Resumo
Com um novo governo a caminho, além de novas perspectivas no cenário macroeconômico global, viemos por meio deste atualizar nossas perspectivas e recomendações para os setores de indústria e transporte para o ano de 2023.
Para o setor aéreo, mesmo com um cenário macro ruim, preferimos Azul dada a entrada dos novos slots em Congonhas, menor competição nas rotas e um operacional relativamente mais resiliente. Já no segmento de autopeças, mantemos Randon como nossa favorita devido ao seu valuation mais atrativo. Mesmo com um ano comparativamente mais fraco para o segmento de implementos, o envelhecimento da frota e o câmbio elevado devem ajudar no impulsionamento de peças de reposição. No segmento industrial, acreditamos que Weg poderá ser uma boa posição defensiva, devido a sua boa carteira de pedidos para produtos de ciclo longo, diversificação setorial e menor pressão de custos frente aos pares globais, podendo resultar em ganho de participação de mercado. Em transporte e logística, mesmo com Movida negociando a múltiplos atraentes, nossa favorita passa a ser Simpar, dado o desconto, diversificação e opcionalidades das empresas não listadas. Em caso de fechamento de curva de juros Simpar pode performar melhor que Movida. Seguimos com perspectivas positivas para Vamos e JSL, mas optamos por selecionar a holding como nossa Top Pick.
Overview Macroeconômico
Falando um pouco sobre os principais indicadores macroeconômicos que serão utilizados, começaremos pela Selic, que, durante 2020 chegou a patamares históricos de 2% a.a e hoje já se encontra em 13,75% a.a. Grande parte desse movimento de alta pode ser explicado por uma política contracionista, que serviu para combater os efeitos de inflação resultantes de uma de expansão de gastos originada durante a pandemia.
Do final de 2020 até o ano corrente, com a reabertura das economias globais, iniciou-se um rally de commodities, além de um processo de diminuição da relação Dívida/PIB brasileira e do câmbio, que passou dos R$ 5,80 para R$ 4,70. Porém, com a aproximação das eleições e os resultados das pesquisas sendo divulgados, o inimigo passou a ser outro.
A incerteza que pairava sobre o resultado, tão como a postura que seria adotada pelo presidente que fosse eleito fez com que o risco de crédito brasileiro subisse cerca de 40% entre abril e setembro. Com isso, tivemos uma nova escalada do câmbio, que hoje se encontra na faixa dos R$ 5,20. Cabe ressaltar que a possível postura adotada pelo presidente eleito deverá descompromissada com o fiscal. Dito isso, podemos esperar períodos de câmbio e volatilidade alta no ano que vem.
Diferentemente do Brasil, regiões como EUA e Europa começaram seu processo de subida de juros relativamente mais tarde, em um discurso de que a inflação seria transitória e que não seria necessária a intervenção por meio de política monetária. Contudo, com o aumento dos preços, seus respectivos bancos centrais se viram na obrigação de subir suas taxas de juros. Com isso, esperamos que boa parte da atividade econômica global se reduza durante o ano que vem, dado que a expectativa de ambas as economias é de uma manutenção dos juros em patamares relativamente elevados. Isso se refletiria principalmente em queda no preço do petróleo, dado que boa parte de sua demanda vem dessas regiões.
Apesar de ainda estar mostrando um mercado de trabalho relativamente forte, a última fala do presidente do FED, Jerome Powell, foi marcada por um tom não muito sutil, onde ele dizia que ainda não havia sinais de que as taxas de juros nos EUA sofreriam algum decaimento no ano que vem. Com isso, poderemos ter uma pequena desaceleração nos mercados externos, que poderiam descompensar o ganho de produtividade previsto no mercado interno.
Setor Aéreo
Para nós, o setor aéreo poderá sofrer com uma possível escalada do dólar. Com o governo eleito dando indicações claras de que não seguirá uma trajetória fiscal sustentável. Com isso, os leasings pagos pelas companhias aéreas devem pesar ainda mais em seus resultados.
