Escolha Genial
A Escolha Genial para o setor de locação é a Movida (MOVI3), que recebeu recomendação de compra muito por conta do seu alto potencial de crescimento. Além disso, podemos dizer que estamos otimistas em relação ao segmento de locação de veículos como um todo, uma vez que acreditamos que as novas gerações estão trocando a posse pelo uso dos veículos. Além disso, o cenário se torna ainda mais favorável por conta da baixa penetração do setor e por ser um setor em consolidação. Dessa forma, Unidas e Localiza também receberam recomendação de compra.
Se preferir, assista o vídeo do analista deste relatório.
Na pandemia, o setor de locação sofreu no 2º trimestre com as medidas restritivas de circulação e a queda da demanda, mas logo esse serviço de veículos foi decretado como essencial, a demanda se recuperou rapidamente e o que vimos foi uma mudança de comportamento por parte da população preferindo o transporte individual no lugar do transporte coletivo para evitar contato com outras pessoas.
Visão Geral do Setor de Locação
O setor de locação de veículos é um setor intensivo em capital, pois as empresas precisam de muito recurso para a compra dos carros que compõe suas frotas. Por possuir essa característica, o setor se beneficia em momentos de taxa de juros baixa, no qual as empresas conseguem captar recursos com uma taxa baixa para investir em veículos. A Localiza leva vantagem nesse quesito, pois possui o menor custo de capital do setor.
O modelo de negócio das locadoras é explicado abaixo:
1. Captação de Recursos: as empresas captam recursos via dívida ou emissão de ações para investimentos.
2. Compra de Veículos: após captar recursos, as empresas compram os carros. Nesse estágio, a escala faz diferença, pois quanto maior o volume de compra, melhor é a negociação de preço e pagamento junto as montadoras.
3. Aluguel dos Veículos: com os carros em suas frotas, as empresas alugam os seus carros.
4. Venda dos Veículos: após 15 meses de uso em média no RAC (rent a car) e 24 meses em média no GTF (Gestão e Terceirização de Frotas), as empresas vendem seus carros para poder renovar a frota. Quanto melhor a operação de seminovos, mais recursos a empresa tem para renovar a frota sem necessidade de alocar mais capital.
Perspectiva para o Setor de Locação
Por muito tempo ter um carro próprio foi o desejo de muitas pessoas ou jovens ao completar os 18 anos. Entretanto, com o crescimento das opções de locomoção e com os novos anseios da sociedade, o carro se tornou um item menos importante. Problemas como o trânsito nas grandes capitais, juros do financiamento elevados, gasolina cara, depreciação alta, seguro e os custos de manutenção levaram muitas pessoas a se questionarem e refletirem sobre a necessidade de possuir um veículo. Entre as novas opções de mobilidade, o setor de locação de veículos vem apresentando crescimento ao longo dos anos e ainda pensamo que é um setor com um grande potencial pela frente.
Esperamos que o setor de locação de veículos apresente crescimento para o futuro, pois todo o ganho de eficiência que as empresas conseguiram nos últimos anos foram repassados para o consumidor através de tarifas menores, elevando a demanda do setor.
O crescimento de aplicativos de transportes, como o Uber e 99, também ajudaram a impulsionar o setor, uma vez que pessoas desempregadas, e que não possuíam veículos, começaram a recorrer às locadoras para conseguirem fazer suas corridas de aplicativos. Mesmo em um cenário adverso, de PIB negativo, as empresas conseguiram crescer e, para frente, temos uma visão otimista para o setor, com muitas oportunidades de crescimento e com uma consolidação do setor pelas três maiores empresas, fato que ocorreu também em outros países e que deve se repetir no Brasil também.
Análise Inicial Movida [MOVI3]
Recomendação: COMPRAR
Preço alvo: R$ 23,20
Tese de Investimento
Estamos com recomendação de compra na Movida por considerarmos que a empresa é a mais barata do setor de locação (P/L) e por ter maior potencial de crescimento no longo prazo. É a nossa Escolha Genial do setor. Chegamos no preço alvo através de um DCF de 10 anos.
Resumo da Empresa
A Movida foi fundada em 2006, e, atualmente, é a terceira maior empresa do setor. Hoje ela possui 195 lojas espalhadas pelo Brasil, estando presente em todos os estados do país. A empresa conta com uma frota de mais de 122 mil carros, divididos em 70,2 mil na divisão RAC (Rent a Car) e 52,4 mil carros na divisão GTF (Gestão e terceirização de frotas). A companhia é focada no aluguel de carros para pessoas físicas, sendo a primeira locadora a oferecer carros com ar condicionado em toda sua frota de veículos e carros premium para as classes mais altas.
Pontos positivos e oportunidades
- Segunda empresa listada em bolsa a possuir o selo B Corporation, que identifica empresas que seguem determinados padrões de transparência, responsabilidade e desempenho.
