Simpar irá divulgar seus resultados relativos ao 4T23 no dia 26 de março, após o fechamento de mercado. Ao longo desse relatório, dissertaremos sobre nossas observações em relação as controladas, que já divulgaram resultados, e sobre nossas expectativas para Automob. Além disso, analisaremos os efeitos dos resultados e movimentações financeiras no valor da holding.
Em nosso valuation, consideramos a venda de ações das empresas pela holding, que diminuiu algumas de suas participações a um valor menor do que consideramos justo. Essa redução, é resultado de uma estratégia na redução de endividamento do grupo.
Olhando para as listadas, no lado positivo, projetamos e confirmamos os ótimos resultados de JSL, que teve um volume positivo de contratos impulsionados pelo bom momento nas vendas de seus principais clientes e forte geração de caixa . Para Vamos, apesar do 4T23 fraco, vemos nos números de janeiro e fevereiro uma boa retomada do segmento de concessionárias.
Do lado negativo, temos o já confirmado resultado de Vamos, puxado pelo segmento de concessionárias e o péssimo momento do cenário nacional de venda de pesados e máquinas agrícolas. Movida também apresentou resultados negativos em função de um impairment no 4T23, que puxou o prejuízo líquido para baixo. Para ambas essas empresas reduzimos o nosso preço alvo, o que gera o efeito negativo de maior peso quando comparado à revisão positiva feita em JSL.
Tendo em vista nossas novas projeções estamos alterando nosso preço-alvo de Simpar para R$ 11,20, mas mantendo a recomendação de COMPRA.
Impactos na precificação e valor do Grupo Simpar
No final de 2023, o Grupo Simpar anunciou uma alienação de parte de suas participações em suas três principais controladas: JSL (JSLG3), Movida (MOVI3) e Vamos (VAMO3), em um movimento que visou desalavancar a holding para reduzir sua ineficiência fiscal.
Especificamente, a Holding alienou 57,8 milhões de ações da Vamos, 23,3 milhões de ações da Movida e 7,45 milhões de ações da JSL, equivalente a uma redução de 5,24%, 6,44% e 2,60% das ações em circulação respectivamente. Essas transações reduziram a participação direta da Simpar para abaixo de 55% na Vamos, menos de 60% na Movida e abaixo de 70% na JSL. Considerando o preço de fechamento na data de operação, o montante captado foi de aproximadamente de R$ 1 bilhão.
Adicionalmente à redução das participações a um valor abaixo do que considerávamos justo, recentemente revisamos nossas expectativas para as empresas controladas. Com a redução do nosso preço-alvo de Movida e Vamos e elevação em JSL, chegamos a um novo preço-alvo para Simpar de R$ 11,20. Para o cenário em que consideramos tanto as listadas, quanto as não listadas, vemos um upside de 29,8%. Acreditamos que essa é a análise mais justa e baseamos o nosso preço alvo de R$ 10,10 nessa premissa. Por fim, vemos o Grupo negociando o menor desconto em relação ao valor das controladas da série histórica, um valor apenas 12% em relação a soma das partes das controladas. O desconto histórico gira em torno de 30%
Para cálculo de preço-alvo da holding, consideramos o valor o justo para suas controladas. Para as listadas, esse valor é calculado com base na participação da holding. Para aquelas não listadas, temos o valor calculado através de um múltiplo-alvo EBIDTA com base na projeção para 2024.
Vamos
Começamos nossa prévia dos resultados da holding por Vamos, que divulgou seus resultados no dia 19 de março. Conforme esperávamos, os números reportados pela companhia foram ruins no geral, com destaque negativo para o segmento de concessionárias e positivo para locação.
Sendo ainda pior do que em nossas expectativas negativas, a divisão de concessionárias apresentou sequencialmente volumes muito fracos, com queda expressiva na receita líquida (-28,4% a/a e -17,4% t/t) e no EBITDA, que finalizou o trimestre em R$ 36 milhões negativo. Isso aconteceu por um momento complicado para a venda de pesados, consequência de uma antecipação nas vendas na primeira metade do ano pela mudança do Euro 5 para Euro 6. Somado a isso, também temos uma perspectiva ruim do agro para 2024, o que diminui as vendas de máquinas agrícolas e causa a diminuição das margens do produtor rural, com menos apetite para investimentos.
Do lado positivo, observamos números positivos na divisão de aluguel, com Yield acima das nossas expectativas, finalizando o 4T23 em 2,5% vs 2,3% estimado por nós, com aumento sequencial da taxa de utilização em locação. A frota locada agora representa 91,2% do total, nível próximo ao patamar normalizado de estoques de ativos disponíveis para locação.
Mesmo sendo pouco representativo, o segmento de customização também apresentou volumes de receita melhores do que o esperado. Dados o mix vendido pela Truckvan acreditávamos em resultados mais fracos. Contrariando nossas expectativas, o volume de implementos vendidos acompanhou o bom desempenho do mercado.
Para conferir nosso relatório completo de Vamos (VAMO3), CLIQUE AQUI.
