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Publicado em 20 de Maio às 15:12:03

Expresso Bolsa Semanal: mudança de tom, estímulos na China, compra de Brasil.

Mais uma semana difícil para ações globais, principalmente para aquelas mais sensíveis ao aumento das taxas de juros no mundo desenvolvido (Crescimento, Tecnologia, Criptos). Do lado positivo destaque para o VIX (índice do medo) e algumas commodities. Medo de inflação persiste no mercado após mudança no tom do discurso de alguns membros do Fed (Federal Reserve) e do BCE (Banco Central Europeu). Noticiário positivo vindo da China, que anunciou medidas para estimular a economia local. Aqui no Brasil, as movimentações foram dominadas por eventos corporativos sem um definição clara sobre quais foram os melhores ou piores setores. Entendemos que neste patamar de preços grandes investidores se interessaram em comprar ações brasileiras.

EUA: Mudança de tom

Um dos eventos mais significativos para essa semana foram as declarações de dirigentes do Fed e BCE sobre o atual cenário e as necessidades de atuação monetária para combate a inflação. Ficou claro para o mercado a preocupação de Jerome Powell com a atual situação e os desafios que o Fed irá ter para promover uma normalização monetária, sem “esfriar” e economia americana.

A inflação continua fazendo “vítimas” e a dessa semana foi o Walmart, principal varejista americano, que perdeu um quarto de seu valor de mercado em menos de um mês após divulgar margens de lucro comprimidas pelo atual contexto macroeconômico.

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Quando a inflação começa a impactar empresas ligadas ao consumo de itens básicos (supermercados) é sinal de alerta. Nessa semana publicamos um texto sobre os efeitos de cenário de estagflação no mundo, veja aqui: O Fantasma da “Estagflação”

Na Europa, foi divulgado o Preço ao Produtor Alemão (PPI) com um aumento de 33,5% em abril, um novo recorde histórico. A elevação ocorre em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia, que por sua vez pressiona os preços de energia e alimentos.

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Preços de energia mais altos não são ruins para todos. Veja por exemplo a Saudi Aramco, maior empresa de petróleo do mundo, que registrou o maior lucro desde o seu IPO depois da escalada de preços do petróleo com a invasão da Ucrânia pela Rússia. A Aramco (Energia), que na semana passada ultrapassou a Apple (Tecnologia) e se tornou a empresa listada mais valiosa do mundo, obteve lucro líquido de US$ 39,5 bilhões, acima dos US$ 21,7 bilhões do trimestre anterior. Sim, estamos passando por uma mudança de cenário, e que confirma a necessidade de investimentos para exploração e produção de itens básicos (energia, alimentos, moradia).

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Não é a toa que a última Pesquisa com Gestores de Fundos do Bank Of America (BofA) mostrou que os níveis de caixa subiram para 6,1%, o maior nível desde 11 de setembro. Em tempos difíceis, ter reservas em caixa (liquidez) acaba sendo uma boa oportunidade e é o que grandes gestores globais estão fazendo. Lembrando que se você for fazer sua reserva de liquidez no Brasil, você estará ganhando quase 13% ao ano, sem qualquer esforço.

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China: Será que agora vai?

Autoridades chinesas com o objetivo de estimular o setor imobiliário e os empréstimos bancários, tendo em vista diminuir os efeitos deletérios da sua política de tolerância zero à Covid sobre a atividade econômica, anunciou uma série de medidas econômicas. Dentre elas, uma redução das taxas de juros e aumento dos gastos públicos em nível comparado ao que aconteceu em 2020.

Dentre outros fatores, os últimos dados mostravam cada vez mais sinais de enfraquecimento da economia chinesa, com preços residenciais caindo pelo oitavo mês consecutivo, aumento do desemprego entre jovens, entre outros.

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A notícia caiu como uma luva para ajudar na recuperação dos preços das commodities e de empresas ligadas à materiais básicos.

Brasil: Tem gente comprando

Algumas notícias me chamaram atenção nessa semana ao sinalizar que grandes investidores estão “comprando Brasil” no atual nível de preços.

Entendemos que o cenário ainda é bastante desafiador, principalmente olhando para a situação do mercado americano, porém, acreditamos que bons negócios podem ser feitos ao comprar boas ações ligadas à economia doméstica (Construção Civil, Varejo, Small Caps). Acredito que há espaço para uma reprecificação das taxas de juros de longo prazo aqui no Brasil, e cujo fechamento da curva poderia influenciar positivamente os preços das ações locais, ou pelo menos diminuir a correlação e influência do mercado americano no curto prazo. A notícia de maiores estímulos na China também pode ser muito favorável para nossas ações, já que a performance do Ibovespa tem influencia de cerca de 40% em ações exportadoras. Estamos animados mas também de olho na situação fiscal brasileira, nosso ponto fraco, mas que tem trazido boas notícias até o momento. Seguimos atentos!

Resultado Fiscal (mar/22): Governo Consolidado apresenta superávit primário de R$4,3 bilhões

Temporada de Balanços

Boa Safra Sementes (SOJA3) | 1T22: Olhando para um cenário de commodities ainda bastante lucrativo e uma empresa com modelo de negócio diferenciado e que vem demonstrando forte crescimento.

⚠️ Cemig (CMIG4): 1T22: O EBITDA consolidado foi de R$1,9 bilhões (vs. R$1,7 bilhões no 1T21), propelido principalmente pelos resultados do segmento GT. Neste trimestre, o resultado da geração foi positivamente impacto por maiores margens no segmento de comercialização.

🆘 Hapvida (HAPV3) | 1T22: Os resultados de Hapvida vieram pela primeira vez consolidados (parcialmente) com os números da recente fusão com a NotreDame Intermédica (GNDI). Entretanto, as informações que se fazem necessárias para entender o prognóstico do trimestre não foram bem comunicadas, sem a divulgação dos dados de janeiro para GNDI. Devido à natureza deste primeiro trimestre, com os efeitos da última onda de covid concentrados no primeiro mês do ano, a falta de divulgação destes números distorcem os resultados uma vez que provavelmente veríamos uma sinistralidade mais alta no mês de janeiro.

⚠️ Inter (BIDI11) | 1T22: O lucro do Inter no 1T foi de R$ 27m, crescendo 24,9% a/a e 35,8% t/t e superando os R$ 11m que esperávamos. Apesar do lucro acima das nossas expectativas, o resultado antes do imposto foi de somente R$ 1m, impactado pela margem financeira (NII) caindo 2,8% t/t e forte avanço das provisões, que cresceram 157,4% a/a e 68,6% t/t. Do lado positivo, a queda das despesas t/t e boa performance das receitas de serviços contribuíram para o resultado.

🆘 IRB (IRBR3) | 1T22: IRB reportou mais um trimestre de prejuízo, colocando a resseguradora mais uma vez no limite regulatório de cobertura de provisões técnicas e liquidez de apenas R$ 17m, em comparação a R$ 236m no 4T21. O lucro reportado no 1T22 foi de R$ 80,5m, mas feitos os ajustes de ganhos não-recorrentes no valor R$ 135m majoritariamente vindos de ganhos de ações judiciais, o prejuízo líquido foi de R$ 54,5m.

⚠️ Magazine Luiza (MGLU3) | 1T22: O “top line” do Magalu veio conforme esperado. Nos surpreendeu, positivamente falando, a evolução da margem operacional nesse trimestre. Por outro lado, uma maior despesa financeira fez com que o lucro líquido da companhia ficasse 23% abaixo do estimado.

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