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    Publicado em 12 de Agosto às 03:53:58

    Oi (OIBR3) | Resultado 2T22: Enxergando a luz no fim do túnel

    Julgamos o resultado para a companhia como misto. Por um lado, observamos um crescimento da receita propiciada pela expansão da fibra e da Oi Soluções, juntamente com a contribuição da SEREDE, porém os custos superaram nossas estimativas, o que comprimiu as margens. A desvalorização cambial impactou de modo significativo o resultado financeiro, provocando mais prejuízos para a companhia. Mesmo assim, avaliamos como algo extremamente positivo a conclusão das vendas dos ativos móveis, bem como do controle da InfraCo, o que possibilitou à companhia o pagamento de parte de suas dívidas e o encaminhamento para sua saída da Recuperação Judicial.

    Indo mais a fundo…

    O primeiro ponto a ser ressaltado é na alteração no modo de declaração, sobretudo do lado da receita, agrupando termos que anteriormente vinham separados, removendo contribuições exógenas ao core e tornando-a mais simplificada.

    Receita

    A receita total foi de R$ 2,8b (-37,3% t/t e -36,9% a/a) decorrente sobretudo da redução proveniente da conclusão das vendas dos seus ativos móveis, bem como do controle da V.tal.

    Do lado das operações continuadas que englobam de fato o core da empresa, atingiu-se R$ 2,2b (+5,3% t/t e +1,0% a/a), com destaque para a linha de Subsidiárias e outras que totalizou R$ 92m no tri, devido aos serviços prestados a partir de junho à V.tal, tendo em vista que os serviços da SEREDE, responsável pela construção e manutenção, passaram a ser reconhecidos como uma receita da Oi, gerando essa diferença mais nítida.

    Mesmo assim, as linhas de Fibra e da Oi Soluções permaneceram com crescimentos tanto t/t quanto a/a, enquanto a legado permanece perdendo relevância.

    Do lado da fibra a empresa totalizou R$ 958m (+4,9% t/t e +38,8% a/a) de receita, terminando o 2T22 com cerca de 3,7m de HCs (casas conectadas), uma adição de +144k, com 16,9 HPs (casas passadas) gerando um take-up de 21,8%.

    A Oi Soluções somou R$ 686m (+10,5% t/t e +2,1% a/a), com a contribuição das suas 3 linhas principais: 1) há tendência de recuperação no segmento “Telecom”, de forma mais lenta uma vez que é sujeita a mais volatilidade, impactada sobretudo pelo cenário macroeconômico mais desafiador, refletido nas diminuições de preços de renegociações de contratos de produtos legados com empresas e governos. 2) De forma similar, a parte “Não-core” é impactada negativamente e 3) a parte TIC é suportada por ações de médio prazo, como evolução do mix de produtos, portfólio para oferecimento de serviços de maior valor, maiores exposições ao mercado digital, etc. Os destaques ficaram para serviços de gerenciamento dos negócios de clientes, serviços de gestão de infra de rede, suportes profissionais e soluções para comunicação unificada.

    Custos

    Os custos totalizaram R$ 2,4b (-24,7% t/t e -23,3% a/a) impactados de forma similar pela alienação daqueles ativos. Já nos custos Brasil, a linha que diferiu em grande modo das nossas estimativas foi a de Contingências, Tributos e Outros, devido a um crédito de R$ 144m no trimestre, causada pela redução nas provisões para o pagamento do Fistel (taxa regulatória da Anatel), decorrente do negócio móvel, que deixou de existir após a venda do ativo.

    Dentro de aluguéis e seguros também superou nossas estimativas, em virtude dos contratos de aluguel com a V.tal, no qual acreditávamos que os efeitos das saída dos ativos seriam mais impactantes.

    De forma geral, as demais linhas tiveram impactos em maior ou menor grau da situação macroeconômica, com questões inflacionárias e necessidade de reajustes dentro da estratégia de gastos, com efeitos mais significativos em pessoal.

    EBITDA e Margem

    Com a queda mais acentuada da receita frente aos custos, empresa registrou um EBITDA de rotina de R$ 388m (-69,0% t/t e -69,8% a/a), o que resultou numa contração de margem indo para 14,0% (-14,3 pp t/t e -15,2 pp a/a).

    Há ainda um item não-rotina que totalizou R$ 8,2b referente ao ganho com a conclusão das vendas dos ativos móveis e do controle da InfraCo.

    Resultado Financeiro

    O resultado financeiro totalizou R$ -3,1b (vs R$ +1,9b no 1T22 e R$ +1,2b no 2T21), impactado sobretudo pela desvalorização cambial no 2T22 quando comparado à valorização no 1T22 e ao aumento dos principais indexadores de dívida da companhia (CDI e IPCA, por exemplo).

