Essa é uma das poucas ocasiões em que o resultado foi fraco, mas o papel deve subir bem. Isto porque ontem foi anunciado incorporação da Sulamérica pela Rede D’Or com um prêmio de 49% sobre o preço de fechamento de SULA11. Apesar do anúncio, a Sulamérica teve prejuízo de R$ 31m no 4T21. O resultado veio muito abaixo da expectativa do mercado de R$ 179m e da nossa de R$ 100m, impactado pela elevação da sinistralidade t/t e a/a e aumento das despesas. Do lado positivo, a melhora do resultado financeiro e linha de impostos seguiram contribuindo com o resultado.
A má notícia para 2022 é que com o surto da Ômicron no começo do ano, o resultado do 1T21 deve continuar fraco. Do lado um pouco mais positivo, ainda que incerta, a fatalidade da nova versão da Covid é bem mais baixa e que depois de um pico alto de contaminação, os casos de contaminação devem cair significantemente, deixando a população imune mais à frente.
Com a melhora gradativa da sinistralidade e continuidade do avanço do resultado financeiro, esperamos um ano de recuperação em 2022. O resultado financeiro deve ser beneficiado pela Selic média 2,5x maior do que a de 2021. No entanto, com o desenrolar da incorporação da Sulamérica pela Rede D’Or acreditamos que os resultados devam ter menos impacto no preço da ação. A Rede D’Or deve pagar um prêmio de 49,3% sobre o valor de fechamento do dia 18/fev, o que corresponde a um preço por unit de R$ 41,43. A transação deverá ser feita através de troca de ações. Acesse o relatório completo sobre a incorporação da Sulamérica aqui.
Sinistralidade: segue sob pressão!
O resultado fraco de Sulamérica está em grande parte atribuído a elevação da sinistralidade. O índice de sinistralidade cresceu 8,9 pp a/a e 3,8 pp t/t, mesmo com melhora da pandemia, batendo 88,4% em um trimestre que deveria ser sazonalmente bom com índices abaixo dos 80%. A alta está atribuída em grande parte a elevação da quantidade de procedimentos eletivos no 4T21. Com o grande volume de casos e internações em 2020 e 2021, alguns procedimentos eletivos foram paralisados na primeira e segunda onda, gerando um represamento.
No segmento de vida a sinistralidade já arrefeceu com a diminuição do número de óbitos em função da melhora da pandemia, atingindo 54,7%, menor em impressionantes 48 pp t/t. No 3T21 a sinistralidade de vida ainda estava mais pressionada por conta de óbitos que ocorreram durante a segunda onda de covid no 2T21, mas só foram reportados no 3T21.
No 1T22 podemos ter uma elevação no índice de sinistralidade. Apesar da maior normalização dos volumes advindos de procedimentos eletivos represados, esperamos que a variante Ômicron eleve a sinistralidade em vida e saúde. Contudo o impacto deverá ser maior em saúde, pois a variante elevou consideravelmente o número de atendimentos em prontos-socorros (PS), mas teve baixo impacto no número de internações e óbitos.
Despesas administrativas: crescimento forte t/t
As despesas administrativas aumentaram 15,2% t/t, impactando negativamente o resultado. A elevação está atribuída principalmente a R$ 21m de despesas de prestação de serviços para o Grupo Allianz referentes ao suporte temporário para a operação de automóveis e massificados. A operação de seguro automotivo da Sulamérica foi vendida para a Allianz em 2019.
Resultado financeiro: segue melhorando
O resultado financeiro contribuiu para o resultado, tendo melhorado 37,9% t/t e 258,5% a/a. A melhora reflete o aumento das taxas de juros, beneficiando a performance dos ativos pós-fixados. Para 2022 esperamos uma melhora considerável no resultado financeiro, dada a selic média esperada de 11,13% (vs. 4,39% em 2021).
Imposto: empurrãozinho no resultado
Impactado principalmente pela alta sinistralidade, o resultado antes do imposto de Sulamérica foi de R$ 184m negativo (vs. R$ 33m no 3T21). O prejuízo de R$ 31m poderia ter sido muito pior se não fosse a contribuição do imposto, que adicionou R$ 153m ao resultado. Apesar de não dar todos os detalhes sobre reversão dos impostos no 4T21, no 3T21 a linha também foi positiva em R$ 223,3m.
A contribuição do imposto no 3T21 foi explicada pelo reconhecimento de crédito fiscais no montante de R$ 234,8m. Os créditos fiscais foram reconhecidos após uma decisão do Supremo Tribunal Federal que considerou inconstitucional a incidência de imposto de renda sobre a correção de processos pela Selic.