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    Publicado em 10 de Maio às 05:16:17

    Vivo (VIVT3) | Resultado 1T23: Entre receitas e despesas, a dança do equilíbrio…

    A Telefônica Brasil (Vivo) reportou ontem, dia 09/05/2023, após o fechamento do mercado, seu resultado para o 1T23. Apesar de apresentar números levemente abaixo das nossas estimativas no EBITDA, observamos mais um trimestre sólido, com uma queda na rentabilidade t/t, mas que ainda sobe dois dígitos a/a, enquanto a Companhia segue com seu plano para o longo prazo, de fazer o upsell de sua base móvel, e do lado de serviços fixos, migra clientes de FTTC para FTTH.

    Principais destaques

    (i) Acessos líquidos ficam flat, apesar de desligamentos; (ii) ARPU Móvel levemente mais devagar; (iii) FTTH acelerando acessos da banda larga, causando um aumento no ARPU (+3,7% vs. Genial Est.); (iv) Receita ligeiramente melhor que o estimado (+1,9% vs. Genial Est.); (v) Forte venda de aparelhos (+9,6% vs. Genial Est.) auxilia a receita da parte móvel; (vi) Digitalização operacional via dados corporativos e TI ajudam ainda mais a parte fixa (+13,2% vs. Genial Est.); (vii) Dinâmica no COGS pior que a esperada (+6,1% vs. Genial Est.); (xii) EBITDA levemente abaixo (-4,2% vs. Genial Est.); (x) Leve perda de margem (-1,52p.p. vs. Genial Est.).

    Análise 1T23

    Acessos líquidos ficam flat, apesar de desligamentos. Enxergamos números de acessos crescentes no 1T23, atingindo a marca de 98,0m (+0,1% t/t), pela adição líquida de 72k de usuários, resultado de ganhos do lado Pós-pago em +82k, sendo uma ligeira alta t/t, para bater 58,7m clientes no trimestre. Do outro lado, os acessos Pré-pagos tiveram uma baixa mínima, no montante de -10k ao chegar em 39,2m acessos no 1T23.

    ARPU Móvel levemente mais devagar. Consolidando um ARPU móvel em R$27,1 no 1T23 (-0,2% vs. Genial Est.), vemos uma alta de +0,7% t/t, puxada pelo incremento observado no ARPU do plano Pós-pago, que chegou a R$49,1 no trimestre, que apesar de subir +0,9% t/t, marcando uma entrega abaixo das nossas expectativas (-2,4% vs. Genial Est.). Na outra ponta, o ARPU dos clientes Pré-pagos atingiu R$12,8 no 1T23 (-0,8% t/t), em linha com as estimativas.

    FTTH acelerando acessos da banda larga, causando um aumento no ARPU. Na divisão entre os acessos fixos para a banda larga, o FTTH foi reportando em linha com o que esperávamos, subindo +3,1% t/t, chegando assim a 5,6m de usuários. Em detrimento dessa alta, o FTTC teve uma baixa maior que a esperada de -11,9% t/t.

    Além disso, o ARPU da banda larga foi reportado acima das nossas expectativas, chegando na marca de R$90,0 (+3,7% vs. Genial Est.), em uma alta de +4,1% t/t, causada pela adição de clientes no plano Vivo Total, uma oferta convergente em banda larga móvel pós-paga e fibra, que representou 76% da elevação nos acessos de FTTC pelos últimos três meses.

    Receita ligeiramente melhor que o estimado. A Vivo teve uma receita líquida de R$12,7b no 1T23 (+1,9% vs. Genial Est.), reportada um pouco acima das nossas expectativas em todas as divisões, com um destaque para os segmentos relacionados aos aparelhos, e dados corporativos.

    Forte venda de aparelhos auxilia a receita da parte móvel. Dessa forma, a receita de serviços móveis atingiu R$8,8b (+0,6% vs. Genial Est.), influenciada positivamente pela venda de aparelhos, agregando R$854m no 1T23 (+9,6% vs. Genial Est.). Ressaltamos a boa entrega dos números da Vivo, uma vez que as nossas estimativas já contavam com uma alta a/a de dois dígitos, e mesmo assim foram superadas. Sendo assim, mesmo com uma desaceleração t/t de -13,3%, pela dinâmica sazonal mais favorável para o varejo, típicas de 4Ts, ainda vemos uma alta de +20,6% a/a, com a compatibilidade ao 5G dos novos celulares impulsionando novas vendas, melhorando o mix de produtos enquanto a inflação aumenta o ticket médio.