Apesar de também possuir uma componente cambial, o QAV (Querosene de Aviação) deve ter seu preço levemente reduzido no próximo ano por conta de uma possível diminuição no preço do barril de petróleo, conforme mencionamos anteriormente. Ressaltamos que com sua recente queda, além dos reajustes realizados no terceiro trimestre que devem ser efetivamente realizados pelas companhias aéreas a partir do 4º trimestre (devido à uma defasagem no repasse), acreditamos que poderá haver um pequeno alívio nos custos relacionados à combustível. Resta saber se o componente câmbio neutralizará os efeitos sentidos pela queda no preço do petróleo. Estamos trabalhando com uma média de US$ 80 para o barril em 2023.
Outro ponto de atenção são as perspectivas para o turismo brasileiro em 2023. Estudos indicam que o turismo brasileiro poderá manter a mesma taxa dos períodos pré pandemia. Segundo o presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), o retorno ao panorama “normal” após a pandemia faz com que as pessoas consigam realizar suas viagens que estavam programadas desde 2020. Destacamos que as projeções indicam que não só destinos internacionais devem ser expandidos, mas também domésticos.
Durante o mês de dezembro, foi anunciada a greve dos aeronautas, onde pilotos e comissários pararam suas atividades durante 2h no dia, reivindicando reajustes salariais e melhores condições de trabalho. Conversando com as companhias aéreas, ambas mencionaram que possuíam um plano de contingência, que visa suprir as bases que aderiram à greve. Com isso, os impactos desse evento serão pequenos no resultado do 4º trimestre no que diz respeito a cancelamento e atrasos de voos.
Contudo, veremos um leve aumento no custo de pessoal durante o ano de 2023, dada a negociação que foi feita entre as companhias e seus pilotos e comissários para encerrar a greve. Foi acordado um reajuste de 6,97% (considerando o INPC) mais 1% sobre salários fixos e variáveis, diárias nacionais, vale alimentação, piso salarial, seguro, entre outros. Além disso, a proposta requer folgas com horários definidos e publicados em escala, podendo gerar multas de R$ 500 dependendo da situação e antecedência do aviso.
A taxa de ocupação divulgada nos últimos meses pelas companhias nos deixou em alerta, dado que estão abaixo dos seus comparativos anuais. Caso essa tendência permaneça durante o ano de 2023, poderemos ter diminuições nos Yields, o que poderá fazer com que a diminuição nos custos de combustíveis se torne ainda menos significativa.
O destaque positivo fica com a recente alteração na lei do Perse, editada via medida provisória pelo presidente Jair Bolsonaro. Entre as mudanças, o ato zera as alíquotas do PIS e da Confins sobre as receitas decorrentes das atividades do setor aéreo entre 2023 e 2026. A MP tem vigência de 60 dias e pode ser estendida por mais 60. Após isso, o Congresso terá de decidir se a mudança será permanente.
O Perse, foi criado em maio de 2021 para minimizar os impactos da pandemia nas empresas do setor de eventos e turismo. A medida reduziu a 0% as alíquotas do IRPJ, da CSLL, da contribuição ao PIS e da COFINS, por um período de 5 anos,
Destacamos que a MP foi modificada em um período de sazonalidade forte, o que ajudar a impulsionar ainda mais os resultados do 1T23.
Gol (GOLL4)
Em termos de receita, a Gol ainda não superou seus níveis de demanda quando comparamos com 2019. Com o processo de renovação de frota em andamento, esperamos que haja uma redução no consumo de combustível por aeronave para o ano que vem, dado que os novos Boeing 737-Max possuem maior eficiência de combustível em relação aos Boeing 737-NG (cerca de 13%).
Utilizando os números reportados no 3T22 relativos a ASK e preço de combustível, estimamos que, caso a companhia estivesse com a relação de frota 737-MAX projetada para 2025 (50% da frota), sua economia de combustível por assento chegaria a aproximadamente 3,3% em relação ao que foi divulgado, o que aumentaria o EBITDA do trimestre em aproximadamente R$ 60 milhões.
