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Publicado em 22 de Novembro às 11:02:41

Temporada de Balanços 3T21: Positivo para Alimentos e Bens de Capital. Seguradoras e Saúde decepcionam

Com o encerramento da temporada de balanços referente ao terceiro trimestre de 2021 das empresas sobre nossa cobertura, 70% apresentaram resultados em linha ou acima do esperado. O destaque positivo ficou para com o setor de alimentos (frigoríficos) e o destaque negativo ficou com as seguradoras e operadoras de saúde.

Diversificação geográfica, alta dos preços do boi gordo e receitas dolarizadas contribuíram para o bom desempenho do setor de frigoríficos no terceiro trimestre de 2021. Mesmo com a alta dos preços das commodities agrícolas (milho, soja) as empresas do setor foram capazes de entregar bons resultados. A exceção ficou com BR Foods (BRFS3) ainda impactada pelo alto nível de alavancagem e dificuldade de adotar uma estratégia operacional eficiente. Apesar do momento negativo para a indústria, principalmente a automotiva, por conta da falta de semicondutores, merece o nosso destaque as empresas locadoras de veículos e de bens de capital. Mesmo com o impacto negativo, o setor foi capaz de entregar resultados que superaram as expectativas do mercado.

Do lado negativo, as seguradoras não conseguiram entregar bons resultados mesmo com a alta da Selic. Esse movimento foi justificada pela velocidade com que o mercado de juros reagiu após a deterioração do cenário fiscal. Juros altos favorecem o setor, mas em um segundo momento após a estabilização do mercado. Outro setor que divulgou resultados abaixo do esperado foram as empresas ligadas a planos de saúde. Já esperávamos que o impacto de procedimentos eletivos pudesse contribuir negativamente com os resultados dessas empresas, porém, o impacto acabou sendo maior do que o esperado, influenciados pela população voltando a normalidade após a vacinação e assim procurando mais por serviços ligados a saúde. Outros setores que ainda decepcionaram foram o de Educação e o setor de Varejo, muito impactados pelo cenário macroeconômico.

(+) Destaques Positivo

Alupar (ALUP11): Muito além do resultado ter vindo acima do consenso do mercado, observamos nesse trimestre algo que vai além da mera análise do resultado trimestral. Observamos aqui mais um passo na materialização da tese da empresa: forte expansão do EBITDA da empresa devido à entrada operacional de uma série dos seus projetos somados ao recente reajuste tarifário das receitas de suas linhas de transmissão, com expressiva exposição ao IGPM (+37% a/a), somado a queda gradual na necessidade de investimentos à medida que os seus projetos vão entrando em operação – consequentemente, observamos a relação Dívida Líquida/EBITDA saindo do pico de 4,7x no final de 2020 para 4,0x agora no 3T21.

Assaí (ASAI3): Assaí divulgou seu resultado do 3T21 beneficiado pelo impacto de créditos fiscais de R$ 187m no lucro líquido, superando assim tantas as nossas estimativas quanto as do mercado. Excluindo os benefícios, observamos um resultado em linha com o que esperávamos, mas que ainda demonstra a resiliência e atratividade do modelo de negócios, com ganhos de rentabilidade e geração de caixa apesar de um cenário macroeconômico adverso e a forte base comparativa.

Bemobi (BMOB3): Diferente de outras empresas de tecnologia que costumam queimar um pouco mais de caixa no curto prazo para conseguir entregar um crescimento robusto, a Bemobi é um caso especial, que cresce consistentemente e continua gerando caixa a cada resultado.

Bradesco (BBDC4): Temos uma avaliação positiva do resultado trimestral do Bradesco, principalmente pela boa recuperação de linhas que estavam pressionadas como a de seguros e serviços, pelo crescimento acentuado da carteira de crédito com melhora de mix, e pelo maior índice de provisionamento e capital entre os pares. O lucro de R$ 6,76b, cresceu 7,1% t/t e 34,5% a/a, superando em 4.8% a nossa projeção de R$ 6,45b e superando em 6,5% a média das expectativas do mercado de R$ 6,35b. O ROE foi de 18,4%, abaixo de pares como Itaú (20%) e Santander (21%), mas com um índice de provisões e capital superiores a eles

JBS (JBSS3): Mais uma vez, a maior empresa de proteínas do mundo surpreendeu positivamente na divulgação de seus resultados. A receita líquida consolidada alcançou R$ 92,6 bilhões, equivalente a um crescimento de 32,2% a/a e 5,4% acima da nossa expectativa, que já era otimista em relação ao consenso de mercado. A JBS anunciou dividendos, recompra de ações e reconhecimento global como uma empresa Full Investment Grade. Os fundamentos da companhia seguem muito fortes, e ela segue com iniciativas para continuar gerando caixa, expandir e criar cada vez mais valor aos seus acionistas.

Movida (MOVI3): Após um forte resultado no 2T21, a Movida surpreendeu de novo as estimativas do mercado nesse trimestre, colocando a empresa em um novo patamar de escala e rentabilidade. A incorporação parcial dos resultados da CS Frotas nesse trimestre impactou positivamente o resultado, levando a empresa a apresentar recordes em alguns indicadores. O Ebtida recorde de R$ 613 milhões, que veio 30,5% acima de nossa expectativa e 24% acima da expectativa do mercado, teve um crescimento de 58% t/t e 188% a/a, com a margem passando de 32,1% no 2T21 para 38,9% no 3T21. Já o lucro líquido recorde de R$ 259 milhões, veio 27% melhor que nossa estimativa e 24% melhor que a do mercado, com uma margem de 16,5%, acima dos 14,4% e 3,6% apresentados no 2T21 e 3T20 respectivamente.