- Setor fragmentado com potencial de consolidação pelas três maiores do setor.
- A Movida faz parte do grupo Simpar e tem o benefício de comprar veículos através do grupo, conseguindo uma escala maior e melhores condições junto as montadoras.
- Vendas online bem acima da média nacional, o que ajuda a reduzir as comissões pagas a intermediadores.
- Tarifas mais altas que seus concorrentes por possuir uma segmentação melhor dos seus clientes.
Desafios e riscos
- Maior custo de capital que os seus maiores concorrentes.
- Lançamento de programa de assinaturas e locação de veículos por parte das montadoras, aumentando a concorrência no setor.
- Aumento do preço dos automóveis por conta da desvalorização cambial e da falta de insumos.
- Aumento da taxa de juros, prejudicando o setor de locação que é intensivo em capital.
Análise Inicial Localiza [RENT3]
Recomendação: COMPRAR
Preço alvo: R$ 76,00
Tese de Investimento
Estamos com recomendação de compra na Localiza por pensarmos que a empresa vai ser a consolidadora do mercado por ser a maior do setor e possuir o menor custo de capital entre as 3. Chegamos no preço alvo através de um DCF de 10 anos.
Resumo da Empresa
A Localiza é a maior locadora de veículos do Brasil com quase 275 mil carros e mais de 600 lojas espalhadas pelo país e no exterior. A companhia se beneficia por ser a maior compradora de carros no país, obtendo melhores condições ao comprar seus veículos junto as montadoras. Por ter maiores descontos na compra do carro e possuir a maior rede de seminovos entre as concorrentes, a empresa leva vantagem no giro dos seus ativos, um fator muito importante para o setor de locação de veículos. A empresa fez uma proposta de fusão com a Unidas em setembro de 2020, que ainda está em análise pelo CADE.
Pontos positivos e oportunidades
- Menor custo de capital do setor.
- Maior compradora de carros do Brasil, garantindo melhores condições na compra.
- Setor fragmentado com potencial de consolidação pelas três maiores do setor.
- Presente em 370 cidades contra 145 e 102 dos seus concorrentes.
- Melhor ROIC entre seus concorrentes.
Desafios e riscos
- Lançamento de programa de assinaturas e locação de veículos por parte das montadoras, aumentando a concorrência no setor.
- Fusão com a Unidas ser barrada pelo CADE pela concentração de mercado.
- Aumento do preço dos automóveis por conta da desvalorização cambial e da falta de insumos.
- Aumento da taxa de juros, prejudicando o setor de locação que é intensivo em capital.
Análise Inicial Unidas [LCAM3]
Recomendação: COMPRAR
Preço alvo: R$ 32,00
Tese de Investimento
Estamos com recomendação de compra na Unidas por pensarmos que a empresa vai se beneficiar pela dinâmica do crescimento do setor de locação de veículos, principalmente no segmento GTF, onde a empresa é a líder nacional. Chegamos no preço alvo através de um DCF de 10 anos.
Resumo da Empresa
A Unidas é a segunda maior empresa do setor de locação de veículos após a fusão com a Locamerica. Seu foco é o setor de gestão de terceirização de veículos (GTF), onde a empresa faz a gestão de frota para pessoas jurídicas. Nesse segmento, ela obtém a primeira posição do tamanho de frota, pois seus concorrentes alocam a maioria de seus carros para a divisão RAC (rent a car). A empresa tem entre seus acionistas a Enterprise, maior companhia de locação de veículos dos EUA, o que ajuda a obter o know-how e experiência do negócio de locação de veículos. Atualmente, ela possui mais de 250 lojas espalhadas pelo país e conta com 121 lojas de seminovos. Como dito anteriormente, a fusão com a Localiza, anunciada em setembro de 2020, ainda está em análise pelo Cade.
Pontos positivos e oportunidades
- Previsibilidade de receita por seu foco no segmento de GTF, onde os contratos têm em média 24 meses de duração e com multa na hipótese de rescisão antecipada.
- Enterprise como acionista, trazendo experiência e know-how para a operação.
- Divisão para veículos especiais e para o agronegócio.
- Setor fragmentado com potencial de consolidação pelas três maiores do setor.
Desafios e riscos
- Lançamento de programa de assinaturas e locação de veículos por parte das montadoras, aumentando a concorrência no setor.
- Fusão com a Localiza ser barrada pelo Cade pela concentração de mercado.
- Aumento do preço dos automóveis por conta da desvalorização cambial e da falta de insumos.
- Aumento da taxa de juros, prejudicando o setor que é intensivo em capital.
Um pouco mais sobre o setor de locadoras
Divisões das Locadoras
As locadoras de veículos contêm 3 divisões dentro do seu modelo de negócio: RAC (rent a car), GTF (Gestão e Terceirização de Frotas) e a divisão de Seminovos.