Segundo a última apresentação de resultados da empresa, o plano para 2023 é aumentar a quantidade de novas aeronaves de 25% para 40% da frota.
Gostaríamos de ressaltar nossa visão para Gol. Com o aumento do preço do petróleo, seu operacional vem sendo relativamente comprimido. Além disso, a escalada do dólar fez com que o pagamento de seus leasings ficasse mais caro. Dito isso, fizemos uma análise de sensibilidade utilizando ambos os parâmetros mencionados para medir os impactos de ambas as variáveis no EBITDA da Gol em 2023.
Com a pandemia, os fabricantes de aeronaves concederam maiores prazos de pagamento para as companhias aéreas, visto que também estavam tendo problemas com abastecimento de componentes eletrônicos.
Com o término da pandemia e as operações normalizadas, é possível que haja um encurtamento desses prazos. Dado que aproximadamente metade de sua dívida se concentra somente em arrendamentos, e que cerca de 77% desses possuem prazo após 2023, caso isso se concretize, poderemos ver a Gol enfrentando alguns problemas de liquidez.
Se a empresa não gerar caixa no 4T22, somente a dívida remanescente para 2022 divulgada no 3T22 representa cerca de 90% do caixa e recebíveis de curto prazo da empresa, isso considerando que ela consiga adiantar seu contas a receber sem nenhum deságio. O 4T22 mais forte será importante para Gol voltar a respirar com mais tranquilidade.
Devido às premissas macroeconômicas mencionadas, elevadas dívidas com leasings em um período ainda longo de renovação de frota e um caixa substancialmente pequeno, optamos por rebaixar nossa recomendação de Gol para VENDER, com preço alvo de R$ 5,40
Azul (AZUL4)
Na medida do possível, Azul está em uma posição mais confortável. A empresa já superou seu operacional pré pandemia e além disso, a recente entrada no aeroporto de Congonhas deverá impulsionar suas receitas no ano que vem. Durante o Azul Day, a companhia mencionou que espera dobrar seu EBITDA de Congonhas durante 2023.
Durante o evento, foi mencionada uma relativa superioridade na margem do aeroporto de Congonhas em relação à média da companhia, além de uma expectativa de que as decolagens do aeroporto representassem cerca de 10% do total da empresa. Dito isso, esperamos que os novos slots em Congonhas adicionem pouco mais de R$ 200 milhões de EBITDA no ano de 2023.
Com relação à greve mencionada anteriormente, a Azul mencionou que foi pouco impactada, dado que historicamente o histórico de adesão por parte dos funcionários é pequeno, além de a empresa possuir um plano de contingência para suprir possíveis adesões.
Assim como a Gol, a Azul também vem renovando sua frota, substituindo suas aeronaves antigas pelas de nova geração. Um exemplo são as aeronaves E2, que estão substituindo as E1, sendo substancialmente mais eficientes, com um custo por assento aproximadamente 26% menor, além de queimarem 18% menos combustível.
Com isso, fizemos algumas estimativas considerando o ASK, preço de combustível e frotas do 3T22. Durante o Investor day da Azul, foi estipulado a meta de dobrar a quantidade de aeronaves Embraer E2. Utilizando os dados que foram divulgados durante o evento relativos à economia de combustível das aeronaves E2 em comparação com as E1, calculamos que, caso a frota de E2 prevista para 2023 estivesse operacional no último trimestre, a companhia teria um adicional de aproximadamente R$ 35 milhões no EBITDA.
Assim como em Gol, realizamos uma análise de sensibilidade visando medir os impactos de dólar e barril de petróleo no EBITDA projetado para 2023.
O cenário ainda é conturbado para ambas as companhias, porém, dado uma estrutura de caixa e operacional melhores, além dos novos slots em Congonhas, estamos mais otimistas para Azul do que para Gol. Contudo, optamos por alterar a recomendação para MANTER, com preço alvo de R$ 15,00.
