Resumo
A Oi (OIBR3) divulgou seu resultado após o fechamento do mercado. A empresa apresentou mais um resultado decepcionante, abaixo das nossas expectativas. Porém, é positivo o fato de a recuperação judicial ter sido aprovada pelo conselho. No entanto, devido à atual situação da empresa, com baixa geração de caixa e perspectivas incertas para o futuro, além de uma relação dívida líquida/EBITDA (rotina) de 48,2x, estamos alterando nossa recomendação de MANTER para VENDER e reduzindo o preço-alvo de R$2,30 para R$1,40.
Análise do Resultado
Receita líquida apresenta queda sequencial (-4,4% t/t). A Oi apresentou receita líquida consolidada de R$2,6b (-6,3% vs. Genial Est.), uma queda de 4,4% t/t e 42,0% a/a. A receita das operações brasileiras apresentou queda de 42,1% a/a e de 4,7% t/t. O resultado foi impactado pela redução das receitas de operações descontinuadas, após a conclusão das alienações total de seus ativos. As operações da Nova Oi apresentaram crescimento de 5,6% a/a e queda de 5,1% t/t no 4T22.
Custos acima do esperado (7,8% vs. Genial Est.). No 4T22, os custos e despesas apresentaram redução de 23,9% a/a e 13,4% t/t, ficando acima das nossas expectativas (+7,8% vs. Genial Est.). Essa queda é resultado do controle rigoroso de custos e do fechamento da venda da UPI Ativos Móveis e da alienação parcial da V.tal. Isso eliminou os custos associados a essas operações, apesar do aumento das despesas decorrentes do novo modelo operacional na área de fibra.
EBITDA (Rotina) fraco, apresentando queda de 75,4% a/a. A empresa apresentou um EBITDA (Rotina) de R$396m (-2,8% vs. Genial Est.). O EBITDA de rotina das operações no Brasil registrou uma redução significativa de 76,8% a/a. Essa queda pode ser atribuída à conclusão da venda das UPIs, resultando na perda da contribuição positiva das operações móveis, bem como à implementação de um novo modelo de operação na área de fibra, alinhado ao plano de transformação da empresa Oi. Em comparação trimestral, o EBITDA regular das operações brasileiras apresentou um crescimento de 54,2%.
Os itens não rotina totalizaram um valor negativo de R$15,6b e estão principalmente relacionados a: (i) a desvalorização de ativos referentes aos serviços legados, devido à redução das receitas de telefonia fixa associada a altos custos fixos da operação; (ii) a redução no saldo de contas a receber devido à conclusão do processo de conciliação com seus respectivos controles físicos; e (iii) a provisão relacionada ao contrato de capacidade de satélites – esse valor deixou de afetar as despesas operacionais (Opex) e passou a ser reconhecido como passivo oneroso no Balanço Patrimonial.
Despesas financeiras beneficiada pelo câmbio. A despesas financeiras consolidadas no 4T22, registraram uma redução de 80,9% a/a e de 68,6% t/t. A redução é explicada, principalmente, pelo impacto positivo do câmbio.
Lucro Líquido fraco, porém, não tão fraco quanto parece. A Oi apresentou um prejuízo de R$ 17,7b, porém a maior parte desse prejuízo é devido aos itens não recorrente mencionado acima. Se excluirmos o impacto dos itens não recorrentes a empresa apresentaria um prejuízo de R$3,4b (-136,1% vs. Genial Est.).
Outros Destaques
A dívida bruta encerrou o 4T22 com um saldo de R$22 bilhões, representando um aumento de 1,7% em relação ao 3T22. A elevação no trimestre é explicada, principalmente pelo accrual de juros e amortização do ajuste a valor presente (AVP), atenuados, parcialmente pelo impacto positivo proveniente da valorização do Real vs Dólar, de 3,49% no período. A Companhia encerrou o trimestre com caixa consolidado de R$3,2b, uma redução de 10% em relação ao 3T22. Resultando numa dívida líquida de R$19,1b, uma dívida líquida/EBITDA (Rotina) de 48,2x.