Conclusão: Permanecemos com a recomendação de compra para RRRP3. Se por um lado o relatório de produção do mês não trouxe novidades expressivas, por outro, a performance das ações da empresa vem decepcionando. Desde o pico de sua valorização (Maio/22), as ações da 3R Petroleum cairam aproximadamente 41% na esteira da maior probabilidade de uma recessão global, que levaria a uma queda nos preços do petróleo. Como já explicamos em um dos nossos relatórios passados sobre o impacto dos preços do petróleo nas nossas avaliações, o atual nível de preços traz um cenário excessivamente pessimista (para maiores detalhes, leia o nosso relatório “Qual Impacto da queda do Preço do Petróleo na 3R, Prio e PetroRecôncavo?” clicando aqui), onde achariamos potencial de valorização expressivo mesmo considerando os preços do petróleo constante aos US$60/barril até o final da vida produtiva dos seus campos. Ou seja, aos atuais níveis das cotações dos papéis, nossa preocupação não é o nivel de preços do petróleo (exceto em caso de uma alguma grande crise global que venha a impactar significativamente a demanda, como em 2008) e sim a execução do plano de negócios da empresa no que diz respeito a consolidação dos campos adquiridos da ANP e respectivo aumento da produção dos polos. Além disso, apesar da recente realização nos preços do brent, a curva futura de preços continua razoavelmente aderente ao que usamos em nossas estimativas, nos levando a continuar confortáveis para 2023 e adiante e a crer que eventuais realizações de curto prazo nos preços tendem a ser dissipadas no médio e longo prazo, principalmente devido as limitações no incremento da oferta da produção global devido ao subinvestimento no setor nos últimos anos.
Produção: Nossa leitura sobre a produção da 3R em relação ao mês de junho como Neutra para tese da empresa. Por se tratar de um case baseado no aumento da produção do campos, neste trimestre, não observamos nenhuma evolução expressiva na produção no mesmo. No 2T22, a 3R produziu 12,2k bpd médios (vs. 9,2k bpd no 1T22), uma evolução explicada principalmente pela entrada do Polo Recôncavo no portfólio da empresa. Apesar da nossa leitura, temos alguns comentários que merecem ser observados, principalmente com perspectivas para os próximos trimestres.
- Polo Macau: pelo segundo mês consecutivo, a produção do Polo Macau declinou. Alcançou 5,7k bpd médios em junho/22 (vs. 7,1k e 5,8k bpd nos meses de Abril e Maio, respectivamente). Como mencionamos em notas passadas, a queda da produção foi explicada devido a queda do fornecimento de energia em um dos sub clusters do Polo Potiguar. Tal evento afetou o processo de produção, medição e rateio da produção. Evidentemente, a notícia não é positiva. Porém, adversidades ao longo do processo de redesenvolvimento não são incomuns – desde que resolvidos em tempo razoável, evidentemente. Cabe observar a evolução do retorno a produtividade do campo nos próximos meses.
- Polo Recôncavo. Neste trimestre, o grande motivo para o salto na produção foi a aprovação da transferência do Polo Recôncavo para a 3R, com acréscimo de 3,6k bpd na produção da empresa. No curto prazo (em geral, 3-4 meses), não esperamos grandes novidades no que diz respeito a aumento da produtividade a medida que nesse meio tempo é natural acontecer a consolidação da operação do ativo na empresa (troca de time, melhorias diversas nos equipamentos e infraestrutura, análise do polo pelo tipo da 3R, etc). Mas, se considerarmos o comportamento pregresso dos polos que já são controlados pela companhia, faz muito sentido que vamos ter boas notícias muito em breve.
- Polo Rio Ventura. Como mencionamos em nossas notas anteriores, gostamos da “mudança de patamar” na produção do campo, que fechou o trimestre produzindo aproximadamente 1,5k bpd (vs. 1k bpd apenas seis meses antes).
O que fazer após as recentes quedas?
Resposta: Nada. Ou então comprar mais o ativo caso ainda exista espaço para ações de perfil arrojado como a 3R Petroleum no seu portfólio (valendo lembrar que também gostamos da Prio).
Desde o pico da sua valorização (Maio/22), as ações da empresa cairam aproximadamente 41%.
Em nossa leitura, ouve uma reação exagerada nas ações da empresa (não apenas da 3R, mas também da Prio, nossa outra recomendação no setor e nas ações da Petrorecôncavo) devido a I) Aumento da aversão ao risco no mundo inteiro, II) risco de tributação nas empresas petroleiras e III) aumento do risco da recessão global, que traria o preço do petróleo a níveis menos atraentes que os atuais, que tem negociado na casa dos US$100-120/barril nos últimos meses.
Como mencionamos no primeiro parágrafo do documento, nos atuais níveis de preços, as ações de petróleo sob nossa cobertura ainda aceitam muito desaforo – ou seja, sob a ótica dos preços da commodity, as ações já estão excessivamente descontadas e implicam em seus preços preços do petróleo abaixo dos US$50/barril até o final das suas vidas produtivas. Vale mencionar que a atual curva do brent ainda está razoavelmente aderente as nossas estimativas, apesar da ligeira queda nos preços futuros vs. o que temos em nossas estimativas hoje (aproximadamente 5% nos anos de 2022-2023). Essencialmente, achamos que essa queda nas ações parece exagerada tendo em vista a realização dos preços no curto prazo. E caso a recessão venha a ser ainda mais dura do que o mercado já vem precificando, fica a dúvida sobre o quanto o preço do petróleo continuaria caindo a medida que o mundo passa por restrições na oferta de petróleo.
É claro que o risco existe. Como o principal risco observamos a execução das empresas. Como já explicado em nossa iniciação de cobertura, as empresas tem um agressivo plano de expansão de suas produções – e a medida que os preços não nos preocupa (por enquanto…), o risco para observarmos uma verdadeira destruição de valor nos cases diz respeito a não entregarem aquilo que elas estão prometendo em seus planos de negócios – por enquanto, ainda não observamos nada nesse sentido (que diga a produção do campo de Frade publicado nessa semana pela Prio – para maiores informações, “Quem sabe faz ao Vivo! – Frade leva empresa para novo patamar de produção!” – clique aqui) . Além disso, o aumento da percepção de risco global e os rumores de uma taxação de dividendos causam um ruído desagradável nas empresas do setor.