Setor Automotivo
Esperamos que boa parte do volume de produção das montadoras se mantenha em 2023. O alívio das políticas de covid zero na China e subsídios anunciado às empresas de chips, possibilitará o aumento do volume de automóveis produzidos.
No Brasil, temos estimativas que mostram que a produção e vendas nacionais devem aumentar substancialmente no ano que vem. Para o Sindipeças, a produção de automóveis deverá crescer cerca de 7,5% frente a 2022. Enquanto para a Anfavea, as vendas de veículos devem ser 10% maiores no ano que vem.
Ressaltamos que ambas as projeções foram feitas antes dos anúncios da China mencionados anteriormente. Isso significa que, dependendo do andamento dessas, os números projetados poderão ser ainda maiores.
Tupy (TUPY3)
Acreditamos que Tupy deverá entregar bons resultados no ano que vem, sendo favorecida pela sua forte exposição ao segmento pesados e sua boa exposição à moedas fortes. Para 2023, o ponto principal do ano de será a incorporação da MWM do Brasil e por consequência a captura de as sinergias. A empresa, que é focada na produção, usinagem e montagem de motores voltados para setores como: transporte, agrícola e industrial deverão expandir o mercado endereçável da Tupy, além de complementar suas operações, visto que anterior à aquisição, a Tupy realizava somente o processo de usinagem do motor. Agora, com as operações combinadas, ela também poderá fornecer produtos com maior valor agregado, enviando-os pré montados e com peças complementares.
Nossa estimativa é que a MWM consiga crescer sua margem EBITDA de 8% para 8,5% até o final de 2023, além de conseguir crescer sua receita de R$ 2.688 em 2021 para R$ 2.964 em 2023 (~ 5%).
No contexto setorial, no exterior, deveremos ver um balanço entre uma possível recessão e uma continuidade no movimento de recomposição dos estoques, principalmente nos EUA. Ao observarmos o volume de estoque de veículos no país, vemos que ele se encontra em sua mínima histórica. Monitoramos o aumento de produção de veículos no Brasil. Com isso, um movimento de recomposição pode ajudar a suprir parte do volume externo da Tupy.
Dada a queda no preço do minério desde o seu pico após a pandemia, podemos ver menos investimentos no setor de mineração. Por outro lado, o setores agrícola e de construção civil devem seguir investindo. Nossa expectativa é de manutenção do volume de vendas de veículos off-road.
Segundo o último relatório de frota circulante divulgado pelo Sindipeças, a idade média dos caminhões no ano de 2021 era de aproximadamente 11 anos. Número que veio em trajetória crescente desde 2013 (9 anos e 6 meses). Dito isso, podemos observar o processo de renovação de frotas se intensificando nos próximos meses, e por consequência podemos ter um maior aumento nos volumes de produção internos, o que beneficiaria diretamente a Tupy. Nossa expectativa é de aumento de produção de veículos no Brasil.
Estamos mantendo nossa recomendação de COMPRA, porém alterando o preço alvo de R$ 35,00 para R$ 36,00.
Randon (RAPT4)
Para Randon, esperamos um ano relativamente neutro. Nossa expectativa é de um mercado de implementos mais fraco, porém com o segmentos de autopeças ainda forte. Acreditamos que uma frota de caminhões mais envelhecida aliada a nova leva de caminhões Euro 6 poderá impulsionar as vendas do segmento. Caminhões mais velhos possuem menor eficiência, e, com isso, necessitam de maiores reparos e consequentemente mais reposição de peças.
Durante a Fenatran, vimos que a Fras-le firmou parcerias com algumas das principais montadoras de caminhões, e, com isso, seus novos veículos são equipados com peças da subsidiárias diretamente na fábrica, podendo adicionar volumes e receitas consideráveis durante o ano que vem. Esperamos que a Randon tenha obtido bons volumes contratados para o ano de 2023, com efeitos já nos resultados relativos ao primeiro trimestre.