    Em relação aos planos, vemos uma receita líquida em linha com a esperada tanto na parte (i) Pré, chegando a R$1,5b (-1,2% vs. Genial Est.), em uma queda de -1,5% t/t pela migração de clientes para um plano superior. Enquanto isso, pela mesma dinâmica, a ponta de (ii) planos pós-pagos, trouxe a receita para a marca de R$6,4b (-0,1% vs. Genial Est.), subindo +1,2% t/t.

    Digitalização operacional via dados corporativos e TI ajudam ainda mais a parte fixa. Com a receita de FTTH já acima das nossas expectativas, chegando a R$1,4b (+2,7% vs. Genial Est.), vemos também a dinâmica para os dados corporativos e TI agregando ainda mais a receita de serviços fixos, atingindo a marca de R$1,0b (+13,2% vs. Genial Est.), subindo +9,9% t/t e +25,6% a/a, assumindo assim, junto com FTTH, a dianteira para a geração de valor. O consolidado para a unidade de serviços fixos ficou em R$3,0b (+5,8% vs. Genial Est.), apresentando uma alta de +6,3% t/t e +13,0% a/a.

    Dinâmica no COGS pior que a esperada. Enxergamos que em busca de acelerar sua expansão B2B, para melhorar seu posicionamento no mercado, a Vivo apresentou custos e despesas maiores que a estimadas, piorando marginalmente sua eficiência, já que consolidou -R$7,7b (+6,1% vs. Genial Est.), puxada por uma aceleração na parte de custos da operação, com -R$5,2b (+8,0% vs. Genial Est.), ao subir +9,5% t/t, +11,6% a/a, que não foi compensada pela queda de -4,0% t/t nos custos dos serviços e mercadorias, chegando a -R$2,5b (+2,5% vs. Genial Est.).

    Dessa forma, a divisão de custos operacionais nos trouxe uma surpresa negativa, reportando despesas maiores com (i) pessoal (+7,4% vs. Genial Est.), com reajustes para os funcionários e novas contratações para alavancar suas operações, em (ii) comerciais e infraestrutura (+6,7% vs. Genial Est.), com maiores despesas de publicidade, tecnologia e pelo término antecipado do contrato de transição de serviços com a Oi, pela (iii) PDD (+11,7% vs. Genial Est.), e (iv) outras receitas/despesas operacionais, com menores receitas da venda de materiais e imóveis.

    EBITDA levemente abaixo. Se por um lado tivemos uma surpresa positiva na receita líquida, impulsionada pela venda de aparelhos e por dados corporativos, na outra tivemos ponta tivemos uma surpresa negativa por maiores custos operacionais, que foram mais relevantes e fizeram com que o EBITDA reportado viesse abaixo das nossas projeções, com R$4,9b (-4,2% vs. Genial Est.), caindo -5,6% t/t, mesmo com uma alta de +9,5% a/a.

    Em uma margem EBITDA em queda, chegando a 38,8% no 1T23, vemos um número -2,46p.p. abaixo das nossas estimativas, em uma queda de -2,5p.p. t/t e -0,89p.p. a/a. Isto posto, enxergamos que na comparação t/t tivemos uma expansão na receita um pouco acima do esperado, puxada principalmente pela modalidade de serviços fixos. Entretanto, para isso, a Vivo investiu mais em dados corporativos e TI, de forma que o custo dessa linha também pesou. Olhando o balanço entre receita e custo, o custo adicional superou a receita incremental e o resultado, para essa dinâmica, não foi positivo.

    Ainda que no curto prazo faça parte da estratégia comercial um gasto maior no B2B para capturar a receita, acreditamos no potencial da Companhia na conversão de longo prazo, com posicionamento melhor que seus pares no mercado. Já quando usamos como comparação anual, vemos que a aquisição da Oi Móvel foi capaz de gerar valor para Vivo, subindo receita e EBITDA em praticamente dois dígitos.

