A Viveo divulgou ontem (13/nov) seu relatório de resultados do 3T24, e nossa avaliação é negativa. A empresa registrou uma forte queda de -36,6% t/t no lucro líquido ajustado, resultando em um prejuízo de R$ -55,8 milhões. Esse desempenho aquém do esperado é decorrente das despesas totais, que apresentaram uma forte expansão mesmo sem considerar o impacto negativo das provisões, que foram classificadas como não recorrentes. Do lado positivo, o 3T24 foi o segundo trimestre consecutivo que a empresa gerou caixa operacional, um aspecto crucial para a Viveo no cenário atual.
O período de recuperação da companhia tem se mostrado mais custoso que o esperado. Já imaginávamos que os resultados desse processo só começassem a se materializar em 2025, mas a piora nos demonstrativos nos últimos trimestres levaram a revisões em nossas projeções. Reduzimos nossa expectativa em relação à margem bruta da companhia após os problemas operacionais no trimestre, o que afeta diretamente o lucro líquido da Viveo e nosso modelo de Valuation.
Como líder no mercado de distribuição de medicamentos, acompanhamos atentamente a tese de consolidação da Viveo, ainda que o processo esteja se estendendo além das expectativas iniciais. Diante disso, reiteramos nossa recomendação de MANTER, mas ajustamos nosso preço-alvo de R$ 8,00 para R$ 3,00.
Receita Líquida: Beneficiada por Laboratórios e Vacinas, mais uma vez
A receita da empresa totalizou R$ 2,95 bilhões, representando um avanço de 7,3% t/t e 3,8% a/a. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pela forte performance da vertical de Laboratórios e Vacinas, que registrou uma forte expansão de 18,7% a/a, beneficiada pelo lançamento de novas vacinas e pelo aumento do ticket médio. A vertical de Hospitais e Clínicas também contribuiu positivamente, com alta de 4,2% a/a, favorecida pela venda de medicamentos de alto custo e pela retomada da receita com especialidades, apesar da queda na venda de fármacos.
Por outro lado, a receita de Serviços sofreu uma retração significativa de -12,8% a/a, impactada principalmente pela performance das manipuladoras, com parte do impacto sendo influenciado pela catástrofe no Rio Grande do Sul, que reduziu a capacidade operacional das atividades de diálise e nutrição da Life durante o trimestre.
Custos e despesas: Destaque negativo!
No 3T24, a Viveo registrou uma queda de -1,7 pp a/a na margem bruta, que recuou para 13,3%, refletindo uma perda de eficiência operacional. Esse declínio é atribuído ao aumento na participação de produtos de menores margens no portfólio, resultando em um mix desfavorável.
As despesas recorrentes (excluindo D&A) também tiveram uma forte alta, alcançando R$ 258 milhões, o que representa uma expansão de 38,1% a/a. Essa piora foi justificada por (i) um aumento de 54,3% a/a nas despesas com vendas, decorrente de maiores custos de frete e despesas de marketing no canal varejista, e (ii) um avanço de 19,3% a/a nas despesas gerais e administrativas, devido a maiores gastos com consultorias e desligamentos internos.
Despesas Não Recorrentes: Forte Impacto de Provisões
No trimestre, as despesas não recorrentes totalizaram R$ 245 milhões, dos quais R$ 108 milhões foram provisionados para perdas de estoque, reconhecidas no 3T24 devido, principalmente, a produtos vencidos e danificados. Além disso, R$ 110 milhões referem-se a perdas pela não recuperabilidade de ativos (PDD), revisadas pela empresa no trimestre, refletindo o aumento da inadimplência de clientes específicos.
Esse expressivo aumento nas despesas não recorrentes impactou significativamente a margem EBITDA da companhia, que recuou para -3,3% (-11,6 pp a/a).
Lucro líquido: Negativo!
O prejuízo líquido ajustado da Viveo no 3T24 foi de R$ -55,8 milhões, marcando uma queda de -179,3% a/a. O resultado negativo reflete o forte aumento dos custos e despesas, que cresceram bem acima da receita líquida da companhia. Considerando os efeitos não recorrentes, o lucro líquido teria sido de R$ -237,7 milhões (vs R$ 6,3 milhões no 3T23).
Fluxo de caixa: Em Melhores patamares
A Viveo registrou uma geração de caixa operacional positiva de R$ 464,6 milhões, refletindo uma melhora em relação aos trimestres anteriores. Esse resultado é fruto das iniciativas da empresa para otimizar seu capital de giro, com destaque para a linha de contas a receber, que contribuiu de forma significativa para a melhora.