque especial para o gasto com carvão/coque em virtude da situação delicada da coqueria da Usiminas, comunicando via Fato Relevante um update negativo sobre seu estado atual.
A siderurgia teve um custo de R$ -6,1b (+5,6% t/t e +7,8% a/a), marcado pelos níveis elevados dos insumos. Já a mineração atingiu R$ -654m (+59,8% t/t e +20,2% a/a) vinculado sobretudo ao aumento significativo do frete, lembrando que grande parte do minério é exportado e cuja modalidade mais presente é a CFR (Cost and Freight). Seguindo um padrão similar à siderurgia, a transformação do aço atingiu R$ -2,1b (+3,3% t/t e +4,4% a/a).
EBITDA
Em virtude da forte evolução de receita avançando num ritmo inferior, o EBITDA alcançado foi de R$ 1,9b (+23,7% t/t e -61,9% a/a) provocando uma expansão da margem que totalizou 22,6% (+2,7 pp t/t e -30,2 pp a/a).
O maior valor de EBITDA pode ser explicado pela dinâmica de preços dos segmentos de siderurgia e transformação do aço, além do maior volume de vendas da mineração.
Esse aumento só não foi maior por conta dos aumentos de custos, como explicado anteriormente, que limitaram a evolução da margem. Sendo assim, o aumento da margem EBITDA, superando nossas expectativas, demonstra uma evolução operacional da empresa com a receita se expandindo em níveis mais acelerados que os custos.
Lucro Líquido
O lucro líquido ficou abaixo do esperado e atingiu R$ 1,1b (-16,1% t/t e -76,7% a/a), influenciado sobretudo por um resultado financeiro que sofreu forte impacto das variações cambiais líquidas, somando R$ -248m (vs R$ 502m no 1T22), sendo a variação cambial responsável por R$ -307m dessa conta.
Assim, a desvalorização de -10,6% do câmbio no período foi um dos principais fatores de redução do lucro na comparação trimestral, impactando de forma significativa o pagamento de juros das dívidas dolarizadas da empresa.
Updates e Novidades
Investimentos (CapEx)
O valor investido no 2T22 totalizou R$ 428m, o que representa uma forte evolução frente aos R$ 285m investido no trimestre anterior (+50,3% t/t), sendo que 82,2% do total foi destinado para o segmento de siderurgia, enquanto 15,7% foi para a Mineração e 2,1% para Transformações do Aço.
Esse aumento já era esperado diante do guidance da empresa para 2022 em atingir os R$ 2,1b propostos via Fato Relevante no dia 11 de fevereiro. Além disso, segundo a companhia, a expectativa é de que o valor total investido aumente nos próximos trimestres seguindo uma curva ascendente com seu auge no 4T22.
Retomada do Alto-Forno #2
A Usiminas aprovou o reotrno da operação do Alto-Forno #2 da Usina de Ipatinga (AF2), o que deve ocorrer até o final de out/22. Isso está baseada na programação de produção e estoque de placas da companhia, em virtude da parada do Alto-Forno #3 prevista para abril de 2023. Os investimentos necessário para os reparos do AF2 foi mantido em R$ 35m.
Situação das Coquerias
As coquerias da Usina de Ipatinga continuam apresentando menor disponibilidade de produção devido às atividades de preservação, tendo em vista os níveis de desgaste mais acentuados, necessitando de intervenções maiores. O planejamento é que a volta seja linear, pela estratégia de trabalhar em blocos.
Isso vem provocando a necessidade da companhia em adquirir coque em volumes superiores aos usuais, além de um volume adicional de gás natural para suprir o déficit interno de produção de gases. A expectativa da companhia é uma melhora gradativa com efeitos mais relevantes apenas no 2S23.