JSL
Outra empresa da holding que também divulgou resultado foi a JSL, mas ao contrário de Vamos, foram positivos, em linha com nossas expectativas. Destacamos os resultados operacionais de serviços com crescimento sequencial, beneficiado pela incorporação bem-sucedida das últimas aquisições e a forte geração de fluxo de caixa.
No 4T23, os números consolidados da companhia refletem o bom momento que projetávamos, com crescimento de dois dígitos em Receita e EBITDA na comparação anual. A receita líquida reportada foi de R$ 2.161 milhões (+30,0% a/a e +7,5% t/t), em linha com nossas expectativas e com as do mercado.
O EBITDA, finalizou o trimestre em R$ 416 milhões (+33,8% a/a e +5,8% t/t) e 19,5% de margem (-2,3pp a/a e +1,0pp t/t). Ambos estão em linha com nossas projeções. A queda de margem na comparação anual se justifica pela incorporação das adquiridas FSJ e IC Transportes no resultado da companhia, já que ambas passam a integrar parte da sua receita, mas ainda com as margens ainda menores que a JSL. A manutenção do patamar de margens na figura trimestral é uma sinalização positiva para a retomada do crescimento de margens em 2024, com as recém incorporadas começam a se beneficiar da escala do grupo JSL.
Os números de fluxo de caixa pós crescimento continuaram positivos. No 4T23 ele foi de R$ 135 milhões, um crescimento de 22,7% se comparado aos R$ 110 milhões do 3T23. Acreditamos que uma vez que a companhia começa a gerar caixa além do necessário para a manutenção de seu crescimento, ela fica menos refém da contração de mais dívidas para manter com seus planos de expansão. Pensando na alavancagem do Grupo Simpar, que está em patamar alto com 3,7 dívida líquida/EBITDA, é de extrema importância a redução da alavancagem das suas controladas.
Para conferir nosso relatório completo de JSL (JSLG3), CLIQUE AQUI.
Movida
Movida reportou resultados muito piores que nossas expectativas e muito pior do que o esperado pelo mercado, apresentando um prejuízo líquido de R$ 588 milhões no trimestre, impactado negativamente em R$ 484 milhões por alguns efeitos não recorrentes. A Movida adotou o modo “se tiver notícias ruins para dar, faça de uma vez só”. A principal delas (R$ 391 milhões) foi do ajuste do valor justo da frota, uma baixa equivalente a 2% do imobilizado de veículos total. Essa decisão evidencia o momento delicado no mercado de seminovos, com desvalorização maior que a esperada. Embora tenhamos observado um resultado operacional em linha com nossos números a receita líquida consolidada foi 4,8% menor que nossa projeção, devido ao volume menor de vendas de seminovos.
Do lado positivo, observamos mais um bom desempenho no GTF, que atingiu um volume de diárias de 9,8 mil no 4T23 (+11,8% a/a e +5,2% t/t) com um backlog de receita de R$ 4,5 bilhões. O desempenho do ficou em linha com as nossas estimativas, com crescimento sequencial de receita e margens crescendo na figura ajustada. No RAC, embora tenhamos observado uma desaceleração de receita na base trimestral, a Companhia apresentou nova expansão no Yield, atingindo 3,9% no 4T23 (+0,6pp a/a e +0,1pp t/t). Esse movimento reflete um aumento na receita por carro, mesmo com o valor médio do veículo comprado caindo.
Por fim, a Movida apresentou uma prévia dos resultados de janeiro e fevereiro de 2024, apontando para lucro líquido de R$ 21 milhões já com uma dinâmica mais limpa e sinais de melhora. Destacamos o aumento das vendas por loja de seminovos, margens melhores em locação e reversão do prejuízo. Na figura anualizada teríamos R$ 126 milhões, muito abaixo das nossas estimativas de R$ 350 milhões para 2024. Esperamos que algumas melhorias ainda sejam implantadas, como novos reajustes de tarifa no RAC, uma maior venda por loja em Seminovos e aumento da representatividade do GTF nos resultados consolidados.
Para conferir nosso relatório completo de Movida (MOVI3), CLIQUE AQUI.
Automob
Acreditamos que Automob apresente um leve crescimento em relação aos resultados apresentados no 3T23. Embora tenhamos observados desafios no mercado de venda de veículos, o efeito da consolidação das aquisições deve contrabalancear o momento ruim de mercado. A incorporação dos resultados do Grupo Alta e da Best Points, adiciona cerca de R$ 250 milhões de receita líquida no trimestre. Dessa forma, esperamos uma estabilidade no volume absoluto de venda de automóveis no 4T23. Projetamos uma receita líquida de R$ 1.902 milhões no 4T23, o que representa um crescimento na comparação trimestral. Quando olhamos para a estrutura de receita da Automob temos 85% do resultado proveniente de vendas de carros, sendo 63% de novos e 22% de usados. Esperamos que uma redução no percentual vindo de vendas de usados, devido ao momento de mercado de seminovos.