    Lucro/Prejuízo líquido

    A equipe registrou um prejuízo de R$ -321m (-118,0% t/t e -128,1% a/a) como reflexo de um resultado financeiro fortemente negativo, juntamente com a contribuição de R$ -4,7b de imposto de renda e contribuição social que também tiveram impactos da variação cambial dentro do item de adições permanentes, cujos efeitos foram parcialmente compensados pelo item não-rotina decorrente das alienações dentro do trimestre.

    Endividamento

    A empresa terminou o 2T22 com uma dívida total de R$ 21,2b (dívida líquida de R$ 16,1b), decorrente da venda da Oi Móvel, com o pagamentos da dívida do BNDES no valor de R$ 4,6b, das debêntures 2a emissão de R$ 2,4b e o bond sênior 2026 com a desão de 98,71% do total do principal, o que representou cerca de US$ 869m, além dos juros acruados e não pagos até a data. Com a venda do controle da InfraCo houve o pagamento da debênture privada da 1a emissão da BrT Multimídia, no valor de R$ 3,5b.

    É importante ressaltar que a desvalorização compensou parcialmente tais pagamentos.

    Eventos relevantes

    Venda da Oi Móvel e controle da InfraCo

    É importante mencionar que ao longo do 2T22 houve a conclusão da venda dos principais ativos da companhia: a Oi Móvel e o controle da antiga InfraCo para o BTG. Dessa forma, houve uma importante entrada de caixa utilizada para sanar parte das dívidas da companhia.

    Riscos para o deal da venda da Oi Móvel

    Foram estipuladas algumas condições pela Anatel e Cade de forma a promover a competição dentro do segmento móvel, tendo em vista a grande concentração de mercado, de 98%, entre as 3 Big Telcos: TIM, Vivo e Claro. Dentre esses “remédios”, havia a questão das ofertas de referência dos produtos do atacado (ORPA), que se relaciona com o roaming (quando você paga uma taxa por utilizar a rede de outra operadora). Porém, os valores estipulados pela Anatel foram vistos pelas Big Telcos como extremamente inferior ao que esperavam, provocando um grande embate sobre quais preços deveriam ser de fato seguidos.

    Com isso, TIM, Vivo e Claro entraram na justiça para obter uma liminar que suspendia os preços da Anatel, alegando que a metodologia não se adequa aos padrões de eficiência e aos números vistos na realidade.

    Em suma, a Anatel julgou a afronta como um mecanismo para as Big Telcos não terem que respeitar um dos remédios previstos na venda da Oi Móvel, o que poderia culminar com a revisão do deal e até com seu cancelamento. Para mais informações, não deixe de ler o relatório completo em que damos mais detalhes sobre esses eventos: link.

    Venda da Oi TV para Sky

    Foi um acordo da Oi com a Sky para a venda de acessos de TV por assinatura por satélite (DTH) da Oi TV. A proposta da Sky totalizou R$ 786m, com valor a ser pago em duas parcelas com aprovação do Cade, mas o Juízo da Rec. Jud. também precisa autorizar a venda e ainda não deu seu veredito. A base do DTH inclui equipamentos da operação (transferência para a Sky dos set-top boxes, cartãos e chipes de acesso condicionado, antenas e LNBs). A conclusão da Oi TV deverá ficar para o fim da RJ.

    Oferta vinculante para sites de infraestrutura de operação fixa

    A Oi e a Highline anunciaram no início do mês uma oferta vinculante da NK 108 (afiliada da Highline) para aquisição de 8k sites de infraestrutura da operação fixa da operadora. A oferta inclui todos os ativos, contratos, direitos e obrigações dos sites, o que faria a Oi arrendar a infraestrutura para uso futuro (sale leaseback), mas também significa que todas as obrigações relativas a bens reversíveis dos sites estão asseguradas.

    Essas estruturas são necessárias, por exemplo, para rádios de capacidades, links de micro-ondas e serviço de telefonia fixa.

    A oferta é de R$ 1,697b com R$ 1,088b no fechamento da operação de R$ 609m até 2026, a depender da quantidade futura de infra a ser utilizada. A diferença e o prazo devem fazer referência à parte da infra que pode ser afetada com o fim da concessão da Oi em 2025, com o processo de reversibilidade e com o uso que será dado a essa rede, além de questões relacionadas a verificações sobre a regularidade dessa infra. O Fato relevante em si não deu um disclosure maior sobre tais diferenças e a operação ainda depende do crivo tanto do Cade quanto da Anatel.

    Apesar desse evento ter sido bem recebido pelo mercado, tendo em vista uma entrada de caixa, isso não deveria influenciar diretamente a Recuperação Judicial, já que não é determinante no processo.

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