    Lucro líquido caindo t/t e subindo a/a. Mostrando reflexos de sua dívida bruta ainda em níveis altos se comparado a média histórica, a despesa financeira segue forte, reportada em -R$539m (+12,5% vs. Genial Est.), um pouco acima do que esperávamos. Além disso, o resultado financeiro foi pior do que o esperado por variações cambiais e monetárias líquidas mais negativas do que nossas projeções, em -R$242m (+34,4% vs. Genial Est.).

    Dessa maneira, enxergamos um Lucro líquido de R$835m (-25,8% t/t; +11,3% a/a), consolidando uma entrega um pouco abaixo das nossas projeções, em razão de um COGS mais forte que as estimativas, apesar da receita também ter vindo um pouco acima, o efeito não foi compensatório. Importante dizer que, comprando com o consolidado anteriormente a aquisição da Oi Móvel, continuamos a ver melhoras frente a um ano atrás, subindo +11,3% a/a.

    Leve perda de margem. Como reflexo de custos crescendo de maneira mais acelerada do que a receita, a margem líquida da Vivo ficou em 6,6% (-1,52p.p. vs. Genial Est.). A Companhia ainda perde margem t/t e a/a, mostrando que apesar de alguma melhora operacional nos números, as estratégias comerciais de expansão ainda não trazem um reflexo satisfatório entre aquisição de receita e aumento de custos. Acreditamos, porém, que o mercado de telecomunicações é competitivo, e como a Vivo é líder em market share nos principais centros urbanos do país, nossa avaliação é de que a estratégia comercial deve gerar rentabilidade um pouco mais para frente.

    Nossa visão e recomendação

    Apesar de uma leve queda t/t no EBITDA, a Vivo trouxe números sólidos no 1T23, com destaques positivos na receita tanto na parte móvel, pelo contínuo upsell de sua base e vendas de aparelhos fortes, quanto na parte fixa, pela aceleração da conexão FTTH resultando em maiores acessos e ARPUs, além de dados corporativos crescendo em dois dígitos.

    Com uma redução significativa no CAPEX do 1T23, para R$1,6b (-16,3% vs. Genial Est.) em queda de -32,2% t/t, e -10,3% a/a, enxergamos uma potencial geração de caixa operacional (EBITDA – CAPEX) vindo acima do esperado, no montante total de R$3,2b durante o trimestre. Gostamos do sinal positivo que a redução do CAPEX trouxe na geração de caixa, indicando que o guidance para até R$9b em 2023 deve ser mantido.

    Graças a geração de caixa, a Companhia conseguir reduzir sua dívida líquida para R$13,1b vs. R$16,8b no 4T22 (-22,0% t/t), apesar da dívida bruta ainda ser ponto de atenção, ficando em R$18,9b, indicando que a despesa financeira deve continuar exercendo uma força contrária na formação de lucro líquido até o final do ano, conforme comentamos no nosso relatório de prévias.

    Entre receitas e despesas, a dança do equilíbrio…Esperamos que os reajustes de preços sejam refletidos em melhores números para o 2T23, com as ofertas para novos clientes corrigidas em janeiro, enquanto a base atual apenas a partir de abril. Do lado inorgânico, o término do contrato de não reajuste para a base da Oi pelo período de 12 meses, deve trazer a elevação do ARPU pela correção em cima de clientes de ticket médio mais baixo, demonstrando qual a capacidade de upsell que a antiga base da Oi possui, para gerar mais receita dentro da Vivo.

    Do lado de custos, vemos as linhas ligadas ao B2B, como dados corporativos e TI, pressionando as margens. Acreditamos que a Companhia deve procurar o fiel da balança entre estratégia comercial de preço, expansão de novas linhas e upsell, para na dança entre aumento de receita e aceleração de custos, a rentabilidade apareça mantendo o equilíbrio.

    Dessa forma, mesmo com custos totais acima do esperado para o trimestre, ainda continuamos a enxergar que a sua posição privilegiada tanto no mercado de conexão fibra evoluindo para 24,4m de casas passadas (+1,1m t/t) e 5,7m casas conectas (+0,2m t/t), como na operação móvel, mantendo a dinâmica de upsell do plano pré-pago para o pós-pago, além de sua expansão para o B2B, com o mercado de cloud, cibersegurança e IoT, a fornecem o posto de Top Pick para o setor de telecomunicações.

    Sendo assim, negociada a um EV/EBITDA 23E de 4,6x, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR, com Target Price 12M de R$55,00, o que implica em um upside de +34,21%.

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