Randon (RAPT4): Os resultados mais uma vez muito fortes superaram nossas expectativas, principalmente no segmento de implementos rodoviários, com volumes cerca de 6% acima do esperado, impactado positivamente pelo bom número de implementos exportados. Além disso, o EBITDA superou o consenso e veio em linha com nossas projeções otimistas. A receita líquida de R$ 2,5 bilhões foi 17,6% maior que a reportada no trimestre anterior e 64,1% maior que no 3T20. A margem EBITDA Ajustada de 15,6% foi 0,4 p.p maior que no trimestre anterior.

SOMA (SOMA3): Mais um tri de crescimento significativo e bem acima do consenso de mercado, com alta (vs. 3T19) de +71% da receita bruta, +86% de EBITDA ajustado, e +136% de lucro líquido. O maior case do grupo que é a Hering, no entanto, apresentou um crescimento tímido de 8,3% (vs. 3T19) em receita, por conta de um impacto significativo em sua cadeia produtiva que dificultou o abastecimento do B2B e B2C, mas temos indicadores que mostram a maior aceitação da marca como +22,7% de ticket médio e +11,9% de conversão de peças, o que mostra como a compra foi frutífera.

Vivo (VIVT3): Neste 3T21 da Vivo, o resultado foi em linha com o esperado pela Genial e pelo consenso, continuando com performances sólidas com uma surpresa animadora na parte do lucro que foi de R$ 1,31 b, +11,7% frente às nossas estimativas. A empresa reportou uma receita líquida total de R$ 11,03 b (+2,2% a.a e 3,6% t.t) impulsionada pelas partes de serviços móveis que atingiram R$ 7,39 b, uma alta de 3,2% a.a e 5,7% t.t, e de serviços fixos que alcançaram R$ 2,49 b (+14,8% a.a e 1,4% t.t). Além disso, houve um aumento da base total de clientes móveis para 82,25 milhões (7,2% a.a e 1,6% t.t) e dos clientes fibra via FTTH (Fiber-to-the-home) chegando a 4,35 milhões (+39,2% a.a e 7,7% t.t).

(-) Destaques Negativos

BRF (BRFS3): As iniciativas que a BRF apresentou em seu Plano 2030, no final de 2020 foram animadoras – contudo, teoria é uma coisa, e prática é outra. A situação é difícil, diante de um cenário global que vai contra a rentabilidade do seu negócio – nesse trimestre, a empresa novamente registrou um prejuízo líquido, dessa vez de R$ 271 milhões, além de ultrapassar sua meta de nível de alavancagem e chegar a 3,1x dívida líquida/EBITDA.

IRB (IRBR3): O resultado do 3T21 do IRB demonstra ainda uma grande dificuldade da resseguradora em retomar lucratividade. Os efeitos da restruturação de contratos não-rentáveis cancelados desde 2020 continuam a impactar o lucro do IRB (efeito cauda) e devem persistir até 2023, segundo a próprio IRB. A empresa reportou um prejuízo de R$ 286m, pior que os -R$ 207m do 2T21 e -R$ 230m do 3T20.

Magazine Luiza (MGLU3): Magalu reportou seus resultados do 3T21, se tornando a mais nova vítima do cenário macroeconômico adverso. Importante reiterarmos que o macro não era seu único adversário, uma vez que os fortes resultados divulgados do 3T20 se tornaram extremamente desafiadores. O maior destaque ficou para o e-commerce, com as vendas digitais representando 72,3% do GMV total do grupo.

Mosaico (MOSI3): Mosaico reportou uma receita líquida de R$50,2mi (queda de 14,4% a/a) e ligeiramente acima da nossa projeção de R$47,7. Essa diferença se dá pela diferença entre o take-rate estimado. Estimávamos um take-rate na casa dos 5,7% enquanto a Mosaico reportou 6,9%. O EBITDA foi de R$0,9mi, queda de 95% a/a. Segundo a empresa, essa queda está alinhada com a estratégia da companhia, focando em crescimento. O Lucro Líquido foi de R$2,1mi, queda de 80% a/a.

Oi (OIBR3): Neste trimestre, a Oi apresentou resultado em linha com o esperado pela Genial em termos de receita, alcançando R$ 4,5b (-3,9% a.a e +3,0% t.t), ficando pouco abaixo do consenso (R$ 4,7 b). Em termos de EBITDA, a nossa perspectiva era de um aumento do custo frente à situação macroeconômica o que rebaixaria o seu valor final. Porém, neste quesito, a empresa conseguiu entregar bons resultados ficando próximo dos níveis do consenso, com custo total de R$ 3,06 b (-5,6% a.a e -1,4% t.t) e EBITDA de R$ 1,46 b (-0,2% a.a e +13,7% t.t). Como consequência, a margem EBITDA foi para 32% (+1,2 p.p a.a e +3,0 p.p t.t), exibindo melhora na eficiência operacional da empresa comparado ao 2T21.

Via (VIIA3): Via divulgou seus resultados do 3T21 pegando o mercado de surpresa. O maior destaque foi para o reforço da provisão trabalhista, resultando no impacto de R$ 1 bilhão no EBITDA e revertendo o lucro observado nos últimos trimestres para o prejuízo contábil de R$ -638 milhões. Excluindo os efeitos trabalhistas, o destaque positivo ficou para o e-commerce, especialmente o marketplace (3P). As vendas digitais representaram 60% do GMV total do grupo que atingiu a marca de R$ 11,1 bilhões (+6% a/a). O maior crescimento foi para o marketplace (+133% a/a), que superou os R$ 2 bilhões em vendas totais

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