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    Publicado em 26 de Março às 01:07:25

    Viveo (VVEO3) | Resultado 4T23: não ta na caixa!

    A Viveo divulgou seu relatório de resultados do 4T23, apresentando um resultado negativo. Vemos com bons olhos o crescimento da receita e o avanço da companhia em suas iniciativas nas principais vertentes de negócios. Ainda assim, problemas internos impactaram a otimização da margem bruta e levaram à aumento das despesas no trimestre, o que avaliamos como negativo. O principal ponto negativo do trimestre foi a queima de R$ 560m de caixa, impulsionado por pressões sobre o contas a receber.

    Em sua posição de líder do mercado de distribuição de medicamentos, acreditamos na tese de consolidação do mercado com vantagens competitivas e relação simbiótica com as operadoras e hospitais. Entretanto, os problemas com capital de giro e queima de caixa nos preocupam. Assim, adotamos o indicador de Cash Flow Yield, ou rendimento do fluxo de caixa para o acionista, para capturar melhor o impacto das mudanças no capital circulante líquido. Nesse sentido, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR, mas com redução de preço-alvo para R$ 10,00.

    Receita Líquida: ponto positivo!

    O principal ponto positivo do resultado de Viveo foi o crescimento da receita líquida de 10,6% a/a, que alcançou R$ 2,9b. Houve crescimento de dois dígitos em três das quatro vertentes de negócio da companhia, com Laboratórios e Vacinas crescendo 9,6% a/a. Vemos avanço nas principais iniciativas relacionadas à receita da empresa, com expansão da oferta de produtos em varejo, crescimento da venda de produtos de alto custo em hospitais e clínicas, aceleração das vacinas de adultos em laboratórios e clínicas e estabelecimento de novos parceiros no segmento de serviços.

    Um ponto de atenção que colocamos é o ambiente competitivo que a companhia está inserida. Observamos ao longo de 2023 que os concorrentes da Viveo têm se mostrado extremamente agressivos no ganho de participação de mercado, o que implica em desafios para a distribuidora de medicamentos listada. Como líder do setor ela está posicionada para contornar esse desafio, mas não sem impactos ao seu resultado como vimos nesse, e em trimestres passados.

    Custos e despesas: impactado por problemas internos

    Olhando agora para os pontos negativos do resultado, houve queda de – 1 p.p. na margem bruta da companhia no 4T23 para 14,5%. Esse efeito é fruto de mudanças de mix e fatores macroeconômicos, mas também de questões internas. A VVEO3 fez no trimestre iniciativas de renovação e readaptação de seus Centros de Distribuição (CDs) e rotas logísticas, além da implantação de novos sistemas internos. Com isso, houve ao longo do trimestre desafios de integração nessa nova organização, que acabaram custando em relação à eficiência operacional. Acreditamos que esses desafios foram sanados, mas continuaremos olhando com atenção para esses pontos em resultados futuros.

    As despesas também foram afetadas pelos desafios de integração após as mudanças nos CDs, principalmente nas despesas de vendas, impactadas pelo aumento no indicador de frete sobre as vendas. Já o aumento nas despesas gerais e administrativas deve-se aos aumentos esperados de pessoal e marketing após a integração de novos negócios, foco da companhia em 2023.

    Lucro líquido ajustado: deixou a desejar!

    O lucro líquido ajustado da companhia no trimestre foi de R$ 54m, mas houve subvenção para investimentos. A subvenção para investimento é um tipo de apoio financeiro concedido pelo governo, especialmente sob a forma de benefícios fiscais. No caso de Viveo, há ainda certa confusão sobre a subvenção completa dos tributos, ou somente sobre o IRPJ e PIS/COFINS. Assim, a companhia ainda espera respostas sobre a contabilização desse benefício e não consideraremos nesse resultado.

    Fluxo de caixa: negativo e preocupante!

    O principal ponto negativo desse resultado, foi a queima de caixa no trimestre. A companhia apresentou redução de caixa de R$ 560m no 4T23, fruto de queima de caixa operacional, além de pagamento de empréstimos e financiamentos. A Viveo sofre pressão em seu contas a receber por parte dos hospitais e operadoras de planos de saúde, como ficou claro nesse período. Houve piora no ciclo de recebimento com postergação de faturas para janeiro de 2024 por alguns clientes, além da não realização de antecipação de recebíveis. Ainda mais, a companhia busca reajustar seu nível de estoque, fazendo investimentos em estoque adicional para sustentar o processo.

    Como uma empresa de distribuição de medicamentos, a Viveo está sujeita a pressões de prazos de recebimento e pagamento, com um foco na necessidade de caixa para as operações diárias. Nesse sentido, adotamos uma nova visão de avaliação da empresa, escolhendo entender o rendimento do fluxo de caixa para o acionista, utilizando o indicador Cash Yield para monitorar essa métrica. Com isso, estamos cortando o preço-alvo da companhia para R$ 10,00 para os próximos 12 meses, ainda mantendo recomendação de COMPRAR para o papel. Traremos mais informações e atualizações nos próximos relatórios.

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