Avaliamos o resultado do 2T23 de Viveo como positivo. O lucro líquido ajustado reportado de R$ 66m veio acima de nossas expectativas e do mercado. No geral, vemos expansão de margem e crescimento do EBITDA Ajustado. Um ponto importante de atenção é a coleta de sinergias das aquisições passadas, que continuam acima do cronograma estipulado pela companhia para o ano de 2023. Com isso, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo de R$ 27,00.
Receita: volume prejudica t/t
A receita líquida da companhia foi de R$ 2,5b (-9,5% t/t e +30,2% a/a). A dinâmica observada na comparação trimestral é explicada por uma diminuição na receita advinda da vertente de hospitais e clínicas. O forte volume de vendas em março, culminou em diminuição do volume de vendas em abril e maio. Acreditamos que isso é um reflexo dos clientes da distribuidora buscando preparar seus estoques para o reajuste nacional dos medicamentos permitido pela CMED, que acontece no final de março. Portanto, esperamos normalização do crescimento dessa linha para os próximos trimestres.
Já olhando a comparação anual, houve crescimento em todas as vertentes de negócio. Com a forte atividade em relação à M&A’s da companhia, é importante ressaltar o crescimento orgânico da receita líquida de 9,4% a/a. O destaque vai para a vertente de serviços, que cresceu 38,2% a/a organicamente.
Custos, despesas e EBITDA: ganho de eficiência
O segundo trimestre do ano para Viveo geralmente é o período de melhores margens para a companhia. Com seus estoques contabilizados ao custo do ano anterior sendo vendidos após o reajuste da CMED que passa a vigorar em abril. Nesse trimestre, todos os canais tiveram incremento de margem bruta, que alcançou 17,9% no 2T23 (vs. 16,7% no 2T22). Entre as iniciativas elencadas pela companhia, destacamos a estratégia de diminuição da venda de medicamentos de maior custo na vertente de hospitais e clínicas, que implicavam em menores margens, o que impulsionou o indicador no período.
O total de despesas, excluindo Depreciação e Amortização, sofreu um aumento de 36,9% a/a. Esse movimento é explicado pela consolidação das despesas de empresas adquiridas nos últimos 12 meses. Os dados considerando as despesas das aquisições, olhando pela visão proforma, houve diluição das despesas totais, refletindo a coleta de sinergias das operações. Com isso, o EBITDA ajustado de Viveo alcançou R$ 251m (+7,2% t/t e +42,6% a/a) no 2T23, com margem de 9,9%. Vemos com bons olhos o incremento no EBITDA Ajustado, demonstrando o potencial da companhia com a captura de sinergias e melhora na margem bruta.
Fluxo de caixa e lucro líquido: olhando com atenção
A Viveo apresentou geração de caixa operacional após pagamento de juros e empréstimos de R$ 160m, uma melhora considerável da queima de caixa operacional do 1T23. Ainda assim, a variação total de caixa da companhia foi negativa, decorrente de pagamento de aquisições no valor de R$ 322m. Colocamos aqui um ponto de atenção para resultados futuros. Considerando os números proforma, a alavancagem da companhia foi de 2,67x no 2T23. Ressaltamos que a Viveo concluiu uma operação de Follow-on no início do 3T23, que levantou R$ 752m para o caixa da companhia. Com esses recursos, a alavancagem seria de 1,82x.
Por fim, o lucro líquido ajustado pelo EBITDA e pela amortização de mais valia de Viveo no 2T23 foi de R$ 66m (+9,8% t/t e +1,8% a/a). Continuamos otimistas com a tese da companhia, vemos ganho de market share nas principais linhas de negócios, além da coleta de sinergias das aquisições passadas, pontos chaves em nossa visão para a empresa.