Na vertical montadora, o dólar relativamente alto, pode ajudar a manter uma boa carteira de pedidos volta para o agronegócio. Esperamos maiores volumes de vedas de vagões, após a retomada dos níveis de investimentos em ferrovias no país. Já para setores como Ecommerce, esperamos um ano mais fraco por conta de juros e inflação ainda elevados. Até a última semana, a nova onda de projetos voltada para o setor ferroviário soma mais de R$ 61 bilhões. Com isso, parte do volume e receita de implementos poderá ser compensada por quantidades maiores de vagões vendidas.
Apesar da manutenção dos volumes, acreditamos que a Randon poderá apresentar oscilações maiores em suas margens se comparado ao ano de 2022. Com juros em patamares elevados e uma maior restrição de crédito, podemos observar enfraquecimento da demanda de caminhões por parte do varejo. Com isso, parte da demanda poderá ser sustentada no atacado pelas locadoras, que, por sua vez, forçam as empresas a concederem maiores descontos em suas vendas.
Por fim, olhando para um horizonte de tempo mais longo, acreditamos que as recentes aquisições via Castertech de empresas do ramo de usinagem poderão beneficiar a Randon. A verticalização da capacidade de fabricação de seus componentes e chapas usinadas deverá se refletir em melhoras de margem no futuro.
Mantemos nossa recomendação de COMPRA para Randon, porém diminuindo nosso preço alvo de R$ 16,00 para R$ 13,00.
Setor Industrial
Para as empresas voltadas para o segmento industrial, dado o cenário inflacionário seguido de elevadas taxas de juros em algumas das principais potências como EUA e Europa, vemos parte de sua demanda arrefecendo durante o próximo ano, o que afetaria principalmente a produção de equipamentos de ciclo curto.
Apesar do atual movimento de descarbonização global, a pandemia e a guerra na Ucrânia evidenciaram as fragilidades do processo de transição energética global. Os setores de óleo & gás, que passaram anos com baixo nível de investimento, agora voltam a se movimentar por conta do novo patamar de preços do barril de petróleo. Dessa forma, esperamos bons volumes de entrega, principalmente no que diz respeito a investimentos em plataformas de exploração. Somente no Brasil, a ABESPetro estima que haverá cerca de US$ 24 bilhões por ano investidos na indústria de petróleo, o que, somado aos investimentos no exterior, poderá trazer bons volumes para o setor industrial.
O que ainda não sabemos é como será a retomada chinesa após o abandono das medidas de covid zero, além de possíveis pacotes econômicos que visam estimular a economia. Contudo, mesmo com um forte recuperação do gigante asiático, dado que em boa parte de suas empresas alimentam o mercado interno, é possível que as empresas sob nossa cobertura sejam relativamente pouco afetadas com esse movimento.
Weg (WEGE3)
Conforme mencionamos, é possível que boa parte da demanda da Weg, principalmente no que tange ao segmento de motores comerciais, apresente uma queda no ano que vem. Contudo, ainda assim achamos que o segmento de GTD ainda deverá manter boa parte de seu volume, principalmente em energias renováveis. A carteira de pedidos de ciclo longo deve ajudar a manter o patamar de receitas em nível elevado.
No mercado local, um ponto de atenção para Weg durante 2023 são as discussões ao redor do recém aprovado Marco do Saneamento. Uma revogação do marco poderia reduzir drasticamente os níveis de investimento no setor, o que diminuiria a receita potencial da Weg.
No segmento eólico, seguimos com a expectativa de 8 máquinas entregues por mês. A homologação do aerogerador na Índia e início da fabricação poderão aumentar o volume de entregas e impactar positivamente os resultados da WEG. No longo prazo, o marco eólico offshore, aprovado recentemente pelo congresso brasileiro, poderá trazer bons volumes de pedidos voltados para a instalação de parques.