RAC (rent a car): divisão especializada em aluguéis de curta duração. Alto custo fixo devido à manutenção das lojas e dos funcionários. A venda dos carros é feita em média após 15 meses depois da compra.
GTF (Gestão e Terceirização de Frotas): divisão especializada em aluguéis de longa duração. Baixo custo fixo, pois não possui lojas nessa divisão. O lado positivo dessa modalidade é a previsibilidade da receita com os contratos de longa duração que contém cláusula para o rompimento do contrato. A venda dos carros acontece em média 24 meses após a compra.
Seminovos: divisão especializada na venda dos carros para o varejo. Quanto maior a participação das vendas no varejo, melhor o seu preço.
O setor de locadoras na pandemia
As locadoras apresentam um modelo de negócio flexível. Por possuir ativos líquidos (seus carros), conseguem ajustar o tamanho da frota facilmente de acordo com a demanda. Na pandemia, as locadoras sofreram no 2º trimestre de 2020 pela restrição de circulação das pessoas e a demanda por aluguéis de carros que caiu drasticamente levando as locadoras a ajustarem suas frotas, parando de comprar carros e vendendo mais carro para ajuste da nova demanda. Passado o 2º trimestre, as locadoras observaram a demanda se recuperando rapidamente por conta das pessoas que preferiam o uso de transporte individual ao transporte coletivo. As empresas então retomaram as compras e diminuíram o ritmo das vendas. Mas, quando voltaram as compras, tiveram o problema de que as montadoras haviam interrompido a produção de veículos devido à pandemia e, logo, as locadoras não conseguiram retomar ao nível de frota que o mercado demandava, levando o aumento das tarifas de locações, da taxa de ocupação e da idade média de suas frotas.
Oportunidades no Setor de Locação
Baixa penetração de aluguéis no setor: 84 milhões de pessoas possuem cartão de crédito no Brasil (que são as pessoas que conseguem alugar um carro) e somente 11 milhões de pessoas são usuários do serviço de locação de veículos.
Da posse para o uso: pesquisas feitas, apontam que apenas 28% dos millenials (nascidos após o início da década de 1980 até o final do século) possuem automóvel próprio quando moram sozinhos ou com apenas mais uma pessoa. Essa geração tende a valorizar mais experiências do que a posse de bens, como fazer viagens e utilizar aplicativos de serviços. Aplicativos como Uber, Netflix, Airbnb, nos ajudam a mostrar a tendência que veio para ficar.
Consolidação do setor: atualmente, o Brasil conta com mais de 11 mil locadoras de veículos, sendo que as três maiores possuem 50% da frota do setor. Como a escala é muito importante nesse setor, é praticamente improvável uma empresa pequena competir com as maiores nas mesmas praças de atuação, levando assim a uma consolidação do setor. A fusão da Localiza com a Unidas, por exemplo, poderia trazer um benefício para o setor, no qual, com a menor competição, os preços das tarifas poderiam ser mais elevados.
Desmobilização do capital para empresas focarem no core business: A terceirização de frotas no Brasil ainda é muito pequena comparada a outros países. A terceirização da frota ajuda as empresas a liberarem capital para investimentos em atividades principais das empresas, o que aumenta seus retornos.
Assinatura de veículos: as locadoras estão lançando um produto de assinatura de veículos, um serviço em que o cliente paga um valor fixo mensal com tudo incluso, que funciona como uma espécie de leasing nos EUA. As vendas por leasing nos EUA representam aproximadamente 25% das vendas totais. No Brasil, esse serviço é praticamente inexistente e as locadoras estão apostando bastante nesse segmento para o crescimento do setor.
Desafios e Riscos do Setor de Locação
Baixa barreira de entrada: qualquer competidor com capital para investir em frota consegue entrar no mercado. Com a entrada de algum competidor novo, o preço das tarifas cai e empurra o retorno do setor para baixo.
Competição com as montadoras: algumas montadoras já oferecem serviço de aluguel de assinatura e terceirização de frota, o que cria uma competição com seus principais clientes, que são as locadoras.
Problema na produção de veículos: algumas montadoras estão com problema na produção de veículos por escassez de alguns insumos, como chips. Isso pode fazer com que os preços dos carros novos aumentem e as locadoras possam ter problema para a renovação de frotas.
Piora do ambiente macroeconômico: com os carros mais caros, as locadoras vão ter que reajustar as tarifas ou reduzir seus custos para manter a mesma rentabilidade no futuro. Para esse repasse de preço acontecer, o ambiente macroeconômico tem que estar favorável, com desemprego baixo, inflação controlada e demanda aquecida.
Aumento da taxa de juros: com o aumento da inflação, o mercado já espera um aumento da taxa de juros, prejudicando o setor que é intensivo em capital.
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