No segmento solar, a possível aprovação do PL 2703/22, que visa estender o prazo de instalação de centrais solares visando obter benefícios fiscais pode ser um potencializador da receita do segmento de GTD para Weg.
Seguimos otimistas com Weg. Alteramos nosso preço alvo de R$ 40,40 para R$ 47,50, mantendo a recomendação de COMPRA.
Aeris (AERI3)
Esperamos um ano positivo para Aeris. Segundo a ABEEólica, espera-se que entre 2023 e 2026 tenhamos aproximadamente 3 GW/ano de capacidade instalada adicionada. Além disso, estima-se que o Brasil possui cerca de 700 GW de potencial energético offshore, o que se torna ainda mais palpável com o novo arco eólico recentemente aprovado.
Apesar do potencial mencionado, a falta de novos aditivos contratuais, seguida de repetidos problemas nos projetos em desenvolvimento pela companhia nos deixa com um olhar mais cauteloso para a companhia.
Os problemas na produção não só levaram a um atraso na entrega de pedidos, mas também prejudicaram a maturação de algumas linhas de produção. Sabemos que mesmo com esses empecilhos a Aeris acabou recebendo integralmente pelo projeto, porém o simples fato de isso ser algo recorrente nos preocupa.
Outro fato extremamente importante a se destacar são as cláusulas contratuais restritivas (covenants) existentes nos contratos de capital de giro e emissões de debêntures. As cláusulas estipulam que a alavancagem da companhia seja inferior a 3,5x. Caso o teto seja atingido, poderá haver renegociação da dívida, ou até mesmo execução antecipada por parte do credor, o que seria muito prejudicial para a Aeris.
Tocamos nesse ponto pois no último trimestre a companhia adiantou todos os seus recebíveis, o que ajudou a reduzir sua alavancagem em 0,4x. No entanto, caso esse movimento tenha sido feito especialmente em função dos covenants, vemos um cenário cada vez mais difícil para a companhia conseguir levantar algum tipo de caixa, caso seu operacional não melhore.
Entretanto, as projeções da empresa são de um 2023 mais positivo, dado que a pandemia e guerra na Ucrânia atrapalharam a cadeia de suprimentos, o que acabou atrasando alguns projetos. Somando somente projetos offshore no Brasil em análise para 2023, temos cerca de 169 GW em projetos sendo analisados pelo Ibama, o que praticamente dobraria a capacidade instalada atualmente no Brasil (~180 GW).
Seguimos com nossa recomendação de COMPRA para Aeris, porém alteramos nosso preço alvo de R$ 4,40 para R$ 2,80.
Setor de Transporte e Logística
Para as empresas de locação esperamos um ano relativamente positivo no que diz respeito a renovação de frota. Com a normalização da oferta de semicondutores ao longo de 2023, acreditamos que boa parte dos problemas na produção de veículos podem ser solucionados ao longo do ano.
Com isso, esperamos bons níveis de produção de automóveis, o que, aliado a uma demanda menor no varejo por conta de juros altos, poderá beneficiar as locadoras em seu processo de renovação de frota, conforme já estamos observando.
No segmento de pesados, acreditamos que ainda haverá forte demanda por locação, dado o processo de envelhecimento de frota e manutenção de juros em patamares elevados. Além disso, com a chegada do Euro-6 a partir de janeiro, acreditamos que o preço dos caminhões novos deve ser até 15% superiores aos atuais, o que também deve corroborar para a locação desses veículos.
Vamos (VAMO3)
Dado a junção da Selic em patamares elevados e dificuldade de obtenção de crédito, aliada aos novos motores Euro 6, acreditamos que a demanda pela locação de veículos pesados deve continuar substancialmente forte no ano que vem.
Estima-se que os caminhões contendo a nova motorização devem custar entre 15-20% mais caro que os Euro 5. Com isso, um ambiente interno de taxas de juros mais altas e restrição de crédito deverá fazer com que boa parte da demanda por caminhões e máquinas no ano que vem se direcione para a locação.
Apesar dos anúncios de que algumas montadoras agora estão adentrando o mercado de locação de veículos pesados, os movimentos recentes de capitalização (follow on e antecipação de recebíveis) nos levam a acreditar que a Vamos continuará sendo a principal empresa do setor, dado o tamanho de sua frota e sua operação já amadurecida frente aos entrantes.
Assim como em Randon, esperamos que uma manutenção do câmbio em patamares mais elevados continue impulsionando o setor agropecuário, beneficiando a locação de máquinas agrícolas e caminhões.
Recentemente, publicamos um relatório detalhando alguns pontos importantes no setor de locação de pesados, tão como seus principais players no país. Para conferir, clique aqui.
Estamos alterando nosso preço alvo de Vamos, passando de R$ 22,50 para R$ 21,00 com recomendação de COMPRA.
Localiza (RENT3)
Esperamos um bom ano para Localiza em 2023 em termos operacionais. Com uma maior retenção de crédito, taxas de juros e inflação elevada, o serviço de locação e gestão de frotas vem ganhando cada vez mais representatividade.
Além disso, a recente fusão com a Unidas aconteceu em um momento oportuno para a empresa de locação. Dado que a demanda por veículos está relativamente baixa no varejo, além de os volumes de produção de carros de entrada terem aumentado substancialmente nos últimos meses, acreditamos que a Localiza deverá obter bons descontos em seu processo de compra de veículos. Além disso, o processo de captura de sinergias deve render bons ganhos de margens para a companhia, mas na nossa visão são o grande desafio para 2023.
Entretanto, acelerar o crescimento significa voltar aos níveis de alavancagem superiores a 3,0x, e com o cenário fiscal não tão positivo e possível manutenção das taxas de juros em um patamar mais elevado, podemos observar compressão nas últimas linhas do resultado mesmo com as melhorias operacionais. A entrada no segmento de pesados, atualmente com ~5 mil caminhões, pode trazer mais necessidade de capitalização para Localiza para conter ou aumento na alavancagem.
Dito isso, mudamos recentemente nossa recomendação para Localiza para MANTER, com preço alvo de R$ 60,00.
Movida (MOVI3)
Com relação ao operacional, Movida ainda deve entregar bons resultados. Em seu Investor Day, a companhia mencionou que manteve o seu guidance de compra de veículos e que deve continuar subindo suas tarifas no ano que vem, o que deve impulsionar sua receita.
Assim como Localiza, a Movida deverá se aproveitar de uma demanda fraca para obter maiores descontos com as montadoras a fim de recompor sua frota com maiores volumes de carros de entrada. Apesar de possuir um ticket de venda mais elevado, a maior quantidade de veículos mais caros em sua frota deve continuar mantendo sua depreciação em patamares elevados, o que, aliado ao mesmo fator de juros mencionado para Localiza, deve continuar pressionando os resultados da companhia.
Recentemente foi realizado o Investor Day de Movida. Para conferir os principais pontos abordados no evento, tão como nossa opinião sobre eles, clique aqui.
Recentemente atualizamos nossa recomendação de Movida. Mantemos COMPRA, porém dado o cenário de juros mais altos ao longo de 2023, enxergamos uma maior compressão nos lucros, resultando em uma redução do preço alvo de R$ 21,00 para R$ 14,00.
JSL (JSLG3)
Acreditamos que o ano de 2023 deverá ser misto para a JSL. Ressaltamos os contratos firmados pela companhia ao longo do ano de 2022, que, por si só, já representam um crescimento de 10% da receita para 2023.
Entretanto, em termos de volume, setores como o de automóveis, deverão manter o segmento Asset Light ainda com operacionais positivos, enquanto alguns segmentos Asset Heavy ligados à commodities deverão performar pior quando comparado ao ano corrente devido ao cenário macroeconômico.
Mantemos nossa recomendação de COMPRA para JSL, porém diminuindo nosso preço alvo de R$ 10,00 para R$ 8,00.